Os operadores da Lei Seca perderam o senso de razoabilidade em BH, querem impor o terror...
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POR José Aparecido Ribeiro*
Definitivamente declararam guerra a noite e ao entretenimento de BH, que leva para o mundo, oficialmente, o título de capital nacional dos bares. Não satisfeitos com blitz cinematográficas, que constrangem e apavoram cidadãos de bem, a Secretaria de Defesa Social resolveu agora infiltrar agentes a paisana nos bares e restaurantes da Capital. Castração, perseguição, terrorismo, violação do direito a liberdade são palavras que mostram a que ponto a vaidade de agentes públicos e o desequilíbrio do poder do estado sobre o cidadão chegou. Perderam a noção de proporcionalidade e esqueceram o principio da razoabilidade.
Ninguém é contra tirar de circulação assassinos do transito, pessoas sem limites que cometem excessos. Porém, esta não é regra, mas a exceção. Há meios de faze-lo sem cercear o direito da maioria ao lazer. Ao colocar todo mundo no mesmo balaio o Estado comete um crime contra a cultura e os costumes da sociedade. Empresários da noite que já sofrem com a estagnação da economia, agora terão agentes públicos disfarçados transitando dentro de seus estabelecimentos para espantar a clientela dos restaurantes e bares da cidade. Se não fosse anunciado com pompa e circunstancia, o fato pareceria piada de mau gosto, inaceitável em sociedades civilizadas. BH não tem mar, querem agora acabar com o bar em nome da moral, dos bons costumes e da vida. Quanta hipocrisia e despreparo...
A verdade é que querem o povo em casa assistindo novelas e a programação inútil da TV. brasileira. Pior é que enquanto mobilizam aparato físico e material para perseguir gente inocente, a bandidagem circula livremente cometendo assaltos, sequestros relâmpagos e traficando drogas debaixo do queixo das mesmas autoridades. Força tarefa para liberar macas presas em salas de emergências de pronto socorros e policiais que passam horas catilografando ocorrências inúteis não se tem noticias. Mas policiais e viaturas para cercar bairros inteiros, isso é possível encontrar nas madrugadas, cada vez mais vazias de BH.
Em nenhum lugar do mundo as forças de defesa se prestam a constranger cidadãos em seu sagrado horário de lazer. Até por que, cada um é responsável pelos seus atos, inclusive na hora do voto. Quem pode votar, precisa poder também sentar no restaurante e saber seus limites. Mobilizar aparato policial para fiscalizar hábitos é absurdo inaceitável, que apesar de legal, vai contra os princípios de uma democracia adulta. A única explicação razoável para esse disparate pode ser encontrada no campo da psicologia. Recalque ou necessidade de aparecer. Convido os psicanalistas para nos dizer o que de fato deseja os “Xerifes da Cidade” ao propor tamanho disparate.
José Aparecido Ribeiro
Presidente do Conselho Empresarial de Política Urbana da ACMinas / Consultor em Assuntos Urbanos
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