Em queda livre
Investimentos do governo federal em infraestrutura de transporte atingem o menor percentual dos últimos 12 anos
A- A A+Os dados revelam o que os transportadores percebem diariamente nas rodovias brasileiras: os investimentos em infraestrutura de transporte promovidos pelo governo federal, incluindo os aportes diretos da União e aqueles feitos pelas empresas estatais, corresponderam a apenas 0,14% do Produto Interno Bruto (PIB) do país no ano passado. Esse é o menor percentual registrado nos últimos 12 anos, de acordo com o boletim “Economia em Foco”, da Confederação Nacional do Transporte (CNT).
Com o resultado, o indicador se mantém em uma trajetória de queda praticamente contínua desde 2011, depois de ter registrado um pico de 0,40% em 2010. No caso do modal rodoviário, o total investido pelo governo federal aumentou apenas pontualmente, em termos nominais, em 2014 e em 2016.
“O transporte é estratégico para a economia brasileira por múltiplos fatores. Do ponto de vista histórico, tem a função de superar gargalos estruturais que aumentam o custo logístico e atrapalham a produtividade do país. Da perspectiva conjuntural, tem a dupla capacidade de reativar a demanda das empresas por máquinas, equipamentos e serviços e de gerar um volume mais expressivo de postos de trabalho em um curto período de tempo, contribuindo para a retomada do crescimento do segmento de construção e para uma recuperação mais promissora da economia”, afirma a CNT.
Especialistas pontuam que o investimento em infraestrutura é um motor particularmente importante para amenizar a depressão associada à crise global e, na sequência, puxar a retomada do crescimento.
Para isso, o governo busca parcerias com o setor privado por meio do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) desde 2016. Contudo, esse esforço ainda não conseguiu reverter a trajetória de queda dos investimentos privados em infraestrutura de transporte. Depois de terem atingido o pico de 0,31% do PIB em 2014, esses investimentos caíram continuamente por quatro anos, ficando no patamar de 0,17% do PIB em 2018.
“O caminho mais pragmático e eficiente para superar as restrições de infraestrutura do país é a combinação, integrada e complementar, dos investimentos públicos e privados. Considerando a política de ajuste fiscal, o uso mais pragmático dos aportes públicos requer o desenho de regras fiscais que não penalizem o investimento. O atual momento de nova (e mais intensa) desaceleração da economia, diante de medidas de saúde adotadas em todo o mundo que paralisam a atividade econômica, faz com que a estratégia de usar a infraestrutura como o principal impulso para a retomada do crescimento torne-se cada vez mais necessária. Sem um verdadeiro impulso na infraestrutura com o segmento de construção, fica muito difícil gerir e conter os danos econômicos no Brasil relacionados ao conturbado contexto internacional e à pandemia do novo coronavírus”, conclui a CNT.
AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião de Revista Entrevias. É vedada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. Revista Entrevias poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.