Defasagem do frete ultrapassa 14%

Estudo realizado com empresários do setor do transporte rodoviário de cargas identifica que não houve reajuste na prestação do serviço

Finanças / 23 de Outubro de 2014 / 0 Comentários
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A análise do Departamento de Custos Operacionais, Estudos Técnicos e Econômicos (Decope) da NTC revela defasagem do frete em torno de 14,06%. No início deste ano, a instituição realizou uma apuração com empresários do transporte rodoviário de cargas e identificou que o setor necessitava urgentemente de reajuste de, pelo menos, 14,06% para manutenção de compromissos e investimentos.
Contudo, em recente entrevista com representantes de empresas do ramo, o estudo mostrou que 56% praticam frete abaixo do custo calculado pela NTC (em média 21% menor), 24% com frete igual e 20% apontando um frete superior (em média 10,3% superior). O custo da NTC não contempla margem de lucro e a maioria dos impostos.

Ainda nessa linha, as respostas indicaram que neste ano as empresas tiveram, em média, uma queda no faturamento de 5,8%, sendo que 34% disseram que a queda foi superior a 10% e apenas 8,7% indicaram um crescimento superior a 10%.

Cada empresa tem suas peculiaridades, o que envolve diversos fatores e, por isso, o valor do frete pode, e deve, variar livremente, caso a caso. A NTC fornece indicadores e informações para balizar as organizações de modo que possam tomar a atitude mais adequada.

“Com relação aos motivos da defasagem, acredito que seja resultado da pressão do mercado por parte dos contratantes e da falta de critérios na cobrança do frete pelos transportadores. Durante o levanta mento, buscamos conhecer basicamente a situação econômico-financeira, o valor do frete cobrado e as expectativas futuras sobre o desempenho do mercado e da empresa ”, explica o assessor técnico da NTC, Antônio Lauro Valdívia.

O FUTURO

Para o próximo ano, o estudo revelou que 53% dos que responderam acreditam que a empresa não deve crescer ou vai diminuir de tamanho. Além disso, 88,7% estimam que o valor do frete deve piorar.
Diante disso, o assessor ressalta que as organizações, na medida do possível, não devem ceder às pressões de mercado, mas sim diminuir os custos e qualificar a receita. “Sugiro a todos que, neste momento de transição e ajustes da economia, sejam cautelosos e criteriosos com os novos negócios e, principalmente, com os antigos. Tenham controle efetivo dos custos envolvidos em cada um dos serviços prestados.”

Para o consultor em finanças Fernando Giúdice, um dos principais fatores que contribuem para a defasagem é o modo como é feita a negociação. Ele ressalta que o cálculo das variações de custos operacionais tem seu foco nos componentes mais sensíveis, como aumento dos preços dos combustíveis, dos pneus, dos valores dos veículos e dos encargos com mão de obra. “Os custos diretos da atividade-fim, que é movimentação da mercadoria da origem ao destino, montam a cifra de 54% do custo total e, por agregarem valor ao cliente, são mais facilmente negociáveis. As demais despesas de infraestrutura, tais como as comerciais, administrativas, financeiras e referentes a terminais de cargas, representam 46% dos custos totais e ficam reduzidas a uma negociação fluida, controvertida e de difícil acordo.” Giúdice alerta que, por consequência, apenas custos diretos do transporte são assumidos pelo cliente, criando-se uma defasagem cumulativa de perdas ao longo do tempo.

Outro ponto é a existência de concorrência predatória, com oferta de serviços subavaliados. O mercado se autorregula e isso, muitas vezes, acaba gerando uma padronização de preços que impede que os reajustes sejam devidamente aplicados.

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