Em nome de Zé Carneiro
Projeto de lei que sugere mudar nome do trecho de Nova Lima do Anel Rodoviário para José Acácio Carneiro é aprovado em comissãorevista
Reunião da Comissão de Transporte discutiu, em maio, proposta de homenagear sindicalista
Deputados federais aprovaram, na Comissão de Viação e Transportes, em Brasília, o projeto de lei que faz uma homenagem a José Acácio Carneiro, que presidiu o Sindicato dos Transportadores Autônomos de Minas Gerais e morreu em um acidente na BR-040 em janeiro do ano passado. Apresentada pelo deputado mineiro Diego Andrade (PSD), a proposta é para que o trecho do Anel Rodoviário de Belo Horizonte que corta a cidade de Nova Lima receba o nome do sindicalista.
A rodovia, que liga as BRs 040 e 381, atualmente é chamada de Celso Mello Azevedo, que foi prefeito de Belo Horizonte na década de 1950. Autor da proposta, Diego Andrade justifica que José Acácio Carneiro, que faleceu aos 62 anos, mais conhecido como Zé Carneiro, lutou durante anos pela classe dos transportadores.
José Acácio Carneiro foi um dos principais representantes dos trabalhadores no transporte em Minas e no país e morreu no ano passado em acidente na BR-040
“Ferrenho defensor de melhorias nas rodovias que cercam Belo Horizonte, ele participou de várias lutas, como a que introduziu vários radares no Anel Rodoviário de Belo Horizonte, a fim de reduzir os riscos de mortes na via”, afirmou o deputado.
Para Carlos Roesel, presidente do Sindicato dos Cegonheiros de Minas Gerais (Sintrauto), a homenagem é justa e necessária. “Nada mais justo que homenagear esse grande homem. O Zé Carneiro representou, para o transporte, um grande potencial de luta. Foi capaz de dedicar sua vida em favor de seus ideais e merece o reconhecimento do homem íntegro que foi”, disse.
Para o presidente do Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC), Nélio Botelho, seria uma homenagem justa. "No meu entendimento, essa seria a mais justa mensagem a um personagem que marcou passagem pelo setor de transporte rodoviário, tanto comercial quanto sindical, mineiro e brasileiro, onde dedicou toda a sua competente experiência", afirmou.
Para Márcio Arantes, presidente da Associação de Benefícios e Proteção ao Amigo Caminhoneiro (Abpac), a homenagem é importante. "A homenagem a este sindicalista reflete a força que o transporte de cargas tem neste país. Se todos se engajassem nesta luta, como fez o Zé Carneiro, muita coisa já teria mudado", disse.
A revista Entre-Vias sempre acompanhou a trajetória de Zé Carneiro. O representante do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Centro-Oeste mineiro (Setcom) e diretor da Entre-Vias, Geraldo Assis, esteve com ele em várias lutas e diz que a morte de Zé Carneiro causou muita tristeza para todos do setor, inclusive da redação da comissãorevista. “Jornalistas que entrevistaram essa personalidade se abalaram com a notícia. E, agora, com essa justa homenagem, ficamos com o sentimento de dever cumprido. Agradecemos aos deputados pelo empenho em homenagear um lutador e defensor do transporte de cargas no país”, declarou.
Além de presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Minas Gerais, Zé Carneiro liderou a Contracargem, entidade que defendia os interesses dos transportes de minério da região de Itabirito e Congonhas. Zé Carneiro era o representante em Minas do Movimento União Brasil Caminhoneiro e sua atuação foi fundamental para as vitórias conquistadas pela classe.
“Era um dos sindicalistas mais renomados em atividade no país. Sua morte deixa uma lacuna na luta do sindicalismo mineiro, não apenas na área de transporte, mas em todas as áreas pelo seu jeito combativo e atuante”, afirmou, ao defender o projeto, Diego Andrade.
O autor esclareceu, em reunião da Comissão de Viação e Transportes, que o nome seria modificado apenas no trecho do Anel Rodoviário que está no perímetro da cidade de Nova Lima, ou seja, o restante da via continuaria denominado Celso Mello Azevedo. “Não queremos tirar a homenagem que já é feita hoje, mas sim rebatizar o trecho de Nova Lima, onde a luta de Zé Carneiro foi intensa. Ele liderou a categoria dos caminhoneiros e lutou por melhorias na rodovia que até hoje não aconteceram. Ele parou o Anel várias vezes e, por ironia do destino, foi morto justo no trecho”, justificou o autor, em plenária.
O relator Washington Reis (PMDB-RJ) também foi favorável à proposta de homenagear Zé Carneiro. “Vamos fazer essa linda homenagem no trecho que compreende parte da BR-040, por isso, meu parecer é favorável”, disse.
Zé Carneiro, como era chamado pelos colegas, foi vítima de um engavetamento causado por um caminhão carregado de areia na BR-040, altura de Nova Lima, próximo ao trevo de Macacos, no sentido BH, por volta das 15h30 de uma sexta-feira, 18 de janeiro de 2013.
O caminhão não conseguiu parar em um engarrafamento na via por causa de um acidente que havia ocorrido antes. A falta de sinalização e as condições da via impediram que o condutor do caminhão, segundo descreve o parecer do deputado Diego Andrade, tivesse visibilidade para frear a tempo.
O veículo passou por cima do carro do sindicalista e ainda atingiu uma carreta, outros dois veículos e uma moto. “A morte do Zé serviu para evitar a morte de várias pessoas. Se não tivesse batido no carro dele e na carreta, o caminhão passaria por cima de um monte de carro pequeno. O condutor da carreta que impediu uma tragédia maior, coincidentemente, também era amigo do Zé”, disse, na época da tragédia, o presidente do Sindicato da União Brasileira dos Caminhoneiros, José Natan. Zé Carneiro deixou mulher, três filhos e netos.
O projeto de lei do deputado Diego Andrade segue agora para avaliação em outras comissões antes de ir a votação no plenário.
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