Caminhões e cargas na mira dos criminosos
Levantamento mostra que ocorrências de furtos e roubos registradas de janeiro a junho se concentraram no Estado de São Paulo
A- A A+O roubo de caminhões e carretas teve um aumento de 4,65% no primeiro semestre deste ano no Estado de São Paulo. O roubo de cargas também cresceu na região, conforme consta no Boletim Econômico Tracker-Fecap, divulgado no fim de outubro a partir da análise de dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.
De janeiro a junho, foram registradas 2.338 ocorrências de roubo e furto de caminhões, caminhões-tratores, reboques e semirreboques, 2,19% a mais do que nos seis primeiros meses do ano passado. Quando os dados são desmembrados, é possível perceber que o número de roubos puxou a estatística para cima. Foram 1.937 ocorrências dessa natureza e 401 furtos (queda de 8,24%) no semestre.
Os roubos ficaram concentrados em Cajamar, Cubatão, Embu das Artes, Itaquaquecetuba, Osasco e São Bernardo do Campo. Já os furtos foram registrados, em sua maioria, em Jaguariúna, Osasco, Ribeirão Preto, São Carlos e Valinhos.
Os reboques foram os mais visados pelos criminosos, com um total de 154 ocorrências no semestre passado. Em 2020, foram contabilizados 189 registros de roubos e furtos desse tipo de veículo no ano inteiro, enquanto em 2019 houve 212.
O diretor comercial do Grupo Tracker, Rodrigo Abbud, destacou que, durante a pandemia, o trânsito de automóveis reduziu-se consideravelmente nas grandes cidades. “Em contrapartida, caminhões, utilitários e motos ganharam mais destaque à medida que os brasileiros aumentaram a demanda por compras on-line e aplicativos de delivery”, disse.
Segundo Abbud, o setor de agronegócio foi um dos poucos que se mantiveram aquecidos frente à crise sanitária, com predominância do transporte rodoviário. “Esses fatores combinados resultaram em uma maior exposição de veículos pesados, cargas e utilitários rodando dentro e fora das cidades, fatalmente despertando a atenção e o interesse de criminosos”, ressaltou o diretor comercial.
Para o coordenador do estudo e professor do Departamento de Pesquisas em Economia do Crime da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), Erivaldo Costa Vieira, no entanto, a retomada econômica do setor de transportes, dos serviços auxiliares e dos Correios contribuiu para o aumento da criminalidade neste ano.
“Somente em junho de 2021, o número de roubos e furtos de caminhões e reboques teve uma alta de 7,22% na comparação com junho de 2020. No mesmo período, o setor cresceu 25,1%”, pontuou Vieira.
Em relação aos bairros da capital paulista, a maior parte dos boletins foi registrada em Anhanguera, Freguesia do Ó, Grajaú, Jaguará, Jaraguá, Rio Pequeno, São Domingos, Sapopemba, Vila Leopoldina e Vila Maria.
Cargas
O roubo de cargas também aumentou nos seis primeiros meses deste ano: 7,61% em relação ao primeiro semestre de 2020. Apenas em junho, foram 493 ocorrências, 19,65% acima do total do mesmo mês do ano passado.
De acordo com o Boletim Econômico Tracker-Fecap, os bandidos têm preferência por produtos alimentícios, combustíveis, têxteis, eletrônicos, bebidas, cigarros, defensivos agrícolas e itens farmacêuticos. O levantamento também apontou que os roubos e furtos geralmente são praticados pela manhã, quando os veículos estão carregados.
Segundo a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), esses tipos de crimes têm preocupado bastante as empresas do segmento, já que o aumento identificado neste ano acontece ao mesmo tempo em que elas investem cada vez mais em segurança e tecnologia.
Em contrapartida, considerando todo o território brasileiro, os dados apontam para um recuo na ação dos criminosos, de acordo com a associação. Foram 14.150 registros de ocorrências em rodovias e áreas urbanas no país em 2020, 23% a menos do que em 2019. “Mas o cenário ainda é de preocupação para os transportadores, que precisam arcar com os prejuízos, que permeiam a casa do R$ 1,2 bilhão”, informou a entidade.
De acordo com Ana Jarrouge, executiva do transporte de cargas, esse tipo de crime ainda não foi controlado e a tendência é que ele se agrave diante de crises socioeconômicas. “O crime de receptação continua alimentando o roubo de cargas, pois as mercadorias são rapidamente desovadas e comercializadas de forma ilegal. Enquanto não houver um combate de forma rígida e exemplar à receptação, os roubos continuarão existindo”, concluiu.
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