Conhecimento como aliado

Problemas de atenção e processamento de informação são responsáveis por mais de 60% dos acidentes fatais

Organização Mundial da Saúde (OMS) revela que as principais causas de mortalidade no trânsito são excesso de velocidade, uso de álcool e condução, não-uso do cinto de segurança, de dispositivos de segurança para crianças e de capacete por motociclistas. O Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) alerta: “Para mudar esse quadro, dependemos da mudança de atitude de todos os atores
no trânsito (pedestres, ciclistas, passageiros e condutores). O ator do trânsito deve ser tratado como alguém que tem o poder de decidir seu destino, sendo responsável por suas próprias ações, e que vai sofrer as consequências de suas escolhas”.
Por isso, neste ano, a Semana Nacional de Trânsito, promovida pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran), traz como tema “Década Mundial de Ações para a Segurança do Trânsito – 2011/2020: seja
você a mudança”. Entre os dias 18 e 25 de setembro, ações pelo Brasil terão o objetivo de incentivar comportamentos seguros para a redução de acidentes.
José Aparecido da Silva, psicólogo e professor titular do campus de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, explica que, raramente, ocorrem problemas mecânicos sérios responsáveis por acidentes fatais. Do mesmo modo, o ambiente tem sido otimizado, e acidentes, dificilmente, são provo​cados
por algum fator ambiental. “Problemas relacionados ao processo de atenção, à tomada de decisão e ao processamento de informação são responsáveis por mais de 60% dos acidentes fatais. Aliados a isso,
fatores de personalidade e cognitivos têm elevado essa porcentagem”, informa.

PAPEL DE CADA UM
Todo condutor, quando habilitado, deve compreender a sinalização viária e conhecer a legislação de trânsito. Assim, ele saberá como prosseguir nas mais diversas situações para garantir sua segurança e a dos demais.
O presidente da Associação Brasileira de Profissionais do Trânsito (ABPTran), Julyver Modesto de Araujo, lembra que, no artigo 28, o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) estabelece que o condutor deverá ter domínio de seu veículo, dirigindo com atenção e cuidado para garantir a segurança do
trânsito. “Portanto, independentemente de sinalização, o condutor deve ficar atento às condições da via, com cautela especial nos cruzamentos. Deve ainda estar familiarizado com as normas gerais de circulação e conduta previstas no capítulo III do código. Conhecê-las e respeitá-las, além de evitar o
cometimento de infrações de trânsito, são atitudes que garantem a segurança viária e diminuem o risco de envolvimento em ocorrências de trânsito”.
O especialista apresenta comportamentos que merecem destaque, como, por exemplo, a necessidade de se manter uma distância de segurança entre o seu e os demais veículos e a exigência de se sinalizarem todos os deslocamentos laterais (conversões, retornos e mudanças de faixa de trânsito).

Outra situação se refere a uma conversão à esquerda em uma área em que não há semáforo. De acordo com Julyver, em casos de vias de mão dupla, o condutor deve aproximar-se ao máximo da linha divisória central da pista. Em pistas de sentido único, ele deve ir o mais perto possível do bordo esquerdo.
E ultrapassagem à direita? O código autoriza em uma via de mão dupla se um carro à frente se posicionar no centro da pista e sinalizar intenção de virar à esquerda. No caso de ausência de sinalização em cruzamento, a norma prevê três regras de preferência: via proveniente de rodovia;
veículo que já estiver na rotatória, quando houver; e, nos demais casos, aquele que vier do lado direito.
E mais dicas para um comportamento consciente no trânsito: os limites de velocidade devem ser respeitados; jamais dirija depois de consumir bebida alcoólica; fale ao celular somente quando não estiver dirigindo (antes de iniciar a jornada ou durante, se estacionar o veículo em local adequado); não escreva mensagens ou utilize aplicativos no celular quando estiver dirigindo e pare para descansar
quando estiver cansado ou não estiver se sentindo bem.