Câncer de fígado: é hora de se prevenir

Pesquisa revela que brasileiro atribui a doença apenas ao álcool e ao tabagismo. Principal forma de prevenção, no entanto, está na detecção de hepatites virais.

Saúde / 21 de Dezembro de 2021 / 0 Comentários
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O brasileiro acredita que o câncer de fígado ocorra somente por conta do consumo de álcool e do tabagismo. É o que revela uma pesquisa encomendada pelo Instituto Brasileiro do Fígado (Ibrafig), realizada em setembro deste ano. A informação, porém, não corresponde à realidade. De acordo com a entidade, esse é o tipo mais frequente da doença no país e o terceiro que mais mata.

Segundo o presidente do Ibrafig, o hepatologista Paulo Bittencourt, a maioria dos casos de câncer primário de fígado é causada por hepatites virais, principalmente a B e a C. “São doenças tratáveis e preveníveis. A gente pode falar que grande parte da população brasileira negligencia a prevenção de um dos principais tipos de câncer, que é o de fígado”, afirmou o médico.

Os testes para as hepatites virais são gratuitos na rede pública, e o tratamento também pode ser feito inteiramente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Aproximadamente 296 milhões de pessoas no mundo têm hepatite B e 58 milhões, a C. Para a primeira, existe vacina no Brasil.

A sondagem feita pelo Ibrafig identificou que apenas 40% dos entrevistados já fizeram algum teste para detecção de hepatites virais. Foram ouvidas 1.995 pessoas maiores de 18 anos em 129 municípios brasileiros. A resposta predominante sobre o motivo de não fazer o exame foi a ausência de algum sintoma relacionado ao órgão em questão.

 

Alerta

O câncer de fígado é uma doença silenciosa, conforme salientado por Bittencourt. Isso quer dizer que ele se instala sem causar nenhum sintoma ou desconforto. “Quando esse câncer se manifesta, já está em fase muito avançada, cujo tratamento curativo não é mais possível”, alertou o hepatologista.

Segundo ele, pessoas a partir de 40 anos devem fazer o teste de hepatite C, a principal causa de câncer primário de fígado. De acordo com dados do DataSUS, 70% das pessoas com a enfermidade no Brasil receberam o diagnóstico somente na fase terminal, com média de sobrevida de apenas três meses.

“É um engano pensar que o câncer de fígado é gerado somente pelo alcoolismo e pelo tabagismo. Quem não bebe nem fuma tem um risco menor, mas as hepatites virais são as principais causas”, ressaltou o presidente do instituto.

Quando diagnosticada em estágio precoce, a doença pode ser tratada por meio de cirurgia, radiologia intervencionista e transplante se houver cirrose.

 

Covid-19

Bittencourt explicou que, com a pandemia da Covid-19, a prevenção vem deixando a desejar. Devido ao distanciamento social, muitas pessoas pararam de fazer exames preventivos. Quem tem cirrose, por exemplo, precisa realizar um rastreamento com ultrassom a cada seis meses, já que faz parte do grupo mais sensível a desenvolver esse tipo de câncer.

Anualmente, cerca de 8.000 pessoas desenvolvem câncer de fígado no Brasil, de acordo com o DataSUS. Os casos novos de cirrose ficam entre 20 mil e 30 mil. O câncer na fase inicial, segundo Bittencourt, tem chance de cura de até 70%.

Além de fazer os exames específicos, especialmente após os 40 anos, é importante tomar a vacina contra a hepatite B e adotar bons hábitos de vida, como evitar o consumo de álcool e gordura e prevenir a obesidade e o diabetes.

 

Meta

O Brasil e a Organização Mundial da Saúde firmaram um compromisso para erradicar a hepatite até 2030. Para ajudar no diagnóstico e no cumprimento da meta, o Ibrafig lançou neste ano a campanha “Não vamos deixar ninguém para trás”.

O teste de hepatite C deve ser feito por quem tem idade igual ou superior a 40 anos, ou que recebeu transfusão de sangue ou transplante de órgão antes de 1993, usuários de drogas injetáveis, pessoas que compartilham agulhas, as que foram submetidas a procedimentos de tatuagens, piercings ou escarificação sem material descartável, que possuem múltiplos parceiros sexuais ou infecções sexualmente transmissíveis ou quem consome álcool em excesso. (Com a Agência Brasil)

 

 

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