Celular = embriaguez
Sempre à mão, celulares estão se tornando a maior causa de acidentes de trânsito no mundo, sendo comparados ao álcool. Estudo recente revela alto índice de batidas e vítimas fatais devido à distração de motoristas.
Sempre à mão, celulares estão se tornando a maior causa de acidentes de trânsito no mundo, sendo comparados ao álcool. Estudo recente revela alto índice de batidas e vítimas fatais devido à distração de motoristas.
Considerado uma importante ferramenta de comunicação e de auxílio de navegação, o celular também tem sido, paradoxalmente, o vilão das estatísticas de acidentes de trânsito, já sendo comparado ao álcool – e, em alguns casos, até mais nocivo do que a bebida. Um novo estudo conduzido pelo Centro de Tecnologia Allianz (AZT), divulgado no fim de abril deste ano, evidenciou, mais uma vez, o risco de se dividir a atenção entre o trânsito e os aparelhos tecnológicos.
O levantamento feito com motoristas correlacionou os altos índices de acidentes ao uso de dispositivos de informação, comunicação e entretenimento disponíveis nos veículos. Durante entrevistas feitas com condutores que se acidentaram nos últimos três anos, 60% deles admitiram que estavam usando o celular no momento em que dirigiam, enquanto apenas 37% dos que declararam cometer a mesma infração não sofreram nenhum acidente. E o cenário é ainda mais crítico: no total, 74% dos motoristas assumiram que se distraem de alguma maneira ao volante.
Para o diretor de Sinistros da Allianz Alemanha, Jochen Haug, no entanto, os resultados não foram recebidos com surpresa. “Quanto mais itens de tecnologia houver no veículo e mais complexa for a operação, mais distraído estará o motorista em relação ao trânsito”, afirma.
Essa constatação também foi destacada no estudo do AZT. Conforme apresentado pela Allianz, as infrações relacionadas ao uso inadequado de dispositivos variados são constantes: três a cada quatro entrevistados confirmaram que se distraem regularmente com as tecnologias disponíveis nos veículos, e 39% afirmaram que operam manualmente o sistema de navegação ao mesmo tempo em que dirigem.
Ainda de acordo com o estudo, um em cada quatro motoristas disse que lê mensagens de texto ao volante, e 15% informaram que as respondem. Esse comportamento é mais comumente observado em pessoas com mais de 24 anos. O levantamento da seguradora mostrou que, a partir dessa idade, 27% dos condutores leem as mensagens, e outros 23% enviam a resposta enquanto estão dirigindo.
Alerta mundial
As conclusões do Centro de Tecnologia alemão vão ao encontro de pesquisas internacionais realizadas a respeito do mesmo tema. Segundo o AZT, um estudo feito há três anos nos Estados Unidos, com 1.211 motoristas, mostrou que quase 60% deles leem mensagens no celular com o veículo em movimento. Um mês depois dessa apuração, os pesquisadores perceberam uma estreita relação entre o descumprimento da legislação de trânsito e os índices de colisão no país norte-americano.
Lá, um quarto de todas as mortes de adolescentes e jovens adultos é provocado por acidentes de trânsito com veículos motorizados. Dados da U.S. National Highway Traffic Safety Administration – uma agência governamental norte-americana –, levantados em 2015, indicaram que 36% de todos os motoristas distraídos envolvidos em colisões tinham de 15 a 29 anos.
O quadro é tão grave que, conforme destacado pelo AZT, especialistas já concluíram que um décimo dos acidentes de trânsito com fatalidade é causado pela distração dos condutores. Nas estradas alemãs, por exemplo, foram registradas mais de 3.200 mortes em 2016. Desse total, 256 estavam relacionadas a acidentes provocados por pessoas alcoolizadas, e outras 350, aproximadamente, ocorreram devido à distração dos condutores dos veículos.
“O comportamento em relação à bebida alcoólica mudou. Não é mais socialmente aceitável beber e dirigir. Nós precisamos adotar a mesma atitude em relação ao uso do celular ao volante”, diz Jochen Haug.
O diretor de Sinistros da Allianz lembra que, até cinco décadas atrás, era comum e admissível um motorista ingerir diversas taças de vinho antes de assumir a direção de um veículo. Em 1970, porém, depois que mais de 20 mil pessoas morreram nas rodovias alemãs, o governo estabeleceu limites de velocidade e impôs um nível máximo permitido de álcool no sangue a fim de frear os números da mortalidade. Recentemente, a definição de celulares foi ampliada no país europeu para abranger os tablets e dispositivos similares.
Infrações contemporâneas
Por causa das estatísticas devastadoras, o AZT defende que a distração ao volante seja incluída como uma causa oficial nos levantamentos de acidentes de trânsito e nas regulamentações do setor, de acordo com a Allianz. Outra proposta da seguradora europeia é a adoção de medidas adicionais, como desabilitar a navegação ou o acesso à internet nas telas disponíveis nos carros enquanto eles estiverem em movimento. “Nosso estudo é claro. O motorista que usa o celular enquanto dirige coloca outras vidas em risco”, conclui Haug.
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