Área de escape à vista
Prefeitura de Belo Horizonte anuncia a implantação do recurso no Anel Rodoviário, na altura do bairro Betânia. No Paraná, acidente é evitado, e vídeo viraliza.
A- A A+Um caminhoneiro foi salvo por uma área de escape, em 14 de agosto, na altura do KM 667 da BR-376, em Guaratuba, no Paraná. O vídeo que mostra o momento em que o motorista usou o espaço viralizou na internet e evidenciou, mais uma vez, a importância desse dispositivo para a segurança nas estradas.
O caminhão carregado com 14 toneladas de produtos químicos teve problemas nos freios, segundo informações da Arteris Litoral Sul, concessionária que administra o trecho. O condutor, que não se feriu, conseguiu direcionar o veículo para o recuo e percorreu 55 metros até a parada total. As imagens registradas por câmeras de segurança reacenderam a discussão sobre a necessidade de se implementarem mais áreas de escape nas rodovias do país.
Na edição de setembro de 2020, a Entrevias mostrou a necessidade de construção de um espaço como esse no Anel Rodoviário de Belo Horizonte. No fim de agosto deste ano, a prefeitura da capital anunciou que vai assumir as obras entre a BR-040 e o trevo do bairro Betânia, trecho que concentra o maior índice de acidentes com caminhões.
O acordo foi firmado entre o prefeito Alexandre Kalil (PSD) e o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas. A estimativa é que as intervenções tenham início ainda em 2021. O governo belo-horizontino foi autorizado a contratar e executar o projeto elaborado pela BHTrans, a autarquia de trânsito da cidade.
A obra será feita em um declive de cerca de 300 metros e está orçada em R$ 3,5 milhões. A estrutura será de concreto com camadas de brita para amortecer o caminhão.
A rodovia concentra um fluxo intenso de veículos. Somente entre março e abril do ano passado, ocorreram 390 acidentes ao longo dos 27 km de extensão. Apesar da urgência da criação do espaço de segurança, até então havia um imbróglio em torno da construção da área de escape, já que 17 km do Anel Rodoviário são administrados pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), e os outros 10 km, pela concessionária Via 040.
Como funciona
As áreas de escape já são uma realidade nas rodovias brasileiras. Em 2019, o Dnit entregou a primeira estrutura pronta em um trecho com declive sinuoso da BR-146, perto de Araxá, na região do Alto Paranaíba, em Minas Gerais. Concessionárias que administram trechos rodoviários também estão investindo nesse recurso, como a Arteris e a Ecorodovias nas BRs 116 e 376, respectivamente.
A primeira área construída no Brasil por iniciativa privada foi a do Sistema Anchieta-Imigrantes pela Ecovias dos Imigrantes, em 2001, na altura do município de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.
As áreas de escape têm cerca de 500 metros e acesso pelo lado direito da via. Aproximadamente 150 metros são destinados à frenagem em uma caixa de cinasita (bolinhas de argila expandida resistentes e impermeáveis que aderem aos pneus ajudando o veículo a parar) com uma profundidade de mais ou menos um metro. Depois que entra na caixa de cascalho, o caminhão sai apenas com a ajuda de um guincho, e é importante passar por uma revisão antes de voltar a rodar.
Segundo informações da Associação Brasileira de Transporte e Logística de Produtos Perigosos, quando o aquecimento dos pneus passa de 250 graus, a eficiência da frenagem é reduzida. Além dos danos causados ao veículo pelo excesso de calor, os freios podem parar de funcionar. Se isso acontecer em um trecho de declive, o risco é ainda maior porque o caminhão ganha velocidade. As áreas de escape foram criadas justamente para esses casos a fim de preservar o veículo e a vida do condutor.
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