Anjos por toda parte

Grupo de Voluntários Anjos do Asfalto salva vidas na BR-381 e tem levado sua experiência e o voluntariado para outros desastres. Pra manter o trabalho, conta com a ajuda das pessoas e de empresas.

Solidariedade / 24 de Abril de 2023 / 0 Comentários

São quase duas décadas em que anjos se dedicam a atender vítimas de acidentes, especialmente na BR-381. Mas quem ama o que faz está onde as pessoas mais precisam. De uns anos para cá, o Grupo de Voluntários Anjos do Asfalto tem atuado além da BR-381. Em s

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São quase duas décadas em que anjos se dedicam a atender vítimas de acidentes, especialmente na BR-381. Mas quem ama o que faz está onde as pessoas mais precisam. De uns anos para cá, o Grupo de Voluntários Anjos do Asfalto tem atuado além da BR-381. Em situações e desastres como Brumadinho, Manaus e vários outros, os anjos não conseguem ficar apenas assistindo e colocam toda a experiência e toda a competência da equipe a serviço das pessoas.
 
 
 
 
 
Na rodovia 381, o trabalho é constante: nos fins de semana e nos feriados, eles estão lá. Devido ao alto índice de ocorrências de acidentes no trecho em Minas Gerais, entre Belo Horizonte e João Monlevade, o ponto foi escolhido para a assistência do grupo Anjos do Asfalto.
 
E, para tanto trabalho, eles sempre necessitam de apoio. A aquisição de materiais de salvamento para manter as atividades é constante, e todas as pessoas podem ajudar. Além de materiais de salvamento, eles necessitam de combustível para as viaturas. O grupo não recebe ajuda de governos e conta sempre com o auxílio de empresas parceiras e com contribuições da sociedade.
 
“Nós prestamos os primeiros atendimentos, chegamos na primeira hora, quando muitas vidas são salvas. Depois disso, ficamos no local aguardando a chegada das unidades do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ou do Corpo de Bombeiros, que têm viaturas e helicópteros aptos a fazerem o deslocamento das vítimas para os hospitais. Fazemos isso, toda a equipe, de forma voluntária. São médicos, enfermeiros, motoristas se revezando em plantões aos sábados, domingos e feriados. Mas os gastos para esse trabalho são altos. Por isso, precisamos tanto da ajuda das pessoas”, explicou Geraldo Eugênio de Assis, presidente do Grupo Anjos do Asfalto.
 
 
Geraldo está completando 14 anos como membro do grupo de resgate voluntário e, atualmente, é o presidente. É daquelas pessoas que não assistem a uma tragédia sentadas no sofá de jeito nenhum. Sempre se move a ajudar, seja mobilizando pessoas ou mesmo indo até o local para auxiliar no salvamento. E esse espírito foi o que tomou conta dos Anjos do Asfalto nos últimos anos.
 
 
O presidente conta que já foram muitas vitórias e também muitas perdas. “Mas, se conseguirmos salvar uma vida, a recompensa é eterna”, frisou. Ele contou que uma das maiores catástrofes que já presenciou foi a falta de oxigênio para vítimas da Covid-19 em Manaus, em 2020/2021. O grupo mobilizou várias entidades para levar balões de oxigênio até a capital do Amazonas.
 
Cenas que emocionam
 
Janaína Rufo Monteiro Ferreira é enfermeira e vice-presidente do Anjos do Asfalto. Motivada pela vontade de ajudar voluntariamente as vítimas de acidentes de trânsito, ela começou no Anjos em 2007. Na época, era técnica de enfermagem e fez diversos cursos para atuar no resgate. Depois, se formou em enfermagem e se pós-graduou em terapia intensiva.
“A maioria dos acidentes que atendemos na 381 é grave. Isso devido às curvas sinuosas da rodovia e ao seu traçado. Após parte da duplicação dela, o número de acidentes ainda não reduziu, e a gravidade aumentou por conta da imprudência dos condutores que colocam maior velocidade nos trechos duplicados. Sem contar que ainda são trechos malsinalizados”, alertou a enfermeira.
 
Ela relatou que participou do resgate às vítimas do rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, em 2019. “Foi uma catástrofe, uma cena que não imaginamos que aconteceria. Havia pessoas gritando ainda no local, animais atolados na lama, muita destruição, pessoas desabrigadas sem terem para onde ir. Não me esqueço da cena. Sempre que me lembro, me ponho a chorar”, relembrou Janaína.
 
Ela falou sobre a importância da ajuda das pessoas para que o grupo consiga sempre manter os atendimentos. “O Anjos realiza o primeiro atendimento até a chegada do Samu ou dos Bombeiros, diminuindo o tempo de resposta e estabilizando a vítima, diminuindo, assim, possíveis sequelas. As pessoas podem ajudar o grupo com materiais ou depositando em conta. Essa ajuda é fundamental para o grupo continuar ativo e salvando vidas”, disse.
 
Pontos estratégicos
 
Saulo Monteiro Ferreira também é voluntário e faz parte da diretoria dos Anjos do Asfalto. Em 2023, ele completou 16 anos no grupo. “Sempre quis fazer parte de alguma organização não governamental. Tentei no Hospital do Câncer em BH, e um amigo que é da Polícia Rodoviária Federal e trabalha na barreira de Sabará me apresentou ao grupo e lá estou até hoje”, contou Saulo sobre sua trajetória.
 
 
Ele explicou que, em caso de acidente na rodovia, o grupo de voluntários é acionado por meio de usuários ou da PRF. Os acidentes mais constantes, segundo ele, são batidas frontais, saída de pista e veículo caído em ribanceira. “Chegamos mais rápido porque ficamos em locais estratégicos. Não transportamos as vítimas, mas auxiliamos até mesmo em caso de vítimas presas às ferragens”, disse.
 
Saulo também realizou atendimentos na catástrofe de Brumadinho e nas enchentes de Santa Maria de Itabira, Rio Acima e Nova Lima, e não se esquece de um resgate perigoso que fez na rodovia BR-040, em Itabirito. “Um acidente envolvendo caminhão carregado de diesel e etanol, no qual o tanque desse veículo estava em chamas. O motorista estava preso às ferragens. Eu estava passando na hora e não pensei duas vezes em parar para ajudar”, afirmou.
 
Sarah Teixeira também é voluntária há 12 anos e faz parte da diretoria do grupo. "O sentimento de ser socorrista é imensurável. O resgate na BR-381 é de suma importância pois estamos em um ponto estratégico que nos permite chegar mais rápido. E tempo é vida", afirmou.
 
Thiago Braga está nos Anjos do Asfalto desde 2015 e, para ele, ser voluntário é uma forma de fazer o bem sem ver a quem. "Tenho grande satisfação e honra em fazer parte desta equipe que se dedica a salvar a vida humana em qualquer situação. Ser Anjos do Asfalto é dedicação, amor e o sentimento de poder ser a diferença na vida de uma pessoa no momento de desespero e sofrimento", afirmou.
 
Marcus Campolina Vargues, voluntário do grupo, concorda. "Nossa resposta é sempre muito rápida, ficamos em um trecho da rodovia em que o número de acidentes é grande. É um trecho de várias curvas sinuosas, descidas longas, e por isso é fundamental a gente se manter ali. Para isso, contamos muito com ajuda de colaboradores, pessoas e empresários que estejam dispostos a ajudar", contou.

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