Alerta para a trombose

A doença é grave, mas ainda cercada por dúvidas. Faz parte do conjunto de enfermidades cardiovasculares, portanto, as principais com morte prevenível no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Somente em 2016, o Sistema Único de Saúde (SUS) realizou 35,5 mil tratamentos clínicos no Brasil em decorrência da trombose. Entre janeiro e julho deste ano, foram quase 17 mil, de acordo com o Ministério da Saúde. 
São dois tipos de trombose: arterial e venoso. Ambos são resultado da coagulação imprevista do sangue. Na artéria, ocorre a trombose arterial. O trombo é um coágulo que impede a passagem do sangue para os tecidos, causando dor e inchaço na região afetada. Em geral, é retirado apenas por meio de cirurgia. E, caso não seja tratado, pode levar ao quadro de gangrena dos tecidos e até à necessidade de amputar o membro. Esse tipo de trombose afeta mais os idosos, os fumantes e os diabéticos. 
Já se a coagulação acontecer na veia, vai originar a Trombose Venosa Profunda (TVP). É mais comum que ocorra nas pernas, segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV). Nesse caso, ela pode chegar a causar embolia pulmonar e levar a óbito. As pessoas que passam por cirurgias que exigem uma imobilização prolongada ou que sofreram traumatismos estão mais propensas a desenvolver a trombose venosa. No grupo de risco também estão gestantes, idosos, pessoas com dificuldades de coagulação do sangue, insuficiência cardíaca, obesas, fumantes e que fazem o uso de anticoncepcionais ou tratamentos hormonais. 
Em outubro, a SBACV celebrou no Brasil o Dia Mundial de Conscientização e Combate à Trombose. Em entrevista à Agência Brasil, o médico e presidente do Congresso Brasileiro de Angiologia e Cirurgia Vascular 2017, Gutemberg Gurgel, revelou alguns mitos e verdades sobre o tema trombose. O primeiro deles foi a relação entre a doença e o uso associado do anticoncepcional e do cigarro. “De fato, pode favorecer a ocorrência da doença. Isso acontecer porque o cigarro é um vasodilatador, ao passo que o hormônio provoca alterações nas paredes das veias, diminuindo a velocidade da circulação”, explica. 
Na gestação, segundo o médico, a maior quantidade de hormônios circulando no corpo pode desencadear aumento da coagulação. “O aumento do útero também promove a contração dos vasos pélvicos, dificultando o retorno do sangue. Os casos são mais recorrentes em pacientes que já possuem tendência à coagulação”, afirma. Usar meias de compressão e praticar atividades físicas são fundamentais tanto para as gestantes quanto para as pessoas que vão passar muito tempo com dificuldade de se movimentar, como, por exemplo, em viagens. Caminhar um pouco a cada duas horas, no caso de viagens, é uma alternativa. Em situações como essa incluem-se os motoristas profissionais, que costumam viajar por horas seguidas. Mesmo que a pessoa faça o movimento com as pernas para dirigir, ela deve parar e fazer uma caminhada leve a cada duas horas, além de usar meias de compressão. Também é fundamental evitar a desidratação. 
Os sintomas mais comuns da trombose são o inchaço e a dor na região afetada, mas pode ser assintomática. Para evitá-la, você precisa saber se tem hipercoagulabilidade genética. Além disso, são fatores de risco o tabagismo, permanecer sentado, deitado ou em pé por muito tempo, realizar cirurgias de grande porte, gravidez, estar com câncer ou em tratamento, ter insuficiência cardíaca, entre outros fatores. Medicamentos específicos podem ajudar e também a prática de atividades físicas, bem como o uso das meias de compressão. 

CHECAPE
Com o objetivo de reduzir os números de complicações e mortes por doenças vasculares, a SBACV lançou recentemente o Checape Vascular, um programa que incentiva a população a fazer exames anuais de prevenção. Estão na lista do checape o Acidente Vascular Cerebral, o pé diabético, a trombose venosa profunda, o aneurisma da aorta, o aneurisma periférico e a doença arterial obstrutiva periférica. (Com Agência Brasil)

SAIBA MAIS
Veja a lista de doenças que você pode descobrir em um checape anual

ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL
Segunda causa de morte mundial, também chamado de derrame, ocorre quando há o entupimento ou o rompimento de um vaso que leva sangue ao cérebro.
Prevenção: é preciso evitar os fatores  de risco para a doença, que são: hipertensão, diabetes e obesidade.

 
PÉ DIABÉTICO
O diabetes mal controlado causa, ao longo do tempo, alterações no sistema nervoso, e a pessoa pode perder a sensibilidade dos pés. Se alguma ferida surge em seus pés, ela não sente, e essa ferida também não cicatriza. Uma das características do pé diabético é o ressecamento. Se não for tratado, pode provocar a amputação do membro. 
Prevenção: controlar o diabetes com alimentação e exercícios e fazer constantemente exames de sangue para medir a glicemia, além de exame nos pés diariamente em busca de feridas e machucados.

 
TROMBOSE VENOSA PROFUNDA
Doença causada pela coagulação do sangue no interior das veias – vasos sanguíneos que levam o sangue de volta ao coração. As veias mais comumente acometidas são as dos membros inferiores (cerca de 90% dos casos). Os sintomas mais comuns são o inchaço e a dor. 
Prevenção: evitar os fatores de risco, que são tabagismo, permanecer sentado, deitado (acamado) ou em pé por muito tempo. A pessoa precisa saber se tem hipercoagulabilidade genética. Realizar cirurgias de grande porte, gravidez, estar com câncer ou em tratamento, ter insuficiência cardíaca, entre outras situações, podem levar à trombose. Exercícios, medicamentos e uso de meias elásticas auxiliam na prevenção.
 
ANEURISMA DE AORTA
É a dilatação anormal da parede da aorta, maior artéria do corpo e responsável por transportar sangue rico em oxigênio para todo o organismo. Ao se romper, pode causar a morte. As estimativas apontam que o problema acomete 5% dos homens e 1% das mulheres acima de 55 anos.
Prevenção: Não há prevenção. É preciso verificar seus fatores de risco e realizar exames de diagnóstico, pois a doença é assintomática. Entre os fatores de risco estão idade superior 
a 65 anos, tabagismo, hipertensão, aterosclerose (acúmulo de gordura e outras substâncias no vaso) e histórico familiar.

ANEURISMA PERIFÉRICO
É a dilatação anormal da parede de artérias periféricas, como a femoral, a da virilha, a carótida, a do pescoço e a dos braços. É mais difícil de romper, mas pode gerar um coágulo e impedir a passagem de sangue, comprimir um nervo ou uma veia próxima, causando dor, formigamento e inchaço.
Prevenção: assim como o aneurisma de aorta, não há prevenção para o aneurisma periférico. É preciso realizar exames de diagnóstico. Costuma ser descoberto em exames de checape ou na investigação de outras doenças. Por isso, é importante um exame clínico detalhado.
 
DOENÇA ARTERIAL OBSTRUTIVA 
PERIFÉRICA (DAOP)
Caracteriza-se pela dificuldade de passagem do sangue devido a placas de gordura, cálcio e pela própria degeneração da parede do vaso ao longo dos anos. Cerca de 50% dos pacientes com Daop são assintomáticos. Um dos sintomas é a dor na batata da perna ao se caminhar (claudicação intermitente).
Prevenção: não fumar, já que o tabagismo aumenta em quatro vezes o risco para a doença, evitar comidas gordurosas e praticar atividade física.