A dengue está de volta
Com o início do período chuvoso, autoridades ficam alerta para evitar que número de casos dispare. Maioria dos focos está dentro das casas
Equipes fazem mutirão de limpeza para eliminar possíveis focos do mosquito/ Foto: Divino Advincula/Portal PBH
O verão de 2014 terminou no dia 21 deste mês e começa agora a preocupação das autoridades quanto aos casos de dengue no país. Como dezembro, janeiro e fevereiro foram meses de poucas chuvas, o número de casos registrados da doença diminuiu em relação ao ano passado. No entanto, o mês de março faz jus a sua fama e a previsão é de muita pluviosidade até abril. Isso significa que os ovos das fêmeas do mosquito Aedes aegypti, que estavam escondidos, agora terão lugar em abundância para se desenvolverem: a água. Recentemente, um novo tipo da doença, mais forte, a febre do Chikungunya, começou a se espalhar por países da América Central e Norte, deixando em vigília as autoridades de saúde do Brasil.
No fim de fevereiro, o governo de Minas liberou mais de R$ 32 milhões para 778 municípios mineiros que registraram maior número de casos no ano passado. O incentivo é para que eles mobilizem e reforcem suas equipes de vigilância e controle vetorial a fim de evitar que os mosquitos não se proliferem, causando a situação alarmante do ano passado.
Em entrevista coletiva em fevereiro ao lado do secretário de Estado de Saúde, Alexandre Silveira, o presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde de Minas Gerais (Cosems), Mauro Junqueira, disse que até o mês passado não era possível comemorar os mais de 1.200 casos da doença contabilizados no Estado este ano contra os quase 6 mil dos dois primeiros meses do ano passado. “Não vamos conseguir eliminar a dengue em curto e médio prazos, dada a quantidade de larvas que ainda são encontradas nos quintais das casas. Temos de evitar que isso aconteça, pois não podemos admitir tantas mortes em decorrência da doença. A população já sabe o que pode e o que não pode fazer, precisa agora agir”, afirmou.
Até o fim de fevereiro, foram confirmados 1.253 casos de dengue no Estado. Em 2013, ano crítico da doença, Minas registrou 361.737 casos, sendo que 117 evoluíram para óbito. Somente no primeiro bimestre de 2013, 36 pessoas morreram em decorrência da dengue, enquanto no mesmo período deste ano a secretaria registrou apenas um óbito, na cidade de Paracatu. “Existe um contingente populacional já exposto a várias infecções pelos diversos sorotipos de dengue, o que aumenta o risco para ocorrência de epidemias de formas graves da doença”, afirma o secretário Alexandre Silveira.
SINTOMAS
Segundo informações da Secretaria de Estado de Saúde, a dengue é uma doença infecciosa febril que dura em torno de dez dias. Os principais sintomas são febre, dor de cabeça, dor no corpo, nas articulações e atrás dos olhos. Hoje, no Brasil, estão em circulação quatro tipos da doença, sendo o mais grave o sorotipo 4. Quem já contraiu a doença uma vez pode ser infectado novamente e desenvolver a dengue hemorrágica, que, se não for tratada, pode levar à morte.
Especialistas destacam que o ovo do mosquito fêmea pode sobreviver até 450 dias, mesmo em local seco. Por isso, com o início do período chuvoso, assim que recebe água, o ovo volta a crescer até atingir a fase adulta, o que ocorre entre sete e dez dias. Para matar o ovo, é preciso lavar os recipientes com água e sabão e usar água sanitária.
A grande dificuldade em combater a doença, segundo a Secretaria de Saúde, é que a maior parte dos focos de dengue ainda é encontrada no quintal das casas. Por isso, é importante nunca acumular água em latas, embalagens, copos plásticos, tampinhas de refrigerantes, pneus velhos, vasinhos de plantas, jarros de flores, garrafas, caixas-d'água, tambores, latões, cisternas, sacos plásticos, lixeiras, entre outros recipientes. O único jeito é retirar e limpar tudo que possa acumular água.
A principal dica para evitar que a doença evolua para o óbito é procurar um serviço de saúde logo no começo das manifestações dos sintomas e beber bastante água. Outro alerta é não tomar remédio por conta própria.
NOVO VÍRUS
A febre do Chikungunya, segundo o Ministério da Saúde, é uma doença de transmissão autóctone, ou seja, restrita a países da África e Ásia. No entanto, no ano passado, foram registrados casos nos Estados Unidos, Canadá, Guiana Francesa, Martinica, Guadalupe e Brasil. A doença é causada por um vírus Alphavirus transmitido pelo Aedes aegypti e pelo Aedes albopictus. Até o fim de janeiro deste ano, a Organização Mundial de Saúde confirmou 790 casos da doença.
Os pacientes têm febre de início súbito maior de 38,5ºC e artralgia, que é dor intensa nas articulações, ou artrite intensa com início agudo. Os casos passam a ser suspeitos se o paciente for residente ou tiver visitado uma das áreas endêmicas ou epidêmicas até duas semanas antes do início dos sintomas.
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