Aluguel em alta

 

A atividade já estabelecida na Europa e nos Estados Unidos, a terceirização da frota de caminhões é uma novidade no Brasil que está começando a crescer. Dados da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (ABLA), com base em informações do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), apontam que as locadoras de veículos absorveram 9,4% de todos os caminhões vendidos em 2023 no país.

O total de veículos pesados no setor de locação chegou a quase 43 mil unidades, um avanço de 19,6% na comparação com 2022. Segundo o vice-presidente da ABLA, Paulo Miguel Júnior, o setor de locação de caminhões começa a avançar no Brasil tanto em termos de veículos urbanos de carga quanto os modelos maiores e completos, como o cavalo mecânico e a carreta.

“O mercado brasileiro ainda tem muito espaço para crescer entre as locadoras e as fábricas de caminhões. O potencial desse tipo de locação é grande, e os números apurados pela ABLA mostram que, cada vez mais, nossas expectativas vão se transformando em realidade”, afirmou. Os contratos de locação de caminhões, segundo ele, são longos, com duração de até 36 meses.

A estimativa do setor é que 1,5% da frota brasileira de 3,3 milhões de caminhões seja destinada ao mercado de aluguéis. Nos Estados Unidos e na Alemanha, a participação da atividade fica em cerca de 25% e 28%, respectivamente. Só nos EUA, são 7,5 milhões de caminhões locados entre 30 milhões em circulação no país.

 

Motivação

O principal motivo para as empresas começarem a buscar caminhões alugados é a intenção de reduzir custos e ter acesso a uma frota nova e moderna, inclusive com modelos elétricos e híbridos. 

Segundo dados da ABLA, os setores da economia que mais locam caminhões são construção civil, indústria, comércio e agronegócio. Mas, de acordo com a associação, outros setores buscam muito esse serviço e com forte tendência de aumento, como o sucroalcooleiro, o eletricitário, o florestal e os de mineração e saneamento.

Fábio Leite, CEO da Addiante, empresa especializada em locação de pesados, avalia que o aumento contínuo do comércio eletrônico torna a locação de caminhões um mercado em ascensão. “A frota brasileira de caminhões passa dos 21 anos de idade média, e a de máquinas agrícolas é superior a 15 anos. Isso demonstra o potencial que a locação pode trazer para baixar a idade média dos ativos”, afirmou o executivo em entrevista ao Mundo Logística.

Segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), a idade média da frota de caminhões no Brasil é de 21,3 anos. O envelhecimento da frota é um problema para o setor rodoviário porque aumenta os custos operacionais e o risco de acidentes, além de reduzir a eficiência. Para se ter uma comparação, a idade média de caminhões na Alemanha é de 8,1 anos e, nos Estados Unidos, de 11,6 anos.

Outros fatores que levam à expectativa de aumento da procura pelo serviço é a falta de necessidade de manutenção pela empresa de logística, como consertos, gestão de pneus, pedágio, ficando a cargo da locadora dona do veículo. Outro fator é a empresa de transporte ter recursos de capital de giro em vez de depositar todo o dinheiro no bem.