É hora de dormir
Sono e cansaço são causa de seis em cada dez acidentes nas estradas. Campanha alerta para o problema, e única solução, segundo especialistas, é parar e descansar.
A- A A+Quando chegam, o sono e o cansaço podem gerar estragos. Não é todo mundo que pode ou consegue dar aquela dormidinha após o almoço ou tem uma noite tranquila, de, no mínimo, oito horas de sonhos. Se essa for a rotina dos trabalhadores da estrada, a atenção a esses dois fatores é importante, e a chegada deles não pode ser descartada. Segundo dados da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), o sono e o cansaço são a causa de 60% dos acidentes nas estradas do país.
Dormir mal, de acordo com a Abramet, reduz em 50% a concentração, a produção e a qualidade das atividades desempenhadas por um indivíduo. Diante de dados alarmantes, a recomendação não poderia ser outra: “Dormir oito horas por noite, ter um bom café da manhã e, em seguida, assumir a direção veicular são atitudes que trarão mais segurança e melhor qualidade de vida no trabalho”, garante o diretor do Departamento de Medicina do Tráfego Ocupacional da associação, o médico Dirceu Rodrigues Alves Júnior.
Recentemente, a Abramet, a Academia Brasileira de Neurologia (ABN) e o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) lançaram a campanha “Não Dê Carona para o Sono”. O objetivo é diminuir o número de acidentes de trânsito relacionados ao sono não só em São Paulo, mas em todo o Brasil.
Dirceu Rodrigues explica, em artigo publicado no site da Abramet, que o sono é uma necessidade básica do organismo e é importante para recompor o desgaste gerado por um dia de atividades. Ele diz ainda que o sono tem duas fases: em uma os olhos se movimentam rapidamente; na outra, mais lentamente. Juntas, elas proporcionam a liberação do hormônio do crescimento, a recuperação mental, o equilíbrio do estado imunológico e hormonal e a recomposição dos neurotransmissores.
Segundo Dirceu, é relevante lembrar que as sete ou oito horas necessárias são de sono noturno, tempo que não pode ser substituído totalmente pelo diurno. “Durante o dia, uma série de fatores traz transtornos para uma boa higiene do sono. O calor, o barulho, a luminosidade, a limpeza da casa, a brincadeira das crianças e outros fatores que concorrem para alterar o ciclo do sono. Ele é interrompido a cada momento. Nessas condições, o indivíduo retoma o trabalho não recuperado por estar privado do sono. Em consequência, terá uma direção insegura porque a atenção, a concentração, o raciocínio, a vigília, a percepção e respostas motoras ficarão comprometidas”, afirma.
Além disso, é comum que as pessoas sintam sono após a alimentação, especialmente se ela for rica em carboidratos. Esses alimentos estimulam a liberação da melatonina, que é um dos hormônios do sono. Medicamentos também podem levar a essa condição.
A campanha alerta para as principais causas de sonolência, que podem ser dormir menos que o necessário, ficar acordado várias horas seguidas e ter algum tipo de doença, como a apneia do sono. Conforme informações da campanha, o sono com duração inferior a cinco horas por noite aumenta em 4,5 vezes o risco de acidentes. Ficar acordado muito tempo compromete a capacidade de dirigir de forma semelhante à ingestão de bebida alcoólica.
As entidades que participam do alerta “Não Dê Carona para o Sono” traçaram um perfil das pessoas com maior risco de sofrer acidentes nas estradas ou nas cidades por causa da sonolência ao volante. Os jovens de até 25 anos se envolvem em aproximadamente 50% das batidas por sono, já que frequentemente dirigem à noite após várias horas sem dormir. Os motoristas profissionais, de acordo com a pesquisa, são outro perfil por não dormirem o tempo necessário, dirigirem em longos períodos, muitas vezes à noite, e porque muitos sofrem apneia do sono. Outro perfil traçado é o dos trabalhadores noturnos, que dirigem para a casa, muitas vezes longas distâncias, depois de plantões de madrugada.
As dicas para a hora de sonolência são parar o carro ou o caminhão em local seguro e bem-iluminado, tomar um café forte, fechar as janelas, trancar as portas e se deitar no banco para dormir de 20 a 30 minutos. Mas a campanha alerta que a medida é apenas paliativa. O ideal é parar em local adequado e dormir. Se a pessoa mantiver o hábito de dormir oito horas por noite e ainda assim se sentir sonolenta e ter fadiga com frequência, deve procurar a ajuda de um profissional.
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