Gargalo online
Mesmo com o aumento considerável nas transações a cada ano, comércio eletrônico brasileiro não consegue movimentar significativamente o transporte rodoviário de cargas
A- A A+O e-commerce é um dos setores que têm crescimento garantido todos os anos no Brasil. Em 2017, o segmento alcançou faturamento de R$ 47,7 bilhões, de acordo com dados da pesquisa Webshoppers, feita pela Ebit e Elo. O valor representou um aumento de 7,5% em relação a 2016. Para 2018, o crescimento projetado é de 12% em relação a 2016, como aponta outro estudo, o E-commerce Radar, realizado pela Atlas e Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). Mesmo com tanto destaque, o e-commerce ainda enfrenta no país o gargalo do transporte de cargas.
Segundo a Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT), existem hoje no Brasil em torno de 135 mil empresas transportadoras. Desse total, apenas dez atendem lojas virtuais de portes pequeno e médio. A informação é do proprietário da ASAP Log e colunista do site E-commerce Brasil, Rafael Mendes. Conforme ele diz, os Correios ainda dominam as entregas nesse nicho porque conseguem ter abrangência nacional e preço competitivo.
Mendes, em seu artigo “Transportadoras para e-commerce: por que existem poucas?”, destaca que a ascensão do comércio eletrônico no país é recente e, mesmo com tanto crescimento no faturamento e no número de lojas virtuais, ele ainda é uma fatia bem pequena dentro do universo do transporte de cargas e do varejo. Outro fator, segundo ele, é a fragmentação da mercadoria. Hoje, mais da metade do que é vendido pela internet é entregue em pequenos pacotes e se resume a livros, cosméticos, artigos de telefonia, de informática, de esportes e de decoração, bem como roupas e acessórios.
O frete, tão debatido e motivo de paralisação nacional pelos caminhoneiros autônomos, no comércio eletrônico ganha outro viés. Os caminhões rodam cheios de pequenas cargas, e o custo é diluído entre os clientes, que pagam o valor na hora da compra. No transporte de cargas tradicional, os caminhões rodam, em grande parte, com a mesma carga, ou, se há várias no mesmo veículo, elas são em maior volume.
Novos serviços
E, diante da falta de transportadoras e na tentativa de otimizar as entregas, aproveitando que as mercadorias são entregues em pequenos pacotes, o Mercado Livre vai lançar neste ano o serviço de envio flex, com entrega no mesmo dia ou até no seguinte. A opção logística é o recrutamento de portadores de diversas modalidades: a pé, bicicleta, moto ou veículo. A intenção é acelerar o envio. O teste será feito na Grande São Paulo, e, caso o resultado seja satisfatório, o projeto será estendido para outras capitais.
“Estamos em constante evolução, sempre procurando soluções para modernizar o processo de logística da companhia. Com o Mercado Envios Flex queremos oferecer mais opções de entrega para tornar a experiência de compra ainda melhor e gerar novas oportunidades para ampliar as vendas, tudo isso com uma tecnologia que, de forma bastante simples, contempla todas as etapas do processo”, disse o diretor de Mercado Envios, Leandro Bassoi, durante evento da empresa.
O consumidor, no ato da compra, poderá escolher a opção “envio expresso”. O vendedor, ao receber o pedido, aplica uma etiqueta específica com QRCode para o envio pelo modo flex. O comprador conseguirá acompanhar informações do horário de saída, do trajeto e da chegada do produto.
Segundo dados da pesquisa Webshoppers, o número de consumidores online ativos no país passou de 47,93 milhões em 2016 para mais de 55 milhões em 2017, alta de 15%. São clientes ativos aqueles que fizeram ao menos uma compra digital no ano. A pesquisa ainda mostra que 27,4% das aquisições feitas no ano passado pela web foram realizadas em smartphones ou tablets. As vendas em lojas como o Mercado Livre, as chamadas “marketplaces” (espécies de shopping centers virtuais, site que concentra várias lojas do mesmo segmento ou semelhantes), representaram 31,5%.
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