Cuidado com as doenças de verão
Micoses, queimaduras, diarreias e desidratação são problemas comuns nesta época do ano, principalmente para quem vai à praia

Juliano de Oliveira Sales, otorrinolaringologista especialista em rinosseptoplastia, que coordena o setor de otorrino do Hospital Mater Dei Contorno e o ambulatório de patologias nasais complexas do Hospital Universitário São José
O verão só termina em março e, pelo visto, vai continuar seco e quente. E quem sofre com isso é o nosso organismo. É nesta época que aparecem doenças típicas da estação. Quem está de férias e vai à praia ou se esbaldar em clubes, lagoas e cachoeiras deve ficar atento. Se tiver criança, então, cuidado redobrado. Queimaduras causadas pelo sol, micoses, desidratação, surtos como dengue e a nova febre chikungunya, e até leptospirose são comuns nesses meses. Além delas, as doenças respiratórias, que aparecem com a exposição excessiva ao ar-condicionado e com o tempo seco.
Segundo o otorrinolaringologista especialista em rinosseptoplastia Juliano de Oliveira Sales, que coordena o setor de otorrino do Hospital Mater Dei Contorno e o ambulatório de patologias nasais complexas do Hospital Universitário São José, geralmente, nesta época, há uma diminuição dos problemas respiratórios, mas, excepcionalmente neste ano, ocorre um aumento deles devido à baixa umidade relativa do ar, o que é não é comum no verão no Brasil. “A baixa umidade do ar começa a machucar a mucosa nasal, o que traz inchaço e problemas respiratórios diversos, como sinusites, rinites e obstrução nasal”, explica.
Ele alerta que a obstrução nasal está intimamente ligada à qualidade do sono. Portanto, uma pessoa que dorme mal tende a ter pior produção durante o dia, dificuldade de concentração e, até mesmo, sonolência diurna, que é, hoje, uma das causas de acidentes rodoviários. “Por isso, oriento todos a, além de tomarem muita água, fazerem a hidratação nasal com soro fisiológico várias vezes ao dia. Na persistência dos sintomas, ou agravamento deles, é importante procurar um especialista”, afirma.
Para as crianças, ele ainda sugere um cuidado maior. Além das patologias, de acordo com Sales, os pequenos são mais susceptíveis à desidratação pelo aumento da transpiração e pela incidência de diarreia devido às infecções alimentares, também comuns nestes meses. O mesmo vale para os idosos.
O calor favorece ainda a proliferação de bactérias. Por isso, é preciso redobrar os cuidados com as higienes pessoal e alimentar. Quem vai à praia ou tem contato com a areia deve ficar atento ao bicho geográfico. As fezes dos cães, por exemplo, podem estar contaminadas com o Ancylostoma caninum, um parasita que, em contato com a pele, causa lesões que provocam coceira. Elas possuem um contorno parecido com um mapa.
FUNGOS E BACTÉRIAS
As micoses também são causadas por fungos que podem ser adquiridos na praia ou em piscinas. Eles se desenvolvem rapidamente em contato com a pele úmida. Todo o corpo pode ser afetado, mas, principalmente as dobras, como virilhas, pés e unhas. A doença provoca escamação na pele e coceira. No pé, o fungo mais frequente é o chamado pé de atleta, também conhecido como frieira. O indicado é procurar um dermatologista e evitar a automedicação.
Outro problema comum nesta época são as queimaduras causadas pelas frutas cítricas quando caem na pele e esta fica exposta ao sol. Limão e maracujá são os principais vilões. As lesões demoram para desaparecer, podendo levar meses. A melhor forma de prevenção é evitar esse tipo de alimento quando se está exposto ao sol. Contudo, se isso acontecer, é preciso lavar bem as regiões do corpo onde houve o contato.
A exposição ao sol em excesso também pode provocar insolação, que resulta em uma intensa falta de ar, dor de cabeça, náuseas e tontura. A temperatura do corpo sobe além do normal, a pele esquenta, fica avermelhada e seca, e as extremidades, arroxeadas. A pessoa ainda pode perder a consciência. E não é necessário ficar diretamente sob o sol para ter insolação. A areia também reflete os raios solares, e o resultado pode ser o mesmo.
EXAGERE NA ÁGUA
A água é sempre fundamental e, no verão, com calor excessivo, torna-se ainda mais importante. O organismo perde mais água do que ganha por causa do suor, e, se ela não for reposta, sua falta irá afetar o funcionamento das células. Consumir dois litros de água por dia é o mínimo para se manter hidratado. Quem pratica atividades físicas precisa de mais: até três litros.
A boca seca é só o primeiro sintoma da desidratação. Esta pode levar a convulsões e coma. Para tratar esse quadro, o soro caseiro pode ser usado. Basta misturar uma colher de chá de açúcar e uma colher de café de sal em um litro de água. A pessoa deve tomar, a cada 20 minutos, à vontade ou depois da evacuação se houver diarreia.
O uso do protetor solar, na cidade ou na praia, é fundamental - e em qualquer época do ano. Saber qual é o ideal para o seu tipo de pele também é importante. Seja em creme, gel ou spray, para pele seca, normal ou oleosa, o uso excessivo do produto pode obstruir as glândulas e causar bolinhas vermelhas na pele. Deve-se escolher com atenção. Além disso, o calor e a umidade juntos podem causar a proliferação de fungos que provocam micoses e infecções. A atitude mais correta é manter o corpo seco, ou seja, enxugar-se bem após o banho e não ficar muito tempo com roupa molhada.
O INTESTINO SOFRE
O intestino é uma parte do corpo castigada nestes primeiros meses do ano. Em praias, sobretudo, turistas se alimentam de comidas novas, a que o corpo não está acostumado. Além disso, ingerem água sem o devido tratamento ou vão a lugares sem saneamento básico. O resultado são infecções gastrointestinais e intoxicação alimentar. As infecções, de origem viral ou bacteriana, acarretam náuseas, diarreias e vômitos. O ideal é consumir alimentos como vegetais, carnes e peixes crus apenas em lugares confiáveis, com qualidade no preparo dos itens. É fundamental observar também a conservação dos produtos alimentícios, principalmente em self-services e na praia, onde se vendem salgadinhos e peixes que ficam expostos ao sol. Para se ter uma intoxicação alimentar, basta que o alimento tenha sido infectado por micro-organismos. Essa contaminação pode causar diarreia, desarranjo intestinal, náuseas, vômitos, febre, cefaleias e, até mesmo, desidratação grave.
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