Caminho aberto

A construção de uma ponte sobre o rio Paraguai, ligando Porto Murtinho, no Brasil, a Carmelo Peralta, no país vizinho, foi aprovada pela Câmara dos Deputados em sessão realizada em março, em regime de urgência, a pedido da deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS). Após o parecer favorável do plenário, o acordo firmado entre as duas nações sul-americanas, cujo texto foi aprovado pelo Projeto de Decreto Legislativo (PDC) 709/2017, seguirá, agora, para análise do Senado.

A estrutura é considerada um ponto inicial para a concretização da Rota de Integração Latino-Americana (Rila), pela qual produtos brasileiros serão escoados para os mercados asiáticos, via oceano Pacífico, por meio de portos chilenos.

O projeto de construção da ponte que ligará o município sul-mato-grossense ao território paraguaio foi acordado entre o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), pelo lado brasileiro, e o Ministério de Obras Públicas e Comunicações, representando o Paraguai, em 8 de julho de 2016.

Três anos antes, o Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Mato Grosso do Sul (Setlog-MS), em sua primeira expedição para verificar a viabilidade da Rila, já havia mostrado a autoridades dos quatro países envolvidos na Rota (Brasil, Paraguai, Argentina e Chile) a importância de construir esse corredor viário, que, para o sindicato, é “totalmente viável” e promissor também para o desenvolvimento e a qualidade de vida dos moradores da região.

Fomento geral

Segundo o presidente do Setlog-MS, Cláudio Cavol, além de beneficiar o agronegócio, a indústria e o comércio, a nova ligação entre os dois países vai ser positiva para o turismo. “O Brasil e a América do Sul precisam e devem aprender a explorar mais com o turismo as belezas que a natureza nos deu. Essa ponte, quando pronta, conjuntamente com a rodovia em território paraguaio, já licitada pelo governo desse país, será o coroamento de um importante trabalho iniciado pelo sindicato ainda em 2013”, afirma Cavol.

De acordo com ele, o início das obras do lado paraguaio está confirmado para o fim de abril ou para o início de maio. Já a parte de responsabilidade do governo brasileiro deverá passar por licitação pública após a conclusão do estudo de impacto ambiental para que seja definida a empreiteira responsável pelo trabalho.

“A aprovação dessa ementa pela Câmara dos Deputados e, depois, pelo Senado Federal fará com que todos os entraves políticos e de caráter orçamentário sejam eliminados, tornando, assim, essa importante obra, que antes era um sonho de poucos, uma realidade, que trará qualidade de vida a milhares de pessoas e mais produção e rentabilidade às empresas”, conclui o presidente do Setlog-MS.

Novo fôlego

Em fevereiro deste ano, a concretização da Rila já havia ganhado outro capítulo importante: a reinauguração do porto de Concepción, no Paraguai – mostrada na última edição da Entrevias –, que deverá agilizar a logística da exportação dos produtos nacionais para mercados estrangeiros.

A expectativa é que a Rota de Integração Latino-Americana encurte a distância entre Porto Murtinho e os portos do Norte do Chile, permitindo que os caminhões levem, em média, três dias para percorrer os cerca de 1.800 km. Atualmente, a viagem precisa ser feita pelo litoral brasileiro, tendo como principal destino o porto de Santos (SP), cuja capacidade de operação está praticamente saturada.

Conforme informado pelo Dnit, a estimativa é que a Rila possibilite uma redução de até 14 dias no prazo de importação e exportação de produtos para a Ásia e também para a Oceania.

A Declaração de Assunção, por meio da qual foi criado o grupo de trabalho responsável pela realização de estudos técnicos e ações que viabilizem a Rota, foi assinada, em 21 de dezembro de 2015, pelos presidentes dos quatro países integrantes. (Com a agência Câmara de Notícias)