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Silenciosas, hepatites virais matam 3.500 pessoas por dia no mundo e levam OMS a emitir alerta

Saúde / 27 de Junho de 2024 / 0 Comentários

Você, certamente, já ouviu falar em hepatites virais, mas talvez não saiba que elas são a segunda maior causa infecciosa de morte no mundo, vitimando 3.500 pessoas por dia e 1,3 milhão por ano, mesmos números atribuídos à tuberculose, que lidera o ranking

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Você, certamente, já ouviu falar em hepatites virais, mas talvez não saiba que elas são a segunda maior causa infecciosa de morte no mundo, vitimando 3.500 pessoas por dia e 1,3 milhão por ano, mesmos números atribuídos à tuberculose, que lidera o ranking. Diante da gravidade das estatísticas, a Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiu um alerta no início de abril deste ano.

Um estudo divulgado pela entidade mostrou que, embora o cenário seja favorável à redução dos casos da doença, já que existem mais ferramentas para diagnóstico e tratamento (e que também ficaram mais baratos), não é isso que vem acontecendo. “Mesmo assim, atingir a meta de eliminação das hepatites virais até 2030, proposta pela OMS, ainda é algo possível, desde que medidas rápidas sejam tomadas agora”, frisa a organização.
De acordo com o levantamento, os óbitos saltaram de 1,1 milhão em 2019 para 1,3 milhão em 2022 em 187 países. A hepatite B foi a causa de 83% das mortes, e a hepatite C, de 17%. Para o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, a letalidade aumentou porque pouquíssimos pacientes têm acesso ao diagnóstico e ao tratamento adequados.
A organização estima que, em 2022, 254 milhões de pessoas viviam com o tipo B, e outras 50 milhões, com o C. Mais da metade dos infectados eram adultos com idades entre 30 e 54 anos, e 12%, crianças e adolescentes menores de 18 anos. Os homens eram 58% do grupo.
Entre 2019 e 2022, o número de pessoas com hepatites virais chegou a registrar uma ligeira queda, mas se manteve em um patamar ainda muito elevado, passando de 2,5 milhões para 2,2 milhões. “Mais de 6.000 pessoas estão sendo infectadas por hepatites virais todos os dias”, destacou o estudo.
 
Problema social
O estudo da OMS mostra que a distribuição das hepatites virais varia drasticamente de região para região do planeta. A África concentra 63% das novas infecções pelo tipo B. No entanto, apenas 18% dos recém-nascidos da região foram imunizados contra a doença. No Pacífico Ocidental, estão 47% das mortes por hepatite B, mas somente 2% dos pacientes têm acesso ao tratamento.
Ainda de acordo com o levantamento, Bangladesh, China, Etiópia, Índia, Indonésia, Nigéria, Paquistão, Filipinas, Rússia e Vietnã registram juntos quase dois terços de todos os casos mundiais de hepatites B e C. “Alcançar o acesso universal à prevenção, ao diagnóstico e ao tratamento nesses dez países até 2025, juntamente com esforços intensificados na região africana, é essencial para colocar a resposta global de volta no caminho certo e cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, ressalta a entidade.
Entre as recomendações publicadas pela OMS com o objetivo de acelerar o combate às hepatites virais estão ampliar o acesso à testagem e ao diagnóstico; ofertar tratamento equitativo; ampliar os esforços de prevenção na atenção primária; e mobilizar financiamentos inovadores.
“O financiamento para as hepatites virais, tanto em nível global como no âmbito dos orçamentos de saúde de cada país, não é suficiente para satisfazer as necessidades. Isso resulta de uma combinação de fatores, incluindo a consciência limitada de intervenções e ferramentas que podem salvar vidas, bem como prioridades concorrentes nas agendas globais de saúde”, conclui a organização.
 
Definição
Mas, afinal, o que são exatamente as hepatites virais? São um tipo de infecção que atinge o fígado, podendo causar alterações leves, moderadas ou graves. Na maioria das vezes, a doença é silenciosa. Ou seja, não apresenta sintomas. Entretanto, quando presentes, podem se manifestar como: cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. 
Existem cinco vírus diferentes que levam à infecção e definem o seu tipo: A, B, C, D e E. No Brasil, os três primeiros são os mais comuns. A hepatite D é mais comum na região Norte do país. Já o tipo E é encontrado com mais facilidade na África e na Ásia.
De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), as medidas preventivas incluem saneamento básico, boas práticas de higiene pessoal, uso de preservativos, agulhas e seringas descartáveis, não compartilhamento de objetos perfurocortantes (barbeadores, instrumentos de manicure/pedicure etc.). 
Ainda segundo a fundação, indivíduos infectados pelo vírus da hepatite B têm de 5% a 10% de risco de se tornarem doentes crônicos. Na hepatite C, o risco é de 85%. O tratamento das hepatites B e C é feito com agentes antivirais, com 70% e 35% de sucesso, respectivamente.

 

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