A Copa acabou, as obras não

Cerca de 15% das intervenções planejadas para a Copa do Mundo não saíram do papel ou ainda estão sendo feitas em Belo Horizonte e outras cidades-sede

Mobilidade / 19 de Agosto de 2014 / 0 Comentários

Mesmo depois da Copa, a Estação Pampulha do BRT/Move, em BH, continua em obras

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Em 2010, o governo federal anunciou que a Copa do Mundo atrairia investimentos estimados em R$ 23,5 bilhões em 83 projetos de mobilidade urbana, estádios, aeroportos e portos. Contudo, parte dos projetos foi abandonada e só 71 foram mantidos. Na véspera da Copa, apenas 50% das obras foram entregues, segundo levantamento realizado pelo jornal “O Estado de São Paulo”. No mesmo trabalho, a publicação identificou que, nas 12 cidades-sede, as obras entregues para a Copa e as inacabadas somam R$ 29,2 bilhões – R$ 5,7 bilhões a mais que a expectativa inicial.

Segundo especialistas, faltam organização, planejamento e projeto básico de engenharia. O veículo leve sobre trilho (VLT) de Brasília, por exemplo, estava na lista de obras para a Copa anunciada pelo governo federal. No entanto, segundo o Portal2014, criado pelo Sindicato da Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco) para acompanhar as obras prometidas para a Copa do Mundo, o projeto foi retirado da matriz de responsabilidades e não ficou pronto.

O VLT é uma espécie de metrô de superfície e, em Brasília, teria 6,5 km, ligando o Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek à Asa Sul da capital federal. As obras começaram em 2009, mas foram suspensas já em abril de 2011, segundo o Portal2014, pela Justiça do Distrito Federal, que considerou o processo de licitação fraudulento. O custo previsto era de R$276,9 milhões.

Nos projetos apresentados pelo governo federal, as construções dos estádios foram prioridade, seguidas dos aeroportos e projetos para o transporte público. Na mobilidade urbana, de 50 obras que poderiam impactar na realidade dos moradores das grandes cidades, 32 foram mantidas, segundo o estudo feito pelo “Estado de São Paulo”.

Outro VLT não saiu do papel: o de Manaus. A proposta era de que o monotrilho tivesse duas linhas. Segundo o Portal2014, houve falhas nos projetos básicos e irregularidades no edital. O Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria-Geral da União (CGU) pediram a realização de outro processo licitatório, o que não ocorreu. Com tantos problemas, o governo do Amazonas pediu a exclusão do monotrilho dos planos da Copa do Mundo. O custo estimado para a obra era de R$ 1,554 bilhão.


Viaduto dos Guararapes, na Avenida Pedro I, despencou no meio do Mundial matando duas pessoas e ferindo 23

Em Cuiabá, o mesmo problema, mas a obra não foi excluída. O VLT, que teria 22,2 km de extensão e ligaria o Centro Político Administrativo ao Aeroporto Internacional Marechal Rondón e ainda o Bairro de Coxipó ao Centro, começou a deslanchar somente em 2013 e, portanto, não foi entregue para a Copa. As intervenções foram paralisadas duas vezes, segundo o Portal2014, pela Justiça Federal. A promessa do consórcio vencedor da licitação é de que tudo fique pronto em 2015.

Já em São Paulo, outra morosidade. O projeto do monotrilho que vai ligar o Aeroporto Internacional de Congonhas ao Bairro do Morumbi, na Zona Sul, foi retirado da matriz de responsabilidades do governo federal e, por isso, não ficou pronto para o Mundial. São 17,7 km de extensão, com ligações com as linhas do metrô da capital. A previsão agora, segundo consta no site Portal2014, é de que tudo fique pronto em 2016. O valor estimado é de R$ 3,16 bilhões. 

ATRASOS

Belo Horizonte, mesmo com atrasos no cronograma, teve 96% das obras previstas na matriz de responsabilidades prontas para a Copa do Mundo. Segundo informações da prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, O BRT Move Área Central está 100% concluído. Ainda de acordo com a secretaria, ele é o ponto de partida e chegada, no Centro, dos passageiros que vêm ou se dirigem pelos corredores Antônio Carlos e Cristiano Machado.

Além do BRT Move Área Central, estão concluídos: o BRT Move Corredor Cristiano Machado, o BRT Move Corredor Antônio Carlos, o Corredor Pedro II, o Complexo Via 210 e o Boulevard Arrudas. Em contrapartida, as estações Pampulha e São Gabriel, o Corredor Pedro I, o Complexo Vilarinho aindaestão em obras. Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte, faltam 4% entre acabamentos em geral na estação Pampulha, Viaduto dos Guararapes, que caiu durante a Copa,
matando duas pessoas, e trincheira que liga a Avenida Pedro I à Avenida Vilarinho. 

À ONG Contas Abertas, o Ministério das Cidades, responsável pelo programa de mobilidade, justificou que a baixa execução dos projetos se deve ao fato de os investimentos compreenderem projetos de engenharia, de responsabilidade dos estados e municípios, que ainda estão em elaboração.

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