Defasagem do frete é de 12,9%
Estudo feito com mais de 300 empresas do país aponta novo aumento na diferença entre fretes cobrados e custos do transporte rodoviário de cargas; valor é mais baixo do que o apurado no mesmo período do ano passado
A- A A+A diferença entre os fretes praticados no mercado e os custos efetivos da atividade é de 12,9% segundo estudo realizado com mais de 300 empresas do setor de transporte rodoviário de cargas em todo o país. De acordo com a NTC&Logística, responsável pela análise, embora o número seja menor do que o do mesmo período do ano anterior (14,11%), ainda representa um aumento com relação à última pesquisa, feita em agosto de 2015 (10,14%).
O histórico da defasagem nas últimas pesquisas costuma trazer números maiores no início do ano e uma diminuição no término. Para o presidente da instituição, José Hélio Fernandes, isso se dá até pela conscientização do empresário após a primeira divulgação. “Essas taxas merecem atenção na hora de se gerenciarem os negócios. A defasagem de 12,9% é insustentável para um setor cuja margem de lucro historicamente, em períodos não recessivos, é da ordem de 5%, principalmente se considerarmos as previsões dos especialistas sobre a duração da crise: os mais otimistas vislumbram algum crescimento só em 2018”, comenta Fernandes.
Ele explica que a defasagem no frete tem sua origem tanto no acúmulo das diferenças ao longo dos anos, quanto na inflação dos insumos que compõem os custos, com o combustível e a mão de obra liderando o ranking. O desconhecimento de todos os custos que devem ser considerados no cálculo também pesa na conta. De acordo com a pesquisa, por exemplo, 68,4% dos transportadores de carga fracionada desconhecem ou não cobram a Taxa de Restrição de Trânsito.
DESEMPENHO
O objetivo da pesquisa é conhecer como o transportador está estabelecendo o frete. Contudo, nesta edição da apuração, também foi possível constatar que 75,8% dos entrevistados apresentaram queda no desempenho financeiro de 0,1% a 10% no ano passado. Ainda conforme aponta a pesquisa, 83,6% dos empresários não recebem fretes em dia, e 78% dos entrevistados estão pessimistas com o ano de 2016, não esperando nenhum crescimento e acreditando numa diminuição de mercado.
Para o setor de transporte rodoviário de carga (TRC), o ano não foi muito diferente em relação ao resto da economia brasileira. Não houve crescimento. O trabalho de sondagem que a NTC realizou indicou queda média no faturamento das empresas desse segmento na ordem de 8,9%, não se considerando o número de empresas que não participaram do estudo porque fecharam as portas ao longo do ano – para essas, a queda foi de 100%.
A inflação também não deu trégua para o setor. O Índice Nacional de Custos de Transporte registrou em 2015 variação de 9,01% para o transporte de carga lotação e 9,46% para o transporte de carga fracionada. Contribuíram, de forma significativa, para esses resultados os aumentos de mão de obra (com 9,0%) e do óleo diesel (com 14,02%), bem como a oneração do INSS sobre a folha de pagamento (em 50%).
Segundo Fernandes, como forma de enfrentar a crise por que passa o país, as empresas e os gestores mais preparados vêm fazendo o que podem. Arrumam a “casa”, cortando custos, e adiam os investimentos – a venda de caminhões e de implementos caiu quase pela metade no ano. “2016 deverá ser um teste para as instituições democráticas do Brasil. Mostrará se o país terá competência para colocar a economia nos eixos através de uma agenda que contemple, ao mesmo tempo, o curto e o longo prazos. Também é certo que a atividade de transporte de cargas vai continuar a existir, pois ela é fundamental para a sociedade. A questão não é essa, mas quais as empresas ainda estarão operando nesse mercado. Sobre esse aspecto, podemos afirmar que serão as ágeis e que tiveram competência suficiente para se adequarem ao período recessivo”.
AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião de Revista Entrevias. É vedada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. Revista Entrevias poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.