Alimentação vegana é opção para transportadores
Saúde
A- A A+Nutricionista explica sobre esse tipo de escolha de vida e oferece dicas, incluindo um cardápio para o dia a dia desses profissionais
Abdicar da carne e de seus derivados pode trazer benefícios para a saúde dos profissionais que atuam nas estradas. É o que acredita a nutricionista vegetariana com especialização em nutrição funcional e nutrição esportiva Karina Ribeiro. Ela tem experiência no atendimento a indivíduos vegetarianos e veganos. Por isso, conta para os leitores de Entrevias como funciona esse tipo de alimentação e como adaptar a realidade do trabalho às escolhas nutritivas.
Entrevias: A alimentação com carne e derivados pode impactar a saúde dos transportadores?
Karina Ribeiro: É preciso tomar cuidado com o consumo de carne porque ela pode ter gordura saturada, principalmente a picanha e outras com gordura aparente. Muitas vezes, a pessoa não sabe escolher um tipo de carne magra e, como ela trabalha viajando, tem de comer o que está disponível, pois é difícil transportar alimento.
Além disso, normalmente, os restaurantes, para reduzirem custos, compram a carne com menor valor e, consequentemente, com mais gordura, o que pode contribuir para o aumento do colesterol e do peso corporal de quem a consome. O consumo de carne também pode causar certa fadiga no indivíduo porque é um alimento de mais difícil digestão. Uma alimentação vegana, nesse caso, ajudaria por ser mais saudável, com mais fibras, vitaminas e de mais fácil digestão.
A hidratação também é muito importante para quem viaja. É preciso ficar atento à quantidade de água, suco ou água de coco, que repõe os minerais perdidos na transpiração.
EV: O que muda na vida de uma pessoa que opta pela alimentação saudável?
KR: Com a alimentação vegetariana, em geral, há um aumento maior do consumo de frutas, hortaliças (verduras e legumes) e, com isso, há um maior consumo de nutrientes, vitaminas e minerais, que vão ajudar a prevenir as doenças, e isso tudo ajuda o organismo a funcionar melhor.
Existem ainda estudos que já comprovam que esse tipo de alimentação pode reduzir os índices de câncer, de diabetes, de doenças cardiovasculares, como hipertensão, por exemplo, infarto, além de promover uma melhoria da qualidade de vida, aumentando-se, com isso, a expectativa de vida da pessoa.
EV: Quais são as diferenças entre as alimentações?
KR: Têm os indivíduos ovolactovegetarianos, que consomem ovos e laticínios, mas não consomem carne; os indivíduos lactovegetarianos, que não consomem carne e ovos, mas consomem laticínios; e os ovovegetarianos, que consomem ovo, mas não laticínios nem carnes.
Já o vegetariano estrito não consome nenhum alimento de origem animal. E a diferença entre o vegetariano estrito e o vegano é que este último tem um estilo de vida diferente. Além, além de ele não consumir alimentos de origem animal, não utiliza, por exemplo, roupas e calçados de couro, de lã, de seda, cosméticosn e produtos de limpeza que contêm ingredientes de origem animal ou que são testados em animais. Então, é mais uma filosofia de vida, muito mais do que uma questão de alimentação.
EV: Em relação às propriedades da carne, do leite e dos ovos, alimentos que têm origem animal, eles são todos supridos pelos legumes, pelas frutas e pelos vegetais? Como funciona? Precisa-se de um suplemento vitamínico?
KR: Nas alimentações lactovegetariana, ovolactovegetariana ou vegetariana, fica mais fácil atingir os nutrientes, dependendo da quantidade que o indivíduo consome. Quando a alimentação é mais restrita, como a vegana, deve-se ter uma atenção maior para o consumo de proteínas. O indivíduo
precisa consumir mais leguminosas, feijão, lentilha, ervilha, soja, grão de bico, e, hoje, no mercado, há vários suplementos com o efeito similar. Tem proteína isolada de ervilha, de arroz, de soja – portanto, a proteína, é fácil suprir. Agora, com relação à vitamina B12 é preciso suplementar, e há marcas veganas. Porque esse tipo de vitamina somente está presente nos alimentos de origem animal. Está presente nas algas, por exemplo, ou na espirulina. Pode não ter uma quantidade suficiente. Então, o ideal é suplementar mesmo. É preciso fazer exames para ver se há deficiência de zinco, vitamina D, cálcio e ferro, que são mais comuns. Se houver, com suplemento vitamínico de origem vegana dá para suprir sim.
Proteína, no caso do vegano, é mais fácil atingir e, principalmente a B12, que está nos alimentos de origem animal. Outras vitaminas, como zinco, ferro, cálcio e vitamina B, têm de ser monitoradas por meio de exames. Se houver necessidade, pode-se suplementar também, mas a B12, exclusivamente, tem de ser suplementada.
EV: A transição para a alimentação vegana é mais fácil com acompanhamento nutricional?
KR: Isso, com acompanhamento profissional. O ideal é que o indivíduo faça a transição para se acostumar aos poucos, que faça exames para verificar se não há nenhuma deficiência de nutrientes e inclua as vitaminas. O nutricionista também vai indicar os melhores alimentos, vai avaliar a rotina
das pessoas, se tem algo que elas possam comprar e inserir em sua rotina para poder terem uma alimentação mais saudável.
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