Mal súbito ao volante

Motoristas que já sofreram algum tipo de arritmia ou possuem algum doença cardíaca devem ter atenção redobrada ao dirigirem

Fique de Olho / 07 de Julho de 2016 / 0 Comentários
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De acordo com a Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), aproximadamente 4% dos acidentes com mortes são causados por doenças do motorista, e problemas cardiológicos são considerados um dos principais motivos de mal súbito.  Estudo realizado no Brasil pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) chegou à conclusão de que 23% dos acidentes automobilísticos têm relação com problemas de saúde, superando o número de mortes por tumores e por causas externas.

Denise Hachul, arritmologista e presidente da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac), informa que as arritmias cardíacas são alterações que ocorrem na geração ou na condução do estímulo elétrico e provocam modificações do ritmo cardíaco. A frequência e o ritmo do coração variam ao longo de um dia, conforme, a necessidade de oxigênio do organismo, já que a função desse órgão é bombear o sangue oxigenado pelos pulmões para todas as células do corpo.

 

 

 

Sinais

As arritmias cardíacas podem se apresentar de diversas formas: pela taquicardia, quando o coração bate rápido demais, ou pela bradicardia, quando as batidas são muito lentas e em descompasso, com pulsação irregular, sendo sua pior consequência a morte súbita cardíaca. Os sintomas mais comuns são: palpitações ou “batedeiras”, desmaios, tonteiras, confusão mental, fraqueza, pressão baixa e dor no peito. Algumas arritmias cardíacas são assintomáticas, ou seja, não provocam nenhum dos sintomas descritos acima, mas ainda sim podem desencadear uma parada cardíaca e levar à morte súbita – instantânea, inesperada, repentina e não acidental.

Maus hábitos, como sedentarismo, má alimentação, tabagismo e consumo exagerado de bebidas alcóolicas e energéticos, contribuem para o surgimento da doença. “Além desses fatores, algumas doenças crônicas, como obesidade, hipertensão e diabetes, bem como patologias coronarianas, favorecem a ocorrência das arritmias cardíacas”, acrescenta a médica.

Cuidados

Para prevenir esse mal, assim como demais doenças, é preciso ter hábitos saudáveis – praticar uma alimentação balanceada, não ingerir ou não se exceder com o consumo de bebidas alcoólicas, não fumar, fazer atividade física com a orientação de um especialista, dar atenção à saúde emocional e se consultar pelo menos uma vez por ano com um cardiologista para a realização de exames preventivos. É importante atentar também para os sinais do coração: pulsações irregulares e batidas intensas.

“Os cuidados com os limites do corpo são fundamentais. O exagero no consumo de bebidas alcoólicas, tabaco, drogas e energéticos pode induzir a  arritmias, crises de hipertensão arterial e infarto. Quando esses produtos são utilizados simultneamente, seus efeitos podem ser ainda mais intensos, levando à morte súbita. Energéticos em excesso, ricos em cafeína e taurina, usados para  manterem a pessoa alerta, também podem propiciar  o descompasso do coração. Como os energéticos diminuem a sensação de embriaguez, muitos indivíduos ingerem a bebida em maior quantidade, elevando a probabilidade de problemas cardíacos”, adverte a médica.

Denise ainda alerta que, principalmente em dias muito quentes, é fundamental fazer uma boa hidratação. A desidratação, que ocorre quando a eliminação de água do corpo é maior do que o volume ingerido,  aumenta a concentração de sódio no sangue. As células do cérebro estão entre as mais propensas à desidratação, de maneira que um dos principais sinais de gravidade é a confusão mental.

Em relação ao tratamento, quem determinará  qual é o melhor para o paciente será o médico especialista em arritmias: o arritmologista. Os tipos de tratamento são medicamentos e ablação por cateter ou por implante de dispositivos cardíacos eletrônicos, como marca-passo, cadioversor desfibrilador ou ressincronizador.

Segundo Denise, a medicina tem evoluído no quesito dispositivos implantáveis, que estão cada vez mais modernos, menores e com vida útil aumentada, possibilitando que o portador do aparelho tenha, cada vez mais, uma vida próxima da normalidade.

Denise Hachul, arritmologista e presi­dente da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac), enfatiza a importância de hábitos saudáveis e consultas regulares na prevenção do mal súbito

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