Diesel na corda bamba

Transportadores afirmam que setor precisa de medidas na área fiscal

Economia / 21 de Setembro de 2022 / 0 Comentários
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Depois de um primeiro semestre turbulento e ainda longe de desonerar o transportador rodoviário de cargas, o preço do diesel começou a reduzir no país. Toda oscilação mostrou que o setor precisa de medidas urgentes, principalmente na área fiscal.

Neste ano, o diesel ultrapassou, pela primeira vez na história, o preço da gasolina. E a diferença aumentou quando o governo federal solicitou a redução dos impostos estaduais. O resultado foi: queda no preço da gasolina e diesel ainda nas alturas.

O presidente do Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustível e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (SindTanque-MG), Irani Gomes, na última edição da Entrevias, questionou: “A pergunta que fazemos é: por que as alíquotas sobre o óleo diesel não foram reduzidas também?”.

A resposta, segundo especialistas, é que, com o limite do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias (ICMS), tanto gasolina quanto óleo diesel deveriam ser afetados. No entanto, o diesel é fortemente influenciado pelo mercado internacional. Com a guerra na Ucrânia, dizem especialistas, a Europa está estocando diesel para a época mais fria, e, com isso, há falta do insumo no mercado mundial, elevando consideravelmente os preços.

Na edição passada da Entrevias, Irani Gomes disse que o valor do auxílio para o caminhoneiro até pode parecer muito –
R$ 1.000 por mês –, mas está longe de cobrir os impactos. “R$ 1.000 dão para colocar 130 litros, ou seja, um percurso de apenas 250 km. Isso é insignificante diante do que gasta um caminhão no transporte de carga”, detalhou na época.

O preço do diesel, de acordo com informações da Infomoney, é formado por quatro componentes: uma parte da Petrobras, correspondente a 63,2%; os impostos federais e estaduais (Cide, PIS/Pasep, Cofins e ICMS); o custo de distribuição e revenda; e o custo da adição de biocombustíveis, que, no caso do diesel, tem 10% de biodiesel. Segundo a Petrobras, o diesel possui 11,7% de ICMS, e os tributos federais estão zerados desde março.

Para o presidente da Cooperativa dos Transportadores de Automóveis e de Consumo do Estado de Minas Gerais, José Geraldo Faria, o Zé da Padaria, a redução do governo foi pequena, e o bônus para os autônomos não é uma solução.

“Primeiramente porque as medidas precisam ser para todos. A mesma situação que um autônomo passa o empresário também sente. Nós pagamos muitos impostos, a carga tributária do empresário de transporte é muito alta. As despesas só aumentam, e a margem de lucro diminui. Gostaria muito que olhassem mais para o empresário e reduzissem a carga tributária pra gente continuar crescendo, gerar emprego e renda”, disse Zé da Padaria.

 

 

Política de preços

No governo Michel Temer (MDB), a política de preços da Petrobras foi alterada para Preço de Paridade de Importação (PPI). Isso fez com que os reajustes da gasolina e do óleo diesel dependessem mais da cotação nos mercados mundiais, principalmente Golfo do México, Estados Unidos e Londres. O objetivo da Petrobras é concorrer com os principais importadores do mundo. No entanto, nos últimos anos, o prejuízo da medida foi sentido pelos brasileiros.

Segundo o diretor de Comercialização e Logística da Petrobras, Cláudio Matella, as dinâmicas que determinam o preço da gasolina e do diesel são distintas. Ele explica que, no caso do diesel, “o cenário continua bastante estressado no mercado internacional”. Isso, segundo ele, porque os estoques estão abaixo da média histórica no mundo.

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