As consequências da omissão
A- A A+Tragédia anunciada. É isso que acontece quando o poder público e as empresas que deveriam prezar pela segurança rodoviária no Brasil são negligentes em suas ações. Exemplos não faltam por todo o país. Somente em agosto último, dois acidentes em trechos já conhecidos pelos altos índices de ocorrências voltaram a atrair as atenções. Um deles aconteceu no Anel Rodoviário de Belo Horizonte, na famosa descida do bairro Betânia, na região Oeste da capital. Um caminhão sem freios seguiu desgovernado pela via, arrastando tudo – e todos – que encontrava pela frente. Cerca de 20 veículos foram envolvidos. Dessa vez, felizmente, não houve vítimas.
Já na BR-277, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba (PR), o desfecho foi diferente. Oito pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em um engavetamento com 23 veículos. A visibilidade na pista foi prejudicada por conta da combinação de neblina e fumaça de queimadas próximas. Sem conseguir ver que havia carros, motocicletas e pessoas parados na via, o motorista de um caminhão acabou avançando sobre todos eles.
Nos dois casos, concessionárias são as responsáveis pela gestão das rodovias. Em Belo Horizonte, a incumbência é da Via 040, enquanto no Estado paranaense é da Ecovia. No trecho belo-horizontino, a criação de áreas de escape – que já são uma realidade em várias partes do país – evitaria novas tragédias. Na BR-277, alertas contundentes e sinalização sobre a baixa visibilidade poderiam ter salvado vidas. Soluções relativamente simples diante de problemas tão complexos.
Lamentavelmente, não podemos mudar o fim de nenhuma dessas histórias, mas é nosso dever, como cidadãos e usuários das rodovias brasileiras, exigir que os governos e as empresas – que, inclusive, cobram tarifas de pedágio – acabem com o “jogo de empurra-empurra” e tomem atitudes assertivas para que cenas como as de agosto não se repitam nunca mais.
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