Gasolina em pauta
Combustível recebe nova dosagem de etanol e enfrenta alta em seu valor de comercialização
A- A A+Ela disputa a atenção com a crise hídrica. Nos últimos dias, a gasolina tornou-se assunto comum em rodas de conversas, na mídia e nos mais variados contextos sociais. Não foi à toa. Além do reajuste no preço de comercialização dos combustíveis, a gasolina comum tem nova formação: a mistura do etanol anidro passa de 25% para 27%.
Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), com 27% de etanol, o consumo de combustível dos veículos vai aumentar em até 4%. O acréscimo do percentual de álcool anidro no derivado de petróleo foi acertado entre as montadoras e a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Única), mas ainda depende de aval do governo. “Haverá impacto no desempenho porque o álcool é menos energético do que a gasolina. Porém, afetará mais o consumo propriamente dito porque a reação natural do motorista será pisar mais no acelerador para compensar uma eventual redução no desempenho”, explica Marcus Romaro, consultor automotivo e especialista em trânsito e segurança veicular.
Assim, além de arcar com o reajuste dos combustíveis, que, em Belo Horizonte, chegou a 9,73% no caso da gasolina e a 7,07% no do álcool, de acordo com o site de pesquisas Mercado Mineiro, o proprietário de veículos automotores terá que voltar às bombas com mais frequência.
QUESTIONAMENTOS
Outro ponto polêmico da “nova” gasolina é que ela não se limita à alta no consumo, podendo causar problemas ainda maiores para os donos de carros movidos somente à gasolina, importados e antigos. Com o novo teor da mistura, esses veículos poderão apresentar deterioração nos componentes, dificuldades em dar a partida e falhas posteriores. Proprietários de motocicletas também devem enfrentar o mesmo contratempo.
Por isso, a Anfavea recomenda que os donos de veículos movidos exclusivamente à gasolina passem a abastecer seus carros com a gasolina premium, mais cara e mais difícil de ser encontrada, porém se trata de um combustível que mantém os 25% de adição de etanol anidro e tem índice antidetonante (IAD) de 91 octanas, contra o IAD de 87 octanas das gasolinas comum e aditivada. No Brasil, apenas a Petrobras oferece gasolina premium, conhecida como Podium, com o preço, em média, 40% mais caro que o da comum.
TIPOS DE GASOLINA
O consultor automotivo Marcus Romano esclarece as principais diferenças entre as gasolinas:
COMUM
Praticamente igual em qualquer distribuidora. É o combustível basicamente bruto. Além do derivado de petróleo, recebe a adição de uma porcentagem de etanol anidro e contém enxofre em sua composição
ADITIVADA
Possui aditivos detergentes e dispersantes, além de anticorrosivos e antioxidantes, que desprendem a sujeira depositada e quebram suas partículas para que seja eliminada pelo sistema de combustão
PREMIUM
Como a aditivada, também possui aditivos em sua composição, porém a principal diferença está na octanagem, que consiste na resistência da gasolina à queima espontânea. Quanto maior a octanagem, maior a taxa de compressão do motor e, portanto, maior a eficiência
ETANOL LIDERA
Ao mesmo tempo, o aumento no preço do combustível levou o consumidor a fazer as contas na hora de abastecer. Além de considerar os valores cobrados após o reajuste, o motorista passou a analisar se o etanol é mais vantajoso. “Basicamente, o cálculo é o preço do álcool dividido pelo da gasolina, cujo resultado deve ser menor que 0,7 (ou 70%). Essa proporção é baseada na comparação entre os poderes caloríficos dos combustíveis, contudo, depende muito da qualidade, do tipo de motor e/ou calibração, mas, principalmente, do tipo de aplicação – privilegiando-se o consumo ou o desempenho –, além das características intrínsecas de cada montadora. Serve, portanto, como um bom parâmetro de decisão, já que a preferência de cada cliente é que vai definir a escolha, afinal a gasolina privilegia a autonomia; já o álcool, o desempenho”, detalha o especialista.
Os postos de combustíveis observam o aumento de até 30% na procura por álcool. O preço médio da gasolina passou de R$ 2,939 para R$ 3,225, conforme dados obtidos no site Mercado Mineiro. O reajuste se deve ao aumento dos impostos PIS e Confins, que, juntos, passaram a corresponder a R$ 0,22 para o litro da gasolina e a R$ 0,15 para o do diesel. No caso do etanol, que não teve alteração de imposto, a alta é de 7,07% - o valor médio era de R$ 2,165 e passou a ser de R$ 2,318. Com o aumento da procura e a entrada da gasolina com percentual de álcool maior no mercado, o receio é que a demanda em alta afete a oferta de álcool. Além disso, em dezembro do ano passado, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovou projeto que reduz a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o etanol combustível de 19% para 14%. Para compensar a perda fiscal, o mesmo projeto aumenta a alíquota do imposto sobre a gasolina de 27% para 29%.
“Uma consideração importante: evite deixar o tanque na reserva. Como a bomba de combustível é refrigerada pelo próprio produto, as impurezas que, eventualmente, depositam-se no fundo do tanque podem ser captadas pelo pescador da bomba, causando entupimentos e falhas no motor ao chegarem ao sistema de admissão. Além disso, quanto mais ar houver no tanque de combustível, maior será a evaporação e, consequentemente, haverá perda do produto. Por isso, o ideal é manter o tanque sempre o mais cheio possível ou, pelo menos, completá-lo quando ele estiver pela metade, especialmente no caso de pessoas que rodam pouco com o veículo”, orienta o consultor automotivo.
CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASIL CRESCEU 5,28% NA COMPARAÇÃO ENTRE 2013 E 2014
As vendas de combustíveis no mercado brasileiro em 2014 totalizaram 144,575 bilhões de litros, o que representa um aumento de 5,28% em relação aos 137,323 bilhões de litros registrados em 2013. Os dados são da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Houve aumento de 2,49% na comercialização de óleo diesel B, comparados os anos de 2013 e 2014: de 58,571 para 60,032 bilhões de litros. O aumento nas vendas de biodiesel foi de 16,45%: de 2,929 bilhões de litros em 2013 para 3,410 bilhões de litros em 2014. Esse crescimento se deve ao acréscimo do teor de biodiesel ao óleo diesel A, de 5% para 6%, em julho de 2014, e, de 6% para 7%, em novembro de 2014.
A comercialização da gasolina C foi de 44,364 bilhões de litros, um aumento de 7,09% em relação aos 41,428 bilhões de litros em 2013. Além disso, o consumo de etanol hidratado, que havia sido de 11,755 bilhões de litros em 2013, aumentou para 12,994 bilhões de litros em 2014, o equivalente a um crescimento de 10,54%. O etanol total (soma do anidro com o hidratado) teve elevação de 12,33% em 2014 frente a 2013, passando de 21,441 bilhões de litros para 24,085 bilhões.
Ainda segundo os dados divulgados pela ANP, as vendas de gás liquefeito de petróleo (GLP) aumentaram 1,26%, de 13,276 bilhões de litros para 13,444 bilhões. O querosene de aviação (QAV) teve sua comercialização elevada em 3,40%, indo de 7,225 a 7,470 bilhões de litros. No óleo combustível, houve alta de 24,14%, de 4,990 para 6,195 bilhões de litros. O gás natural veicular (GNV), por fim, apresentou redução de 3,23% do volume comercializado, passando de 5,125 milhões de m³/dia para 4,960 milhões de m³/dia.
GASOLINA PREMIUM
Fabricantes estão concluindo os testes de confiabilidade de seus carros monocombustíveis (gasolina) com 27% de etanol. Somente a partir da conclusão desses ensaios, haverá um posicionamento oficial a respeito da viabilidade de se usar esse tipo de gasolina nos veículos. Contudo, indicativos mostram alguns modelos zero quilômetro que deverão ser abastecidos exclusivamente com gasolina premium:
Golf TSI e GTI | Hyundai ix35 |
Jettta TSI 2.0 Turbo | Camaro |
Fusca | Captiva |
Passat / Passat Variant / Passat CC | Camry |
Fusion Titanium EcoBoost 2.0 Turbo / Fusion Hybrid |
Kia: todos os modelos, exceto Picanto Flex, Cerato Flex, Kia Soul Flex e Kia Sportage Flex |
Fiat 500 Abarth | Honda Civic Si |
Fiat Bravo T-Jet | Honda CR-V |
Fiat Punto T-Jet | Honda Accord |
Audi: todos os modelos de carros e SUV | Peugeot 408 THP |
BMW: todos os modelos, exceto os BMW 320i Active Flex e BMW 328i Active Flex |
Peugeot 3008 |
Hyundai i30 1.8 | Peugeot RCZ |
Hyundai Azera | Citroen DS3 / DS4 / DS5 |
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