Agrotóxicos na mira
Anvisa analisa alimentos e encontra vestígios de pesticidas em 23% das amostras coletadas em 77 cidades brasileiras
A- A A+A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou uma análise sobre a presença de agrotóxicos em 14 alimentos muito consumidos pela população brasileira. A conclusão foi de que os produtos de origem vegetal testados estão, em sua maioria, seguros para o consumo humano, mas 23% das 4.616 amostras apresentaram inconformidade em relação ao limite estipulado pela própria agência. Vestígios de 122 dos 270 agrotóxicos pesquisados foram encontrados.
Foram analisadas amostras de abacaxi, alface, arroz, alho, batata-doce, beterraba, cenoura, chuchu, goiaba, laranja, manga, pimentão, tomate e uva. Elas foram coletadas em supermercados de 77 cidades brasileiras entre agosto de 2017 e junho de 2018. Apenas não foram colhidas amostras no Paraná, Estado não abrangido pelo Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos da Anvisa.
Segundo o relatório divulgado pela gerência-geral de toxicologia da agência, menos de 1% (41) das amostras testadas apresentaram risco agudo em potencial. Entre elas, 37 continham indícios de carbofurano, um princípio ativo de vários agrotóxicos que começou a ser banido no país em 2017.
De acordo com a Anvisa, pesquisas científicas apontam que o carbofurano provoca um efeito tóxico no organismo humano e também danos ao meio ambiente, sendo extremamente lesivo para os mamíferos.
“O carbofurano tem toxicidade elevada, mesmo em baixos níveis de exposição, podendo apresentar efeitos agudos, subagudos e crônicos em organismos não alvos. Vários casos de envenenamento em humanos foram descritos na literatura, com a ocorrência de casos fatais”, afirmou a Anvisa.
Técnicos da agência informaram que o princípio ativo da substância pode estar presente nas amostras cujos produtores rurais tenham usado o carbossulfano, já que esse agrotóxico se converte em carbofurano.
Ponto positivo
O relatório aponta ainda que 77% das amostras analisadas foram consideradas satisfatórias, ou seja, em conformidade com o limite máximo estabelecido pela Anvisa. Em 49% não foi detectado nenhum resíduo, e 28% tinham uma baixa concentração, dentro do tolerável.
Segundo a Anvisa, pode-se concluir que “os alimentos consumidos no Brasil são seguros quanto aos potenciais riscos de intoxicações aguda e crônica advindos da exposição dietética a resíduos de agrotóxicos”. A agência garantiu que está adotando providências para a mitigação das ameaças identificadas.
Marco regulatório
Em julho deste ano, o governo federal publicou no “Diário Oficial da União” o marco regulatório para agrotóxicos. Três resoluções e uma instrução normativa estabelecem os critérios adotados para a avaliação e a classificação toxicológica desse tipo de produto no Brasil.
Segundo a União, os rótulos e as bulas passam por alterações para facilitar a identificação de riscos à saúde humana. As empresas têm até 2020 para se adaptarem às novas regras. A Anvisa ficará responsável por reclassificar os produtos que já estão em circulação.
A agência informou que enviou dados de aproximadamente 1.950 agrotóxicos registrados no país para reclassificação, o que representa 85% do total. O marco, segundo o governo federal, foi criado em conformidade com regras internacionais seguidas pela União Europeia e pela Ásia. (Com a Agência Brasil)
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