Da lama ao leilão
Famosa pelos atoleiros constantes, BR-163 é, enfim, concedida à iniciativa privada. Previsão é que trecho receba investimentos da ordem de R$ 3 bilhões ao longo de uma década.
A- A A+Foram anos de atoleiros e filas de caminhões parados na BR-163, no Norte do país, por causada situação precária da rodovia. Agora, o Ministério da Infraestrutura (Minfra) anunciou que o trecho entre Sinop (MT) e Miritituba (PA) será concedido à iniciativa privada e receberá cerca de R$ 3 bilhões em investimentos.
O ápice dos problemas da via foi registrado em 2018, quando o “inverno amazônico” – sinônimo de muita chuva na região Norte – foi rigoroso. Parte do agronegócio brasileiro ficou parada na estrada, e a situação ainda apresentou risco aos trabalhadores do transporte. Dali em diante, após muitas reivindicações, as obras foram retomadas com a ajuda do Exército e concluídas no início do ano passado, conforme mostrado pela Entrevias na época.
A rodovia tem um tráfego diário de cerca de 70 mil veículos, sendo 68% de caminhões. Toneladas de grãos, especialmente a soja, passam por lá todos os dias. Hoje, a BR-163 é o principal corredor logístico para o escoamento da safra agrícola do Mato Grosso, com mais de 1.000 km de extensão.
O leilão ocorreu em 8 de julho, na Bolsa de Valores de São Paulo. A rodovia será administrada, nos próximos dez anos, pelo consórcio Via Brasil BR-163, formado pelas empresas Conasa Infraestrutura S.A., Zeta Infraestrutura S.A., Construtora Rocha Cavalcante Ltda., Engenharia de Materiais Ltda. e M4 Investimentos e Participações Ltda.
“Estamos transformando a logística do Brasil, interiorizando-a e tornando nosso produtor mais competitivo. Esse é um movimento que não vai parar”, afirmou o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, após o anúncio do vencedor do pregão. A expectativa é que as intervenções na rodovia gerem em torno de 29 mil empregos ao longo da próxima década.
A proposta apresentada pelo consórcio Via Brasil BR-163 foi de uma tarifa de pedágio de R$ 0,07867 por quilômetro, um deságio de 8,09%. Com a concessão, serão investidos aproximadamente R$ 3 bilhões na rodovia, o que, de acordo com o governo federal, representa um passo importante para a consolidação do Arco Norte, o corredor logístico de exportação de grãos do país.
Com a pavimentação da BR-163 concluída em 2020, o custo do frete reduziu e os portos do Arco Norte registraram um crescimento de cerca de 20% na exportação de grãos, igualando-se ao porto de Santos (SP) e gerando uma economia de US$ 20 por tonelada transportada, segundo o Minfra.
Após o início da gestão do consórcio, as principais melhorias na rodovia deverão ocorrer até o quinto ano do contrato, de acordo com o ministério. Serão implementadas faixas adicionais, vias marginais e acostamentos e acessos aos terminais portuários de Miritituba, Santarenzinho e Itapacurá, por meio dos quais a carga segue pela hidrovia do Tapajós.
No projeto de concessão, consta ainda a construção de dois pontos de parada e descanso para os profissionais do transporte. Os usuários de dispositivos de pagamento eletrônico (tags) terão 5% de desconto no pedágio, e a praça de Trairão, no Pará, terá cobrança apenas para veículos comerciais com mais de quatro eixos por se tratar de um trecho urbano.
Desde 2019, o Minfra concedeu 71 empreendimentos à iniciativa privada, totalizando R$ 64 bilhões em investimentos. Somente em 2021, já foram realizados 30 leilões com R$ 20 bilhões envolvidos. O objetivo da pasta é alcançar R$ 100 bilhões até o fim do ano e fechar 2022 com ao menos R$ 250 bilhões em empreendimentos concedidos.
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