Condutor da recuperação

Essencial para a manutenção econômica do país durante a pandemia da Covid-19, o desempenho do transporte foi um dos destaques do Produto Interno Bruto (PIB) do ano passado, conforme mostrado pelo Radar CNT do Transporte, divulgado no início de março. No confronto anual, o setor registrou um crescimento de 11,4% em relação a 2020, enquanto o PIB geral avançou 4,6% – naquele ano, os índices foram -8,4% e -3,9%, respectivamente.

Esse foi o primeiro resultado positivo desde o início da crise sanitária provocada pela disseminação mundial do novo coronavírus, de acordo com o levantamento da Confederação Nacional do Transporte (CNT). “Os números do PIB hoje apresentados são muito positivos, indicando uma retomada econômica importante, apesar de os impactos da pandemia ainda se mostrarem presentes. O forte crescimento do transporte reforça a relevância do setor e o nosso compromisso em promover o desenvolvimento do Brasil”, avalia o presidente da entidade, Vander Costa.

Considerando somente o último trimestre de 2021, o segmento avançou 2,6% na comparação com o terceiro trimestre. Já o PIB geral apresentou uma melhora tímida, de 0,5%, no mesmo período. A análise do Radar CNT do Transporte considera os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Cautela

Apesar do balanço positivo, a instituição pondera que a avaliação dos resultados do ano passado se dá a partir de uma base comparativa muito baixa, já que o primeiro ano da pandemia representou um período de crise e recessão, sobretudo no setor de serviços, por conta das restrições de mobilidade.

“Quando avaliado em uma perspectiva mais ampla, percebe-se que há uma recuperação dos efeitos da pandemia, porém o PIB para o transporte ainda não recuperou por completo os níveis observados no período pré-recessão de 2015-2016”, observa o estudo. “Sendo assim, é preciso considerar as perspectivas de continuidade relativas ao comportamento do setor que, por representar um serviço-chave para o país, está diretamente relacionado ao próprio crescimento da economia”, completa.

Segundo a confederação, a continuidade dessa boa fase dependerá do atual cenário externo, que vive um momento de turbulência devido à guerra na Ucrânia – tema da matéria especial desta edição da Entrevias –, que poderá impactar os preços internos e a movimentação de dólares no Brasil, e, consequentemente, a taxa de câmbio nacional, de acordo com a análise da CNT.

O levantamento da entidade também ressalta que, embora o boletim Focus do Banco Central (BC) indique um crescimento de 0,3% do PIB neste ano, o cenário econômico ainda é muito incerto. A manutenção da inflação em patamares elevados tem conduzido o BC a uma política de crescimento da taxa de juros (a Selic), o que poderá tornar o crédito mais caro no país para o consumo e os investimentos. Diante de tantas incertezas, o melhor caminho é o da cautela. (Com a Agência CNT Transporte Atual)