Força-tarefa contra a hepatite C
Doença preocupa autoridades de saúde e obriga União, Estados e municípios a se unirem para levarem pessoas infectadas ao diagnóstico e ao tratamento precoce
A- A A+Mais de 24 mil pessoas contraíram a hepatite C em 2017 no Brasil. O número preocupa as autoridades e leva o Ministério da Saúde a lançar um plano para a eliminação da doença. O vírus C está presente no sangue e acomete, principalmente, adultos acima de 40 anos. Diferentemente dos outros tipos de hepatite, o C não tem vacina e é considerado o mais agressivo. Ele causa inflamação no fígado.
A transmissão ocorre por compartilhamento de instrumentos que tiveram contato com sangue contaminado, como seringas, agulhas e objetos cortantes. Também pode se dar por meio de objetos como escovas de dente, alicates de unha ou instrumentos para tatuagem e colocação de piercings. Situações como transfusão de sangue e uso de drogas são alerta para a transmissão do vírus. De forma mais rara, pode passar da mãe infectada para o filho durante a gravidez e em casos de relação sexual com um infectado sem o uso de preservativo. Segundo o Ministério da Saúde, evitar a doença é fácil. Basta não compartilhar com outras pessoas qualquer coisa que tenha contato com sangue.
A hepatite C também evidencia um problema social, pois atinge a população de rua e usuária de drogas e álcool, que, muitas vezes, não tem acesso à informação e a insumos de prevenção, como preservativos e agulhas descartáveis.
Desde o fim da década de 1990, foram notificados mais de 330 mil casos da doença no país. O tratamento com antivirais está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2015 e apresenta cura superior a 90%.
Na tentativa de erradicar a enfermidade até 2030, o Ministério da Saúde, Estados e municípios lançaram um plano cujo objetivo é simplificar o diagnóstico, ampliar a testagem e fortalecer o atendimento às hepatites virais. A hepatite C tem o maior número de notificações, tendo sido 11,9 casos a cada 100 mil habitantes em 2017, de acordo com o Ministério da Saúde.
Conforme a diretora do Departamento de Infecção Sexualmente Transmissível (IST), HIV/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Adele Benzaken, informa, o desafio é encontrar quem foi diagnosticado, mas não iniciou o tratamento, e também aqueles que ainda não têm o diagnóstico. “A hepatite C é uma doença silenciosa. Muitas pessoas estão com o vírus e não apresentam nenhum sintoma. Então, diagnosticar a doença e combatê-la da forma mais rápida possível é essencial para que os pacientes tenham uma melhor qualidade de vida e também para a saúde pública”, pontua.
A meta é tratar 19 mil pessoas em 2018 e 50 mil por ano entre 2019 e 2024. A partir de 2025, serão 32 mil tratamentos novos anualmente. A intenção é que, em 2030, haja uma redução de 65% da mortalidade causada pela hepatite C e de 90% do número de novos casos, o que seria necessário para que a enfermidade fosse considerada erradicada, segundo os padrões da Organização Mundial de Saúde (OMS).
O desafio da saúde pública está no fato de que os sintomas em pessoas com hepatite C são raros. Podem ocorrer cansaço, tontura, enjoo, vômito, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. Pelo fato de a doença ser silenciosa, é importante que as pessoas procurem um médico regularmente e façam o exame que detecta as hepatites. O quanto antes se descobrir, melhor. As unidades básicas de saúde do SUS fazem o encaminhamento para os exames e o acompanhamento do caso.
De acordo com o Ministério da Saúde, é normal que infecções persistam por mais de seis meses e evoluam para a forma crônica. Cerca de 20% dos infectados cronicamente podem progredir para uma cirrose hepática e até mesmo para um câncer de fígado.
Outras hepatites
Foram mais de 40 mil casos de hepatites virais notificados em 2017 no país. A vacina para a hepatite A faz parte do Calendário Nacional de Imunização e é aplicada em crianças a partir de 15 meses até 5 anos. Alguns Estados ampliam a oferta para adultos. Além da via sexual, a hepatite A também pode ser transmitida por água e alimentos contaminados.
Já a hepatite B registrou 13 mil casos em 2017, e, segundo o Ministério, há pouca variação na notificação. A transmissão também se dá por sangue contaminado, sexo desprotegido, compartilhamento de objetos perfurocortantes e transmissão vertical (mãe para feto). A vacina está disponível na rede pública para qualquer pessoa. Na criança, ela deve ser dada ao nascer com mais três doses na sequência. Quem não se vacinou na infância também toma três doses.
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