Cabine inteligente

Uma startup lançou em junho a inovação que pode facilitar o cumprimento da legislação brasileira que determina a instalação de pontos de descanso para caminhoneiros nas rodovias. A SleepBoll criou cabines para dormir e cochilar que podem ser instaladas em postos de combustíveis e em praças de pedágio. O primeiro protótipo já está funcionando no posto Buffon, na BR-386, em Nova Santa Rita, no Rio Grande do Sul.

De acordo com a Lei do Caminhoneiro – nº 13.103/2015 –, o motorista deve ter um descanso de 11 horas a cada 24 horas trabalhadas. Desse período, ao menos oito devem ser diretas, e o restante pode ser fracionado. A lei fala também dos locais em que essas pausas no trabalho precisam ser feitas: hotéis, pousadas, alojamentos, postos de combustíveis, pontos de parada e apoio, rodoviárias e refeitórios de empresas ou de terceiros.

Cabines de descanso são automatizadas e podem ser reservadas online ou alugadas
diretamente no local

“Percebemos que a implantação dos pontos de parada até 2020, como prevê a Portaria 944/2015 do Ministério do Trabalho, requer uma força-tarefa do governo no sentido de criar uma linha de crédito em longo prazo específica junto ao BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], viabilizando o investimento do mercado privado nessa demanda gerada pela lei”, afirma o CEO da SleepBoll, Luciano Paixão.

Após a implementação em Nova Santa Rita, a empresa prepara a expansão para todo o Brasil. No próximo semestre, a expectativa é que ela ocorra de forma gradativa a partir da adesão dos postos e também de grandes indústrias ou transportadoras nas quais o caminhoneiro aguarda para carregar e descarregar.

Luciano explicou que na Europa é comum a prática de “hot seat”, um revezamento em percursos de longa distância. O motorista descansa em hotéis após o cumprimento da jornada, enquanto outro profissional segue com o caminhão. “Isso otimiza a rentabilidade do veículo, dobra a produtividade e reduz o custo logístico da operação”, destaca. Já no Brasil, segundo ele, o custo de um caminhão parado nas horas de descanso do motorista é alto, chegando a R$ 1.200 por dia.

CEO da SleepBoll, Luciano Paixão, afirma que motoristas podem passar minutos ou horas nas estruturas, que são climatizadas. Custo estimado de utilização da cabine é de R$ 12 a hora; pagamento pode ser feito por empresas ou caminhoneiros.

Além do gasto, ele cita a questão trabalhista. “Fora a questão de passivo trabalhista oriunda das condições insalubres, que é ficar dentro de um caminhão durante um dia de verão, por exemplo, a uma temperatura de 65 graus. Acabam ocorrendo fadiga e sono na estrada. Dados do IPEA [Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada] mostram que acarreta ainda um passivo econômico de R$ 12 bilhões ao ano para o país”, explicou. 

Solução prática

As cabines lançadas pela empresa como alternativa para a solução do problema são no formato modular, com climatização e automação. Elas podem ser reservadas online ou alugadas diretamente no local. A utilização, segundo Luciano Paixão, pode ser por minutos ou horas, já que as estruturas são construídas em painéis termoisolantes, com sistema de troca de ar, climatização quente e fria, sensores de monóxido de carbono e dispositivos de inteligência artificial para a gestão da frota dos clientes conveniados. “O Brasil possui frota de 3 milhões de caminhões, e nosso potencial é atingir quem faz rotas de longa distância, que representam mais de 30% do volume”, adianta o CEO da SleepBoll.

A ideia é que um posto de combustível, por exemplo, faça um Hub de Parada com 20 cabines, sendo integrado e compartilhado em uma operação ganha-ganha, ou seja, ele instala as cabines e ganha em aumento do consumo no estabelecimento. A carga para usar a cabine pode ser feita pela empresa transportadora ou de forma avulsa pelo caminhoneiro, tendo um custo estimado de R$ 12 a hora. O projeto está no site: www.app.sleepboll.com.br.