Dor nas costas: ligue o sinal de alerta

Lombalgia acomete muitos trabalhadores da estrada e precisa de cuidados. Problema pode esconder doenças mais graves

Saúde / 14 de Janeiro de 2015 / 1 Comentários
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São horas sentado ao volante, muitas ve­zes, sem atentar para a adequada postura. Não é raro encontrar um trabalhador da estrada que reclame de dores na coluna, sentidas mais fortemente durante o ofício. Mas o problema é generalizado. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a dor nas costas acome­te ou ainda vai acometer, pelo menos por uma vez, 80% da população. Engana-se quem acha que é um problema simples e vai passar ou que é jovem para isso: a queixa está cada dia mais comum em todas as idades.

A dor nas costas, ou lombalgia, segundo o ortopedista e especialista do Centro Médico São José, na cidade de Cerquilho, em São Paulo, Filip­po Zozolotto, pode estar relacionada a problemas como traumatismo, excesso de carga, abaixar-se e levantar-se muitas vezes, fadiga, mau jeito, seden­tarismo, postura errada, estresse, carência de vita­minas e até problemas metabólicos, como hipoti­reoidismo e excesso de ácido úrico no organismo.

Um grande problema, segundo ele, é que mui­tos pacientes ficam anos sentindo dores e não pro­curam ajuda. “Muitos pacientes sofrem, há muito tempo, com dores constantes e não procuram aten­dimento médico, por acreditarem que a dor é uma patologia simples”, explica. No entanto, segundo Fi­lippo, inúmeras doenças graves podem parecer uma lombalgia, ou seja, a dor esconde uma enfermidade, como aneurisma aórtico, endometriose, gravidez tu­bária, cálculo renal, pancreatite e até cânceres.

Associado às dores, de acordo com o ortope­dista, vem outro problema: o uso indiscriminado e sem receita médica de medicamentos, principal­mente relaxantes musculares. A dor até pode pas­sar, mas volta assim que o efeito acaba. “A pessoa pode estar com uma doença de maior gravidade, um tumor, por exemplo, que terá os sintomas mas­carados com a automedicação”, alerta.

Recentemente, uma dissertação de mestrado apresentada na Faculdade de Medicina da Univer­sidade de São Paulo revelou que 59% dos cami­nhoneiros de São Paulo têm lombalgia. A principal causa apontada foi o elevado número de horas de trabalho. O resultado é o afastamento temporá­rio e até permanente do trabalho. A pesquisa foi feita pela fisioterapeuta Silvia Ferreira Andrusaitis, que revelou ainda que para cada hora de trabalho o risco de um motorista ter dor lombar au­menta 7%. A fisioterapeuta identificou que os 410 caminhoneiros entrevistados não apresentaram dor na região lombar antes do exercício da atividade.

PREVINA-SE!

Veja algumas dicas para evitar a lombalgia:

Pratique atividades físicas regulares. Uma dica é fazer caminhada em ritmo mais acelerado nas paradas, em volta do caminhão

Evite dormir sempre na mesma posição

Evite ficar longos períodos na mesma posição. É preciso parar, esticar o corpo, caminhar

Cruze as pernas esporadicamente para auxiliar no relaxamento da musculatura das coxas e da coluna lombar

Ao dirigir ou sentar-se, apoie bem as costas, com os pés inteiros no chão

Realize movimentos corretos de agachamento ao pegar um objeto no chão. Nunca curve a coluna para pegar o peso

Evite excesso de peso. Se for necessário, peça ajuda

Não guarde a carteira no bolso de trás da calça, pois sentar-se sobre ela pode causar um desequilíbrio na região lombar

Evite o uso de bolsas ou mochilas pesadas. O peso das mochilas não deve passar de 5% a 10% do peso da criança ou do adulto, a fim de não causar desconforto e, consequentemente, dor.

NA ESTRADA

No estudo, Silvia Ferreira destacou que, além da postura errada, os trabalha­dores da estrada permanecem sentados por muito tempo, com exposição à vi­bração do veículo, inclinações e rotações excessivas do corpo. Também carregam objetos pesados e mantêm a concentra­ção sem períodos adequados para relaxa­mento. De acordo com a pesquisa, 77% dos caminhoneiros pesquisados não pra­ticavam atividade física e 33,9% respon­deram que a dor nas costas reflete-se nos membros inferiores.

Segundo Filippo Zozolotto, o diag­nóstico da lombalgia é feito primeiro por meio de análise da vida do paciente, so­bre a profissão, hábitos e tempo em que sente as dores. Depois, são feitos exames de imagem para diagnosticar possibilida­des como traumatismo. No tratamento, é importante o repouso por dois ou três dias e uso de analgésicos e anti-inflamatórios. Para as lombalgias crônicas, segundo ele, é preciso aliviar a intensidade da dor, re­duzir a inflamação local, corrigir a fraque­za muscular, restabelecer a mobilidade e até fazer correções cirúrgicas em casos mais graves. Geralmente, são dores que persistem por mais de duas semanas.

Para os profissionais que trabalham du­rante longos períodos sentados dirigindo, é importante de tempos em tempos se mo­vimentar. Realizar alongamentos, paradas regulares para que a musculatura da coluna vertebral esteja em movimento. Deve-se evitar trechos longos e, ao início da dor, realizar exercícios de alongamento. Quanto ao uso de medicamentos, deve-se evitar re­laxantes musculares, pois estes, podem ter como efeito colateral o sono, prejudicando o trabalhador. Caso os sintomas persistam, mesmo com os exercícios de alongamen­tos, deve-se procurar um profissional da área, para realizar exames e diagnosticar a causa das dores, além de realizar o trata­mento correto, evitando, com isso, a piora dos sintomas e complicações da mesma.

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