Fé na estrada
Caminhando para vencer de vez um câncer de mama, a caminhoneira Simone de Paula vem transformando a própria jornada em poemas para ajudar outras pessoas a se cuidarem
A- A A+“A vida é uma verdadeira roda-gigante: ora a gente está lá em cima, ora está lá embaixo”. É assim que a caminhoneira Simone Maria de Paula, de 47 anos, define a sua própria trajetória. Acostumada a estar no comando de veículos pesados há mais de duas décadas, ela acabou sendo levada por um caminho difícil: o do câncer de mama.
O diagnóstico veio como um atropelo, mas ela soube encará-lo sem perder o controle da direção. Tudo começou com a percepção de um nódulo em um dos seios durante um autoexame em meados do ano passado. Depois de realizar uma mamografia de rotina, uma ultrassonografia e uma biópsia, a doença foi confirmada. De lá para cá, Simone enfrentou 16 sessões de quimioterapia, um mês de radioterapia e quatro cirurgias. Hoje, ela faz o tratamento de controle e toma uma medicação que vai acompanhá-la por cinco anos.
“Desde que eu descobri o câncer, não me deixei abalar nem me deprimi. Na primeira sessão de quimioterapia, cortei o cabelo curtinho. Na segunda, já tirei tudo. Eu sempre soube que teria que lutar e que cada luta seria vencida”, relembra.
Inspiração
Afastada do trabalho e sentindo a necessidade de dar vazão a tudo o que estava sentindo, Simone, que sempre gostou de escrever, passou a traduzir cada trecho dessa nova estrada em palavras rimadas. E foi muito além do desabafo: ela começou a falar diretamente com as pessoas a fim de alertá-las para a importância de não se descuidarem da saúde. As colegas de profissão têm sido um dos focos principais dos poemas dela.
“As caminhoneiras precisam ficar atentas, se observar, encostar o caminhão e fazer a prevenção. Sei que, no tempo em que a gente fica longe de casa, isso é desafiador, mas essa parada é o mínimo que podemos fazer”, aconselha Simone.
Em outubro último, ela dedicou um poema à campanha Outubro Rosa, voltada para a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de mama, e fez questão de compartilhar com as leitoras – e os leitores, é claro! – da Entrevias.
Novas rotas
Outro hobby transformado em atividade cotidiana foi a fotografia. “Para não ficar com a doença na cabeça, optei por estudar. Eu estava acostumada a trabalhar; aí, de repente, me vi em casa doente. Comecei a fazer fotos no meu tempo, quando estou bem. Gosto de fotografar a natureza, e isso me inspira a escrever também”, conta.
Vez ou outra, a sala de casa se transforma em um pequeno estúdio fotográfico, e as duas filhas assumem o papel de assistentes. Simone ressalta que o apoio que recebe das meninas, dos pais, da irmã, dos amigos e colegas de trabalho e do noivo é fundamental para a recuperação e a superação desse desafio.
“Deus me deu muita coragem e força para enfrentar tudo isso com um sorriso no rosto. Estou vencendo cada etapa com sucesso. O pior já passou”, afirma.
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