Caminhoneiros nada satisfeitos
Pesquisa mede o Índice de Satisfação dos Caminhoneiros nas Estradas, e nota fica em 1,5, distante da máxima de 5 pontos
A- A A+Não é novidade que a vida do caminhoneiro que roda pelas estradas do país não é nada fácil. Mas até hoje isso não havia sido medido. E o resultado mostrou que o trabalhador está muito insatisfeito com tudo que enfrenta todos os dias pelas rodovias. O Clube da Estrada, principal plataforma de relacionamento com os caminhoneiros, criou um índice de satisfação inédito que pontua entre 0 e 5 diversos itens referentes à vida de quem está na estrada.
Para a primeira pesquisa, foram ouvidos 1.150 caminhoneiros de todo o Brasil. No total de todos os itens questionados, o Índice de Satisfação dos Caminhoneiros nas Estradas ficou em 1,5 de um máximo de 5 pontos. Entre os itens que mais geram insatisfação está o preço dos combustíveis, que registrou nota média de 0,9 ponto.
Segundo informações do Clube da Estrada, foram avaliados sete temas importantes para o bom exercício da profissão: combustíveis, segurança, condições das rodovias, condição e disponibilidade de pontos de parada e descanso, volume de trânsito, preço do frete e carga horária de trabalho.
O fator preço do combustível recebeu nota 0 de 52% dos caminhoneiros entrevistados para a pesquisa. O valor do diesel varia de acordo com a região do país, mas, neste ano de 2022, chegou a passar dos R$ 7 o litro. Devido a aumentos sucessivos, a categoria passou a receber um auxílio do governo federal no valor de R$ 1.000 com o objetivo de repor o valor gasto pelos caminhoneiros, especialmente os autônomos.
Outros 38% dos entrevistados pelo Clube da Estrada avaliaram o preço do combustível com notas 1 ou 2. Segundo o Clube da Estrada, foi realizada uma pesquisa recentemente com esse tema, e se identificou que 52% dos caminhoneiros gastam acima de R$ 10 mil com diesel por mês e que 55% deles rodam mais de 9.000 km pelas rodovias do país todos os meses.
Na avaliação dos caminhoneiros pesquisados, o medo de ter as mercadorias roubadas ou sofrer um assalto nas estradas é grande. Por isso, a segurança nas estradas foi avaliada com pontuação bem baixa, mostrando que é um problema que precisa ser enfrentado pelas autoridades. Recebeu a nota 1,49 no índice. Entre os entrevistados, 20% deram nota zero; 30%, nota 1; e 35%, nota 2 para o item segurança.
Conforme foi divulgado pelo Clube da Estrada, um levantamento recente da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística apontou que, em 2021, o prejuízo com roubo de cargas passou de R$ 1,27 bilhão.
Já o item condição das estradas ficou em terceiro lugar com menos avaliação, recebendo 1,73 ponto. Para a situação dos pontos de parada e descanso, a nota recebida foi de 1,84. E volume de trânsito veio em seguida, com 2 pontos, empatado com preço do frete, que também recebeu 2 pontos na avaliação. A maior pontuação, ou seja, aquilo em relação a que o caminhoneiro se diz mais satisfeito, foi a carga horária de trabalho, com 2,4 pontos. No entanto, esse item, que ficou em primeiro lugar no ranking de avaliação, não chegou nem à metade da pontuação máxima.
PREOCUPAÇÃO
Para Thomas Gautier, CEO do Freto, a logtech mantenedora do Clube da Estrada, todos os dias são ouvidas queixas dos caminhoneiros quanto às condições enfrentadas nas estradas. “Esse resultado comprova a insatisfação geral. Nós, do Freto, ficamos muito preocupados com o índice de segurança nas estradas. Quando falamos de humanologística, de uma logística feita por pessoas para pessoas, isso passa pelo respeito e pelo senso de segurança deles”, afirmou Gautier.
“Temos que trabalhar coletivamente com instituições públicas, privadas, associações de classe e governo para melhorar essas condições”, completou o CEO.
Segundo ele, o índice foi criado com o propósito de informar a sociedade sobre as necessidades da categoria e os impactos de determinados acontecimentos na sua rotina profissional. “Esse índice abre um diálogo inédito que começou há mais de nove anos, com o nascimento do clube e do monitoramento das condições de trabalho dos caminhoneiros do Brasil”, disse.
A pesquisa foi realizada entre os meses de junho e julho, e os resultados foram divulgados em outubro.
AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião de Revista Entrevias. É vedada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. Revista Entrevias poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.