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Estradas / 03 de Novembro de 2015 / 0 Comentários
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Ipea e Polícia Rodoviária Federal divulgam estudo alarmante sobre custo social dos acidentes de trânsito; em 2014, foram gastos R$ 40 bilhões

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF/MJ) apresentaram, recentemente, a atualização de um estudo que mede os custos sociais em acidentes de trânsito. De acordo com o pesquisador e autor da análise, o técnico de planejamento e pesquisa do Ipea, Carlos Henrique Ribeiro de Carvalho, pesquisa surgiu há cerca de dez anos. Para sua atualização, foram utilizadas novas bases, fornecidas, sobretudo, pela Polícia Rodoviária Federal, e um novo cálculo foi gerado.“Fizemos, ainda, uma análise dos acidentes considerando 2014 e também os últimos anos. Referente ao custo, calculamos em torno de R$ 12 bilhões somente nas rodovias federais. Somando todas as estradas brasileiras e desconsiderando as áreas urbanas, chegamos a uma estimativa de aproximadamente R$ 40 bilhões de perda para a sociedade”, analisa Carvalho.​



CADEIA IMPRODUTIVA

Desses R$ 40 bilhões, o primeiro componente é a perda de produção, que responde por cerca de 40% de todos esses custos. No caso de uma vítima fatal, o cálculo é feito a partir do quanto de renda ela deixa de gerar ao longo de sua expectativa de vida. Esse custo recai, em parte, sobre a Previdência Social, pois, quando a pessoa falece, a família recebe pensão.
O impacto também é da família, já que há uma perda de renda se a pessoa está em idade produtiva. Outras vítimas não fatais são as pessoas com as lesões graves, que ficam um tempo ou, às vezes, permanentemente, afastadas do trabalho, incapazes de produzir.
Além desse componente, há os custos hospitalares, aquilo que se gasta na rede de saúde com os acidentes de trânsito. “Nós calculamos 20%, desse total de R$ 40 bilhões, referentes à estrutura do atendimento hospitalar. Desde o atendimento pré-hospitalar, aquele que ocorre quando o acidente acaba de acontecer; passando pelo hospitalar, quando a instituição de saúde recebe a pessoa, até o pós-hospitalar, necessário para a continuação do tratamento. Tudo isso vai pesar em um
custo para a sociedade”, aponta o autor do estudo.
Os danos patrimoniais, sejam privados ou públicos, são contemplados no cálculo.

POLÍTICAS PÚBLICAS
De acordo com o responsável pelo estudo, dois objetivos principais devem embasar as políticas públicas: reduzir a quantidade de acidentes e diminuir sua gravidade. Um acidente com vítima fatal
custa, em média, R$ 650 mil pelo cálculo do Ipea. Sem vítima, cerca de R$ 20 mil.

O primeiro grupo de políticas se refere à educação no trânsito. Em média, 20% das mortes estão associadas à desatenção, e aproximadamente 15% são provocadas pela ingestão de álcool ou pelo não-cumprimento das regras básicas de trânsito. Para combater esses problemas, segundo
o autor do estudo, são necessárias campanhas educativas permanentes enfatizando o uso de equipamentos de segurança, o capacete no caso de motocicleta, a importância de se cumprirem as regras de circulação e de não se ingerir álcool antes da direção, dentre outras medidas. “Os governos
estadual, municipal e federal precisam promover ações educativas, principalmente em escolas, para prepararmos o motorista de amanhã”.

O segundo grupo de políticas públicas está ligado à estrutura de fiscalização. A pesquisa mostrou que a Polícia Rodoviária Federal conseguiu uma redução de acidentes quando se compararam os anos de 2010 e 2014. Um dos motivos foi, segundo Carvalho, o fato de o órgão utilizar melhor as informações, concentrando seus efetivos nos trechos e nos horários mais críticos. Com isso, houve uma maior eficiência. “O governo tem de investir em estrutura de fiscalização. A presença do policial nas rodovias é que vai inibir os infratores de não cometerem os desvios de trânsito. Então, é importante que, além dessa estrutura, haja uma política de acompanhamento de informação estatística para o planejamento da operação. É preciso inteligência na estrutura de fiscalização”, exalta Carvalho.

O chefe da Divisão da Fiscalização de Trânsito da PRF, inspetor Stênio Pires, afirma que um trabalho está sendo feito para diminuir o número de mortes e, consequentemente, o valor do custo social. Ele enfatiza que, se a Polícia Rodoviária Federal não tivesse agido nos últimos quatro anos, o valor do custo social estaria em torno de R$ 18 bilhões. “Para 2015, nossa estimativa é que o número de mortos nas rodovias federais seja abaixo de 8.000”, conclui.

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