Os combustíveis do futuro vêm aí

Presidente sanciona lei que incentiva novas fontes de energia para o transporte

Sustentabilidade / 29 de Outubro de 2024 / 0 Comentários

Diesel verde, biometano, aumento da mistura de etanol à gasolina e uso de matérias-primas produzidas pela agricultura familiar.

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Diesel verde, biometano, aumento da mistura de etanol à gasolina e uso de matérias-primas produzidas pela agricultura familiar. Essas são as novas fontes de energia que constam na Lei do Combustível do Futuro, sancionada no início de outubro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O objetivo é incentivar a pesquisa, a produção, a comercialização e o uso na matriz energética brasileira para um combustível sustentável nos transportes rodoviário e aéreo.

O Projeto de Lei 528/2020 do deputado federal Jerônimo Goergen (PP/RS), deu origem à nova lei. A relatoria foi do senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB/PB) e cria programas nacionais de diesel verde, de combustível sustentável para aviação e de biometano.
Entre as principais alterações estão: o incentivo ao uso de matérias-primas produzidas pela agricultura familiar na geração de biocombustíveis, o novo percentual de mistura de etanol à gasolina e testes para subsidiar o aumento da porcentagem do biodiesel acrescentado ao diesel fóssil.
Atualmente, a gasolina possui 27,5% de etanol anidro adicionado a ela, com o mínimo permitido de 18%. O texto aprovado muda esse limite, estabelecendo um mínimo de 22% e um máximo de 35%. Quanto ao biodiesel, que é misturado ao diesel de origem fóssil no percentual de 14% desde março deste ano, poderá ser acrescentado um ponto percentual de mistura anualmente a partir de março de 2025, até atingir 20% em março de 2030, segundo metas propostas no texto. Caberá ao Conselho Nacional de Política Energética definir o percentual da mistura, que poderá ficar entre 13% e 25%.
 
Regulamentação
Outra novidade em relação à matriz energética atual é que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) vai regular e fiscalizar os combustíveis sintéticos, produzidos a partir de rotas tecnológicas, a exemplo de processos termoquímicos e catalíticos, que podem substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem fóssil.
O texto cria o Programa Nacional de Descarbonização do Produtor e Importador de Gás Natural e de Incentivo ao Biometano, para incentivar a pesquisa, a produção, a comercialização e o uso do biometano e do biogás na matriz energética brasileira.
Durante a aprovação no Plenário do Senado, o relator Veneziano Vital do Rêgo enfatizou que esse tema “requererá ações firmes, altivas e imediatas para que essa nova legislação possa ser posta devidamente em prática”.
Após ser aprovado no Plenário do Senado Federal, em 4 de setembro, o PL foi novamente encaminhado à Câmara dos Deputados, que comunicou, em 20 de setembro, o envio para a sanção da matéria pela Presidência da República.
 
Na prática
O PL 528/2020 dispõe sobre a promoção da mobilidade sustentável de baixo carbono e a captura e a estocagem geológica de dióxido de carbono; institui o Programa Nacional de Combustível Sustentável de Aviação (ProBioQAV), o Programa Nacional de Diesel Verde (PNDV) e o Programa Nacional de Descarbonização do Produtor e Importador de Gás Natural e de Incentivo ao Biometano; e altera as Leis nºs 9.478, de 6 de agosto de 1997, 9.847, de 26 de outubro de 1999; 8.723, de 28 de outubro de 1993; e 13.033, de 24 de setembro de 2014.
Juntos, esses instrumentos impõem o início de uma matriz energética no país mais sustentável. No Brasil, também há um intenso movimento para a utilização do hidrogênio renovável (H2 verde), que figura entre os principais combustíveis sustentáveis e pode despontar como uma das soluções para mitigar a atual emissão de gases do efeito estufa (GEE), causadores do aquecimento global.
Produzido a partir de fonte energética renovável de origem eólica, hidráulica, solar e de biomassas, o H2 verde tem despertado o interesse de diferentes setores que buscam investir em tecnologias sustentáveis e em descarbonização.
O diretor executivo da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Bruno Batista, explica que o Brasil tem potencial para produzir energia limpa em grande escala, e o hidrogênio verde é um dos caminhos. “Estamos em um país continental, e o transporte rodoviário percorre longas distâncias. Por isso, observamos que a solução passa por uma matriz energética diversificada, que conta com o H2 verde, veículos elétricos e biometano para insumos do setor”, diz.
Ele avalia que há uma grande sensibilidade dos transportadores para a substituição do diesel para outras fontes de energia, mas reconhece a dependência desse combustível no setor. “Os empresários querem – sem dúvidas – uma matriz energética mais limpa e segura, especialmente porque a Europa, os Estados Unidos e a China se movimentam em busca da sustentabilidade ambiental. Contudo, não é fácil simplesmente substituir o diesel. É preciso pensar e implementar rotas a partir de uma matriz energética limpa e diversa”, pontua.

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