Cansaço pode virar enfermidade
Síndrome de Burnout passa a ser considerada uma doença, e classificação acende o alerta para a exaustão relacionada ao trabalho
A- A A+A sensação constante de cansaço físico e mental, os pensamentos negativos e a falta de realização profissional são fatores que podem estar ligados a um fenômeno classificado como síndrome de Burnout. Recentemente, essa condição foi reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma enfermidade relacionada ao trabalho e recebeu uma Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID).
As patologias mentais ainda são estigmatizadas na sociedade, mas o reconhecimento do Burnout foi mais um passo para que as pessoas se conscientizem. O advogado trabalhista Vinícius Cascone afirma que é importante o trabalhador identificar os sintomas e buscar a ajuda de um médico para uma análise profissional.
A síndrome de Burnout é definida pela OMS como resultante de um estresse crônico associado ao local de trabalho que não foi adequadamente administrado. A definição lança um alerta para as empresas e também para as lideranças, que precisam se sensibilizar e promover treinamentos pra reconhecer ambientes tóxicos para os funcionários.
De acordo com a OMS, a primeira dimensão da síndrome é a sensação de exaustão ou falta de energia. Em seguida, surgem pensamentos e sentimentos negativos em excesso, cinismo e distância em relação ao trabalho. Na terceira dimensão, está a sensação de ser ineficaz e não se sentir realizado naquilo que se faz.
Ao ter uma CID, a doença passa a ser reconhecida a título de afastamento, inclusive com necessidade de perícia do Instituto Nacional de Seguridade Social e de custeio de despesas tanto pela empresa quanto pela instituição federal.
Também conhecido como síndrome do esgotamento profissional, o Burnout é um distúrbio psíquico causado por exaustão extrema. Mesmo relacionado ao trabalho, ele afeta quase todas as áreas da vida. É resultado do acúmulo de estresse e de tensões (as emocionais e as geradas pelo ofício devido à pressão constante).
O tratamento da enfermidade deve ser feito com uso de medicamentos prescritos por um psiquiatra e também requer acompanhamento psicológico.
Transtornos
Segundo dados da OMS, entre os brasileiros, 18,6 milhões sofrem de ansiedade de maneira patológica. Com a Covid-19, o quadro se agravou por conta das restrições sociais e financeiras e da concentração de tarefas.
Para o coordenador-geral de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas do Ministério da Saúde, Rafael Bernardon, o estresse agudo, crônico e pós-traumático e a síndrome de Burnout são fenômenos importantes, conhecidos e causados também pela pandemia.
“Estudos mostram que 30% dos pacientes que tiveram Covid-19 desenvolveram algum sintoma psiquiátrico. Já sabemos que há pessoas com quadros que não tinham antes, como distúrbios do humor, ansiedade, indisposição, fadiga crônica e problemas de memória”, afirma Bernardon.
De acordo com o especialista, no caso da síndrome, o primeiro passo é reconhecer a necessidade de ajuda e procurar um profissional. Ele enfatiza que, quanto mais cedo for feito o diagnóstico, menos chances o quadro terá de se agravar.
Por isso, é fundamental ficar atento aos sintomas: cansaço mental e físico, insônia, dificuldade de concentração, perda de apetite, irritabilidade e agressividade, lapsos de memória, desânimo e apatia, baixa autoestima, dores de cabeça e no corpo, negatividade constante, sentimentos de derrota, fracasso e insegurança, isolamento social, pressão alta e tristeza excessiva. (Com a Agência Brasil)
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