Alimentação é a chave contra o câncer de intestino
Inca estima que 44 mil novos casos devem surgir neste ano no Brasil. Prevenção é feita com melhores hábitos de vida e adoção da colonoscopia.
44 mil novos casos de câncer de intestino (ou câncer colorretal – cólon e reto) devem surgir neste ano no Brasil. A maioria dos casos – 70% – está concentrada nas regiões Sul e Sudeste do país.
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) publicou recentemente uma estimativa alarmante: 44 mil novos casos de câncer de intestino (ou câncer colorretal – cólon e reto) devem surgir neste ano no Brasil. A maioria dos casos – 70% – está concentrada nas regiões Sul e Sudeste do país. O problema, segundo especialistas, é que as estimativas estão aumentando a cada ano, e se trata de uma doença com alto índice de mortalidade. O câncer colorretal vitimou recentemente o ex-jogador Pelé, aos 82 anos.
A alimentação pobre em fibras é um dos principais fatores para o surgimento do câncer no intestino. Segundo o cirurgião oncológico Rubens Kesley, coordenador do Grupo de Câncer Colorretal do Inca, a doença é a terceira mais prevalente. “Ela vai perder para o câncer de mama, vai perder para o câncer de próstata. Em terceiro lugar, vem o câncer colorretal”, afirma o médico.
Ele explica que os números indicam um maior número de incidência à medida que o país se desenvolve. Os Estados Unidos, por exemplo, tendem a apresentar maior número de novos casos desse tipo de câncer a cada ano, sendo 150 mil por ano para uma população de 300 milhões de habitantes. Isso, segundo ele, porque as pessoas, quando melhoram as condições socioeconômicas, passam a consumir mais alimentos industrializados e ultraprocessados, deixando de comer alimentos com fibras.
“A fibra é como se fosse um varredor. Imagina uma vassourinha que limpa o cólon, o intestino grosso. Quando você deixa de usar a vassourinha, o lixo vai se acumulando. Então, a falta de alimentos ricos em fibras faz com que aumente muito a incidência”, exemplifica Rubens.
Há cinco anos, segundo Rubens Kesley, o Brasil apresentava 25 mil casos novos de câncer de intestino ao ano. Com esse crescimento, a estimativa para os próximos cinco anos é atingir 80 mil novos casos/ano. Quanto antes o diagnóstico e o tratamento, maiores são as possibilidades de sobrevida. Atualmente, do total de doentes, 20% sobrevivem, e 80% vão a óbito.
Além do baixo consumo de fibras, outro fator que pode levar ao surgimento de câncer no intestino é a carne vermelha, principalmente aquela consumida em churrascos, queimada e com muita gordura. De acordo com o médico, esse tipo de carne é rico em hidrocarbonetos, que são muito cancerígenos. Ele indica, em caso de consumo de carne vermelha, que ela seja cozida.
Existem ainda outros fatores associados ao câncer colorretal, como tabagismo, sedentarismo, consumo de álcool, obesidade principalmente na região abdominal. Mas os fatores mais agressivos, segundo o especialista, são a obesidade, a falta de atividade física e os alimentos industrializados e pobres em fibras.
DIAGNÓSTICO PRECOCE
A colonoscopia é o método considerado mais eficiente para diagnosticar e prevenir o avanço do câncer colorretal, segundo o especialista. Antes de ficar grande, ele é formado por pequenos pólipos. Nesse estágio, de acordo com o médico, a colonoscopia retira e evita o crescimento.
“A colonoscopia é uma arma, comparável a uma bomba nuclear, contra o câncer colorretal. Ela consegue prevenir, identificar precocemente e tratar. O exame remove o pólipo sem precisar de cirurgia”, afirma Kesley.
Para quem não tem histórico familiar desse tipo de câncer e possui vida saudável, a idade para fazer a colonoscopia é aos 55 anos. No entanto, o ideal é que a pessoa procure um coloproctologista para um checape. Dependendo do risco, o médico pode pedir o exame antes dessa idade.
No caso do ex-jogador Pelé, o diagnóstico ocorreu em setembro de 2021. Em fevereiro deste ano, ele foi internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, para continuar o tratamento de quimioterapia. Antes de morrer, a químio já não estava sendo suficiente para conter o avanço das células cancerígenas. Pelé faleceu no dia 29 de dezembro de 2022. (Com Agência Brasil)
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