Transportando vida

Campanha une empresas e instituições do TRC para arrecadar cilindros de oxigênio para a população de Manaus

Capa / 22 de Fevereiro de 2021 / 0 Comentários
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A solidariedade, a empatia e a generosidade nortearam a campanha SOS Manaus, criada para garantir o suprimento de oxigênio a pacientes acometidos pela Covid-19 na capital amazonense. Em tempo recorde, foram arrecadadas dezenas de cilindros para quem necessitava do recurso para enfrentar a doença e já não encontrava mais nos hospitais da região. O resultado foi possível graças ao protagonismo da organização não governamental Anjos do Asfalto/MG, que atuou em parceria com outras instituições e empresas dedicadas a ajudar o próximo.

“A mobilização começou em 15 de janeiro. Convoquei todos a fazerem parte por meio da doação de recursos para a compra de oxigênio. A campanha viralizou, as pessoas se sensibilizaram, e conseguimos arrecadar 62 cilindros em três dias. Especialmente na data do aniversário da minha mãe – que eu amo muito –, iniciamos o transporte”, relembra, emocionado, o personagem principal da ação, Geraldo Eugênio de Assis, presidente do grupo Anjos do Asfalto/MG e membro do Rotary Club de Contagem, que integra o Distrito 4760.

Ele não apenas contatou os doadores como articulou a logística do transporte junto a uma empresa especializada e ainda negociou os cilindros por um preço abaixo do praticado no mercado. O desconto foi concedido pela Metropolitana Gases – uma companhia experiente em vendas e recargas de gases medicinais, industriais e especiais –, que se sensibilizou com a causa.

Além disso, Assis pôs a mão na massa: ele dirigiu um caminhão cedido gentilmente pela Transrefer, de Contagem, na Grande BH, até Garulhos (SP), acompanhou o transporte aéreo do oxigênio até Manaus e distribuiu os cilindros pessoalmente. Ele e o diretor-presidente da transportadora, Raimundo Fernandes, são amigos de longa data e companheiros no Rotary Club. Para o presidente dessa instituição, Anderson Morais Diniz, a campanha e o trabalho conjunto refletem a essência dos rotarianos: a prestação de serviços humanitários.

“A linha de atuação do Rotary é internacional, e temos áreas de enfoque. Desenvolvemos projetos autossustentáveis para garantir qualidade de vida e melhorar o mundo. Contudo, temos a liberdade de realizar ações específicas de acordo com as reais necessidades da sociedade. No enfrentamento da pandemia, ocorreu uma doação vultuosa para a compra de equipamentos de proteção individual, aparelhos e outros insumos. A campanha SOS Manaus foi ao encontro do nosso propósito, que é agir em benefício do próximo”, afirma Diniz.

A parceria entre os Rotary Clubs também foi fundamental para o sucesso da mobilização. “O companheiro Geraldo ajudou na assistência aos venezuelanos no Brasil, especialmente na região Norte, no ano passado. Naquela época, ele trabalhou conosco e, em meados de janeiro deste ano, chegou ao meu conhecimento, por meio de outros companheiros do Rotary de Boa Vista, a atual iniciativa. Discutimos como fazer o oxigênio chegar até Manaus e ajudamos a contatar uma transportadora especializada. Também estamos arrecadando recursos para a compra de equipamentos e insumos”, diz o governador do Distrito 4720 (um conjunto de clubes localizados nos Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima), Gerson Aorky.

Rede de solidariedade

Aorky conta que se surpreendeu com os resultados da iniciativa de ajuda aos manauenses. Em pouco tempo, foi criada uma rede de solidariedade com diversos atores: empresas, instituições do terceiro setor, governo e pessoas físicas. Uma delas foi o missionário Gabriel Magalhães, que atua há 13 anos em projetos sociais. Prontamente, ele começou a buscar apoio para a aquisição de cilindros. Reconhecido pelo trabalho de ajuda ao próximo, Magalhães utilizou as redes sociais para levantar recursos que garantissem a oxigenação artificial dos doentes.

“Rapidamente, houve muita empatia, e arrecadamos uma quantia relevante. Pessoas se conectam com pessoas, e continuaremos com a missão de ajudar o próximo com muita responsabilidade”, enfatiza o missionário.

A gerente regional de operações da Tegma Gestão Logística, Virgínia Helena Barroso, também comentou a emoção de fazer parte da campanha: “A triste situação vivida pela população de Manaus somente pode ser enfrentada com a ajuda de todos. A Tegma tem uma grande satisfação em poder participar dessa iniciativa, que é um exemplo de solidariedade e cidadania”, ressalta.

 

Logística complexa

Para que o oxigênio chegasse a quem realmente precisava, foi feito um planejamento que assegurou a segurança e a celeridade do transporte, respeitando todas as normas. Entrou em cena a expertise da manauense Pronto Cargo do Brasil Ltda., atuante em todo o país.

“A Pronto Cargo oportunamente se colocou à disposição para se encarregar da logística, algo que não é trivial. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes e a Polícia Rodoviária Federal foram acionados para facilitar, na medida do possível, o transporte rodoviário, pois nossas estradas estão em péssimas condições. Mais de 100 pessoas trabalharam para captar recursos e fazer a distribuição dos cilindros. Iniciativas como essa nos enchem de esperança e reforçam a característica humanitária dos brasileiros”, avalia Aorky.

A sócio-diretora da Pronto Cargo, Ana Paula Amorim, ressalta que foi movida pela empatia. “Nós nos colocamos no lugar das famílias que estavam desesperadas, necessitando de oxigênio. Presenciar essa situação tão lamentável nos comoveu e nos chocou demais! Manaus é uma terra que nos acolheu e trouxe muita prosperidade. Por isso, fizemos questão de retribuir de alguma forma”, afirma.

Ela e o marido, Paulo Vinholy, que também é sócio-diretor da empresa, foram os responsáveis por planejar e gerenciar de perto toda a operação. Ana Paula conta que, no primeiro surto de Covid-19 na região, a empresa ajudou com doações de insumos. Na nova onda, a experiência e o conhecimento foram essenciais. “Temos expertise em todos os modais de transporte, além da oferta de armazenagem e assessoria no segmento. Assim que tivemos ciência da SOS Manaus, colocamos uma equipe para atuar por 24 horas, com revezamento de pessoal, para garantir agilidade e muita segurança no transporte”, salienta.

A empresária explica que, por se tratar de uma carga perigosa, o oxigênio necessita de autorizações especiais da Agência Nacional de Aviação Civil e de uma documentação específica para o transporte – que foi realizado nos modais aéreo e rodoviário. Os cilindros seguiram de avião de Garulhos para Manaus. Não fosse assim,  demorariam 15 dias para chegar ao destino.

“O DNA da empresa é a promoção do desenvolvimento de pessoas e do país. Nunca nos furtaremos em ajudar o próximo, a quem precisa. Vamos sempre servir, fazer o bem e gerar empregos”, garante Ana Paula.

Sopro de vida

Superados os desafios para enviar o oxigênio a Manaus, os cilindros foram distribuídos pela equipe da campanha na capital amazonense e na região metropolitana de acordo com a necessidade dos pacientes. Os voluntários fizeram as entregas de porta em porta. Em alguns locais, eles enfrentaram dificuldades de acesso, principalmente para colocar os cilindros dentro das casas e/ou unidades de saúde, devido ao peso e à estrutura dos espaços.

“Não nos abatemos diante desses desafios. Tínhamos em nós a confiança de diversas pessoas que incentivaram o nosso compromisso de levar o oxigênio e assim fizemos. Foram momentos para guardar pra toda a vida!”, diz Assis, mais uma vez emocionado.

 

Grupo prioritário

Levando em consideração a importância do transporte para a segurança sanitária, o governo federal decidiu incluir os caminhoneiros no grupo prioritário para a vacinação contra a Covid-19, conforme consta no plano de imunização enviado ao Supremo Tribunal Federal. No documento encaminhado pela Advocacia-Geral da União, o Ministério da Saúde contabiliza 1,24 milhão de transportadores como potenciais alvos da imunização, elevando o total de pessoas do grupo prioritário para 77,2 milhões.

 


 

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