AVC e infarto na triste liderança
Duas enfermidades voltaram a figurar entre as principais causas de óbito por doença no Brasil no primeiro semestre de 2022. Nos últimos dois anos e meio, a Covid-19 ocupou o primeiro lugar.
A- A A+Duas doenças já bastante conhecidas voltaram a liderar o ranking de maiores causadoras de mortes decorrentes de patologias no país no primeiro semestre deste ano: o Acidente Vascular Cerebral (AVC) – também chamado de derrame – e o infarto. De janeiro a junho, a primeira delas vitimou 56.038 pessoas, e a segunda, 52.426, conforme consta no Portal da Transparência dos Cartórios de Registro Civil do Brasil.
Nos últimos dois anos e meio, a Covid-19 vinha sendo a maior causa de óbitos em território nacional, mas, com o avanço da vacinação, a enfermidade caiu para o terceiro lugar, sendo atribuída à perda de 48.763 vidas nos seis primeiros meses de 2022.
O coordenador do Departamento de Neurologia do Hospital Mater Dei Salvador, Ricardo Alvim, explica que uma em cada seis ou oito pessoas terá um AVC em algum momento, sendo 80% dos casos do tipo isquêmico (quando acontece a obstrução ou a redução do fluxo sanguíneo em uma artéria cerebral, impedindo a circulação do sangue em parte do cérebro).
“Sempre que avaliamos um paciente, é muito importante entender qual foi o último horário em que ele foi visto bem. Do início dos sintomas até a chegada ao hospital, para fazermos o tratamento trombolítico endovenoso, o mais indicado é uma janela de até quatro horas e meia. Por isso, é importante reconhecermos rapidamente que se trata de um AVC para que esse paciente tenha a oportunidade de receber o tratamento correto”, reforça Alvim.
Os sinais de alerta para a doença são as mudanças bruscas no estado neurológico, como confusão mental, alteração da fala ou fala enrolada, tontura ou desequilíbrio para andar, dificuldade para mexer braços ou pernas, fraqueza ou formigamento na face ou nos membros, especialmente em um lado do corpo, e dor de cabeça súbita e muito forte.
“A cada 30 minutos de atraso no atendimento ao paciente com AVC isquêmico, perdemos 10% de chance de ele se recuperar. Quanto mais rapidamente conseguirmos iniciar o tratamento, mais chances teremos de salvar os neurônios que estão em sofrimento”, alerta o especialista.
As sequelas mais comuns do derrame são perda de memória (definitiva ou temporária), dificuldade para se expressar e para falar, comer e engolir a saliva, paralisia facial e/ou de um dos lados do corpo e desequilíbrio.
Alerta do peito
Já o infarto agudo do miocárdio, também conhecido como ataque cardíaco, ocorre quando o fluxo sanguíneo das artérias que irrigam o coração é bloqueado por uma placa de gordura ou um coágulo, resultando na falta de oxigenação e de sangue nos tecidos cardíacos e na diminuição da contração do músculo cardíaco, o que provoca morte celular.
De acordo com o coordenador do Departamento de Cardiologia do Hospital Mater Dei Salvador, Nilvaldo Filgueiras, as placas de gordura são formadas nas artérias ao longo dos anos por processos inflamatórios e pelos mesmos fatores de risco do AVC: pressão alta, diabetes, colesterol alto, sedentarismo, obesidade e tabagismo. Quando uma placa se rompe, pode ocorrer a formação de um coágulo (trombo) que obstrui completa ou parcialmente a artéria coronariana, podendo causar necrose do músculo cardíaco e até morte súbita.
“Na emergência, quando falamos em tempo, significa que o eletrocardiograma precisa ser feito o mais rapidamente possível – o ideal é em até dez minutos. Depois, o paciente deve ser imediatamente encaminhado para o procedimento de angioplastia primária, para que a artéria seja desobstruída por meio de um cateter de balão que vai dilatar a lesão para a colocação de um stent – molde cilíndrico que abrirá a artéria e evitará um novo entupimento”, diz Filgueiras.
A exemplo do AVC, a agilidade na resposta é crucial para a recuperação da pessoa acometida. Nesse caso, é preciso estar atento ao surgimento de uma dor no peito caracterizada por um peso ou um aperto no meio do tórax ou do lado esquerdo, podendo irradiar para os braços e o pescoço. Alguns pacientes relatam ainda sensação de sudorese, extremidades frias, enjoo e vômitos. Em idosos, também pode haver sensação de falta de ar em repouso.
Segundo os especialistas, hábitos de vida saudáveis, ou seja, alimentação adequada, livre de gorduras e sal em excesso, prática de atividade física, cessação do tabagismo e realização de exames preventivos regularmente são fundamentais para afastar o risco de se ter tanto um AVC quanto um infarto.
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