Caminhão autônomo é lançado no Brasil

Um caminhão autônomo lançado neste ano promete revolucionar a colheita no setor sucroalcooleiro. Trata-se do VM Autônomo, do Grupo Volvo, já testado em uma operação real e comercialmente viável. A novidade será uma das atrações da 21ª edição do Salão Internacional do Transporte Rodoviário de Cargas (Fenatran), que será realizado de 16 a 20 de outubro em São Paulo (SP).
De acordo com o Grupo Volvo, o caminhão foi projetado para eliminar a perda de produtividade provocada pelo pisoteamento de soqueiras (brotos) pelo caminhão durante a colheita da cana. O problema gera prejuízos de aproximadamente 12% da produção anual de cana-de-açúcar. O caminhão autônomo, sozinho, elimina 4% dessa perda.
A tecnologia foi desenvolvida por engenheiros da Volvo, que tiveram a colaboração de especialistas da marca na Suécia e de técnicos da Usina Santa Terezinha, em pouco mais de um ano. Os testes foram realizados nas lavouras da Usina, uma das empresas do Grupo Usaçucar, um dos maiores produtores e exportadores de açúcar do Brasil, sediado em Maringá, no Paraná.
O veículo foi conduzido de forma totalmente autônoma, rodando ao longo das linhas de plantação, sem passar por cima das soqueiras. A precisão chega a 2,5 cm, número considerado alto pelos especialistas. A tecnologia foi vista com bons olhos pelos representantes do setor, que trabalha com grandes volumes de produção e precisa reduzir ao máximo as perdas em todas as etapas do processo.
“Não esmagar os pés de cana remanescentes na colheita era uma reivindicação antiga que tínhamos. O pisoteamento de soqueiras é, atualmente, o principal malefício da cultura da cana-de-açúcar no Brasil, maior inclusive que os problemas provocados pelo clima e por pragas”, afirma Paulo Meneguetti, diretor financeiro e de suprimentos do Grupo Usaçucar. 

FUNCIONAMENTO

Para rodar, é necessário inserir o mapa digital do canavial no computador de bordo do caminhão. A tecnologia desenvolvida reconhece com precisão as linhas de plantação, evitando o pisoteamento. O papel do motorista é conduzir o veículo até o início da linha na lavoura, encontrando a rota a ser seguida, e, depois, retirá-lo da plantação para fazer o transbordo nos veículos de transporte que levarão a carga até a usina de açúcar.
O sistema é composto por duas antenas GPS de alta precisão (GNSS/RTK), parte do sistema VDS (Volvo Dynamic Steering, de esterçamento da marca), dois giroscópios de alta sensibilidade e um display posicionado no interior da cabine do caminhão, que funciona como interface homem-máquina. 
Além de parte do VDS da Volvo Trucks, o novo veículo assimilou, por exemplo, o Co-Pilot da Volvo Construction Equipment e também dispositivos da Volvo Penta e da Volvo Bus, respectivamente, para o posicionamento do caminhão nos mapas e para a integração na arquitetura eletrônica do veículo. 
O VM Autônomo utiliza a tecnologia RTK (Real Time Kinematics) para a geolocalização. Usando unidades de medição de inércia, os chamados giroscópios, o sistema identifica detalhadamente a inclinação e o deslocamento do veículo, tanto da cabine quanto do chassi, bem como seu movimento relativo, inclusive a angulação do terreno. 

Computador de bordo ajuda o motorista a parar no lugar certo e a evitar desperdício da produção.

O controle lateral do caminhão é extremamente preciso, justamente para que os pneus não passem por cima das soqueiras. O veículo é um caminhão de 6x4 eixos, com pneus de alta flutuação. “A tecnologia do novo VM é avançada e foi desenvolvida para atender à demanda do setor, para garantir a produtividade durante a colheita da cana. É uma tecnologia que resolve o problema de precisão, inclusive nas manobras em marcha ré”, acrescenta Roberson Oliveira, gerente de projeto de engenharia avançada do Grupo Volvo América Latina.