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Pesquisa revela que mais de 100 municípios brasileiros adotam algum tipo de medida restritiva de circulação de caminhões
Faixa na avenida Professor Francisco Morato, uma das principais do Morumbi, zona Sul de São Paulo
Áreas ou vias de restrição de circulação e de carga e descarga, horários restritos para carga e descarga, rodízio de placas, tamanho e peso dos veículos. Essas são as principais limitações a veículos pesados implementadas pelas cidades brasileiras. Atualmente, mais de cem municípios possuem alguma medida restritiva.
Um levantamento encomendado pela NTC&Logística à consultoria ILOS mostra algumas capitais: São Paulo, São Luiz, Salvador, Rio de Janeiro, Recife, Porto Alegre, Natal, Manaus, Maceió, Macapá, Goiânia, Fortaleza, Florianópolis, Curitiba, Cuiabá, Campo Grande, Boa Vista, Belo Horizonte, Belém e Aracaju. O estudo também revela os impactos das restrições sobre os custos para o setor de transporte de cargas. Com a substituição da frota de Veículo Urbano de Carga (VUC) por utilitários, os custos aumentaram 19,7%; a ampliação do turno de trabalho de motoristas e ajudantes representou uma elevação de 18%, e a da operação noturna, 16,5%.
Outro ponto é a discrepância de critérios entre todas as capitais pesquisadas. O ideal seria que as limitações fossem padronizadas, bem como as dimensões do VUC, que variam de uma cidade para outra.
CIDADE | LARGURA (M) | COMPRIMENTO (M) |
---|---|---|
Belo Horizonte | 2,30 | 6,30 |
Curitiba | 2,20 | 7,00 |
Rio de Janeiro | 2,60 | 6,50 |
Recife | 2,30 | 6,00 |
São Paulo | 2,20 | 6,30 |
Salvador | 2,20 | 6,50 |
Osasco | 2,30 | 7,20 |
“Isso dificulta bastante o planejamento e a operação das frotas. O VUC ideal seria o de Osasco, que permite maior acomodação de cargas, sejam elas a granel, sejam paletizadas. Além disso, as medidas restritivas causam uma grande perda de produtividade, um problema sério que as empresas de transporte vêm enfrentando. Um veículo de coleta e entrega que atua em cidades como São Paulo ou Rio de Janeiro, por exemplo, há 10 ou 15 anos, conseguia executar em um dia cerca de 40 coletas e entregas. Hoje, esse mesmo veículo faz, em média, 16”, afirma Neuto Gonçalves dos Reis, diretor técnico da NTC&Logística e coordenador do estudo.
MEDIDA EFETIVA?
Ele acredita que não há necessidade de restrições maiores, pois os caminhões representam uma parcela muito pequena do trânsito nas grandes cidades, e apenas essa medida não resolverá o problema, além de prejudicar a circulação do transporte de cargas.
A pesquisa conclui que as grandes cidades brasileiras apresentam crescimento desordenado, falta de planejamento e de infraestrutura, baixo investimento em transporte de passageiros e crescente adensamento populacional. Além disso, a movimentação de cargas nos centros urbanos é fundamental para a economia do país e o abastecimento da população. Tudo que chega à mão do consumidor vem por meio do caminhão.
DESAFIO
Nesse sentido, o desafio é conciliar o trânsito de pessoas e de cargas no mesmo espaço. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o custo do congestionamento de todos os veículos em São Paulo somou R$ 40 bilhões em 2012. Esse valor inclui gasto com combustíveis, com o qual a saúde pública acaba arcando por causa da poluição e horas de salário perdidas pelas pessoas. O prejuízo equivale a 1% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
Estudo realizado em 417 diferentes cidades da Europa pela PwC (PricewaterhouseCoopers), em 2010, apontou a existência de algum tipo de regulação ou contenção de circulação em nada menos do que 84% dos municípios pesquisados. Constatou-se que os fatores que mais dificultam a circulação são o trânsito, as restrições ao fluxo, as dificuldades de estacionar e o aumento das exigências ambientais.
Para o diretor técnico da NTC&Logística, todos os dados confirmam a necessidade de se cobrar a Taxa de Restrição de Trânsito (TRT) em todas as cargas que tenham origem ou destino nas cidades que criam dificuldades de circulação para os caminhões. “Essa tarifação é de 20% sobre o valor do frete nas regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro e de 15% nos demais municípios. Os empresários devem respeitar as regras e cobrar as taxas recomendadas visando minimizar os impactos financeiro e logístico”, completa.
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