Extremos do clima impactam o transporte
Chuvas mais intensas e seca prolongada: mudanças climáticas têm afetado as rodovias e a vida dos caminhoneiros
A- A A+Estação após estação, em cada ponta do Brasil, transportadores convivem com diferentes tipos de clima e condições nas rodovias. Em uma mesma viagem, podem se deparar com chuva intensa e lama no Centro-Oeste e no Norte, queda de barreiras no Sudeste, calor intenso no Nordeste, clima seco no Sul e até neve se atravessam a fronteira. Diante de tantas mudanças climáticas, quem está na estrada percebe diferenças no ar, na vegetação e na resposta da natureza aos danos ambientais.
De acordo com uma análise publicada na Plataforma AdaptaClima sobre transportes e mobilidade, todo deslocamento de cargas e pessoas no Brasil está sujeito a efeitos como alagamentos, inundações e variações de temperatura.
Mais da metade (52%) da carga transportada no país se concentra no modal rodoviário. Dessa forma, as estradas são as mais afetadas pelo aumento da intensidade das chuvas, dos ventos e dos deslizamentos de terra. No início de janeiro deste ano, por exemplo, Minas Gerais registrou 199 pontos de interdição em rodovias federais e estaduais. Na Bahia, onde também houve estragos, foram contabilizados 62 trechos alagados, com quedas de barreiras ou destruição da pista. Segundo a Plataforma AdaptaClima, o bloqueio de rotas e os danos em infraestruturas prejudicam todo o sistema de logística e, consequentemente, as atividades econômicas do país.
Independentemente da época do ano, os motoristas precisam ficar atentos às condições climáticas e às mudanças que vêm ocorrendo devido ao aquecimento global. O aumento da temperatura e as ondas de calor podem causar uma deterioração mais rápida e a deformação dos pavimentos, comprometendo pontes, viadutos e trincheiras. Além disso, o próprio caminhão pode ser afetado pelo superaquecimento e pela sobrecarga de equipamentos.
Além de ser evidente, o aumento das chuvas tem provocado sérios danos à população, como a tragédia recente de Petrópolis (RJ), em fevereiro. Deslizamentos de encostas e enchentes causaram a morte de centenas de pessoas. Nas estradas, o aguaceiro resulta em corrosão e deterioração de estruturas, instabilidade de taludes, deslizamentos de terra e quedas de árvores, danos em equipamentos, redução da visibilidade e da aderência dos veículos e restrições completas ao tráfego.
Outro fator importante que já está sendo observado em várias partes litorâneas do Brasil é a elevação do nível do mar, que provoca danos nas rodovias devido a inundações costeiras, erosões e corrosões de estruturas e materiais de construção.
Já no período da seca, alguns trechos rodoviários apresentam queimadas e, nos locais sem asfalto, uma poeira intensa. Nesses casos, o risco é de redução da visibilidade. As queimadas são geralmente provocadas pelo homem e encontram no terreno seco o cenário perfeito para a propagação rápida do fogo. Segundo dados da Eco135, que administra o trecho da BR-135 entre Curvelo e Montes Claros, em Minas Gerais, somente no ano passado, foram identificados 200 focos de incêndio no local.
As queimadas destroem as placas de sinalização e prejudicam a fauna e a flora. A falta de visibilidade, além de provocar acidentes entre veículos, pode causar o atropelamento de animais silvestres que atravessam a rodovia para fugir do fogo.
A coordenadora de sustentabilidade da Eco135, Flávia Amado, ressalta que o calor do fogo também causa alterações química e física do solo. “Consequentemente, reduz a capacidade de infiltração da água e acarreta a perda de nutrientes e micro-organismos responsáveis pela transformação da matéria orgânica e ciclagem dos nutrientes (troca de nutrientes entre o solo e a planta)”, conclui.
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