Gasolina em pauta

Combustível recebe nova dosagem de etanol e enfrenta alta em seu valor de comercialização

Veículos / 05 de Março de 2015 / 0 Comentários
A- A A+

Ela disputa a atenção com a crise hídrica. Nos últimos dias, a gasolina tornou-se assunto comum em rodas de conversas, na mídia e nos mais variados contextos sociais. Não foi à toa. Além do reajuste no preço de comercialização dos combustíveis, a gasolina comum tem nova formação: a mistura do etanol anidro passa de 25% para 27%.

Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (An­favea), com 27% de etanol, o consumo de combustível dos veículos vai aumentar em até 4%. O acréscimo do percentual de álcool anidro no derivado de petróleo foi acertado entre as montadoras e a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Única), mas ainda depende de aval do governo. “Haverá impacto no desempenho porque o álcool é menos energético do que a gasolina. Porém, afetará mais o consumo propriamente dito porque a reação natural do motorista será pisar mais no acelerador para compensar uma eventual redução no desempenho”, explica Marcus Romaro, consultor automotivo e especialista em trânsito e segurança veicular.

Assim, além de arcar com o reajuste dos combustíveis, que, em Belo Horizon­te, chegou a 9,73% no caso da gasolina e a 7,07% no do álcool, de acordo com o site de pesquisas Mercado Mineiro, o proprietário de veículos automotores terá que voltar às bombas com mais frequência.

QUESTIONAMENTOS

Outro ponto polêmico da “nova” gasolina é que ela não se limita à alta no consumo, podendo causar proble­mas ainda maiores para os donos de carros movidos somente à gasolina, im­portados e antigos. Com o novo teor da mistura, esses veículos poderão apre­sentar deterioração nos componentes, dificuldades em dar a partida e falhas posteriores. Proprietários de motocicle­tas também devem enfrentar o mesmo contratempo.

Por isso, a Anfavea recomenda que os donos de veículos movidos exclusi­vamente à gasolina passem a abastecer seus carros com a gasolina premium, mais cara e mais difícil de ser encontra­da, porém se trata de um combustível que mantém os 25% de adição de etanol anidro e tem índice antidetonante (IAD) de 91 octanas, contra o IAD de 87 octa­nas das gasolinas comum e aditivada. No Brasil, apenas a Petrobras oferece gaso­lina premium, conhecida como Podium, com o preço, em média, 40% mais caro que o da comum.

TIPOS DE GASOLINA

O consultor automotivo Marcus Romano esclarece as principais diferenças entre as gasolinas:

COMUM

Praticamente igual em qualquer distribuidora. É o combustível basicamente bruto. Além do derivado de petróleo, recebe a adição de uma porcentagem de etanol anidro e contém enxofre em sua composição

ADITIVADA

Possui aditivos detergentes e dispersantes, além de anticorrosivos e antioxidantes, que desprendem a sujeira depositada e quebram suas partículas para que seja eliminada pelo sistema de combustão

PREMIUM

Como a aditivada, também possui aditivos em sua composição, porém a principal diferença está na octanagem, que consiste na resistência da gasolina à queima espontânea. Quanto maior a octanagem, maior a taxa de compressão do motor e, portanto, maior a eficiência

ETANOL LIDERA

Ao mesmo tempo, o aumento no pre­ço do combustível levou o consumidor a fazer as contas na hora de abastecer. Além de considerar os valores cobrados após o reajuste, o motorista passou a analisar se o etanol é mais vantajoso. “Basicamen­te, o cálculo é o preço do álcool dividido pelo da gasolina, cujo resultado deve ser menor que 0,7 (ou 70%). Essa proporção é baseada na comparação entre os pode­res caloríficos dos combustíveis, contudo, depende muito da qualidade, do tipo de motor e/ou calibração, mas, principal­mente, do tipo de aplicação – privile­giando-se o consumo ou o desempenho –, além das características intrínsecas de cada montadora. Serve, portanto, como um bom parâmetro de decisão, já que a preferência de cada cliente é que vai defi­nir a escolha, afinal a gasolina privilegia a autonomia; já o álcool, o desempenho”, detalha o especialista.

Os postos de combustíveis observam o aumento de até 30% na procura por álcool. O preço médio da gasolina passou de R$ 2,939 para R$ 3,225, conforme da­dos obtidos no site Mercado Mineiro. O reajuste se deve ao aumento dos impos­tos PIS e Confins, que, juntos, passaram a corresponder a R$ 0,22 para o litro da gasolina e a R$ 0,15 para o do diesel. No caso do etanol, que não teve altera­ção de imposto, a alta é de 7,07% - o valor médio era de R$ 2,165 e passou a ser de R$ 2,318. Com o aumento da procura e a entra­da da gasolina com percentual de álcool maior no mercado, o receio é que a de­manda em alta afete a oferta de álcool. Além disso, em dezembro do ano pas­sado, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovou projeto que reduz a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o etanol combustível de 19% para 14%. Para compensar a perda fiscal, o mesmo projeto aumenta a alíquota do imposto sobre a gasolina de 27% para 29%.

“Uma consideração importante: evi­te deixar o tanque na reserva. Como a bomba de combustível é refrigerada pelo próprio produto, as impurezas que, even­tualmente, depositam-se no fundo do tanque podem ser captadas pelo pesca­dor da bomba, causando entupimentos e falhas no motor ao chegarem ao sistema de admissão. Além disso, quanto mais ar houver no tanque de combustível, maior será a evaporação e, consequentemente, haverá perda do produto. Por isso, o ideal é manter o tanque sempre o mais cheio possível ou, pelo menos, completá-lo quando ele estiver pela metade, espe­cialmente no caso de pessoas que rodam pouco com o veículo”, orienta o consul­tor automotivo.

 

CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASIL CRESCEU 5,28% NA COMPARAÇÃO ENTRE 2013 E 2014

As vendas de combustíveis no mercado brasileiro em 2014 tota­lizaram 144,575 bilhões de litros, o que representa um aumento de 5,28% em relação aos 137,323 bilhões de litros registrados em 2013. Os dados são da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Houve aumento de 2,49% na comercialização de óleo diesel B, comparados os anos de 2013 e 2014: de 58,571 para 60,032 bilhões de litros. O aumento nas vendas de biodiesel foi de 16,45%: de 2,929 bilhões de li­tros em 2013 para 3,410 bilhões de litros em 2014. Esse crescimen­to se deve ao acréscimo do teor de biodiesel ao óleo diesel A, de 5% para 6%, em julho de 2014, e, de 6% para 7%, em novembro de 2014.

A comercialização da gaso­lina C foi de 44,364 bilhões de litros, um aumento de 7,09% em relação aos 41,428 bilhões de litros em 2013. Além disso, o consumo de etanol hidratado, que havia sido de 11,755 bilhões de litros em 2013, aumentou para 12,994 bilhões de litros em 2014, o equivalente a um cresci­mento de 10,54%. O etanol total (soma do anidro com o hidrata­do) teve elevação de 12,33% em 2014 frente a 2013, passando de 21,441 bilhões de litros para 24,085 bilhões.

Ainda segundo os dados di­vulgados pela ANP, as vendas de gás liquefeito de petróleo (GLP) aumentaram 1,26%, de 13,276 bilhões de litros para 13,444 bi­lhões. O querosene de aviação (QAV) teve sua comercializa­ção elevada em 3,40%, indo de 7,225 a 7,470 bilhões de litros. No óleo combustível, houve alta de 24,14%, de 4,990 para 6,195 bilhões de litros. O gás natural veicular (GNV), por fim, apresen­tou redução de 3,23% do volu­me comercializado, passando de 5,125 milhões de m³/dia para 4,960 milhões de m³/dia.

GASOLINA PREMIUM

Fabricantes estão concluindo os testes de confiabilidade de seus carros monocombustíveis (gasolina) com 27% de etanol. Somente a partir da conclusão desses ensaios, haverá um posicionamento oficial a respeito da viabilidade de se usar esse tipo de gasolina nos veículos. Contudo, indicativos mostram alguns modelos zero quilômetro que deverão ser abastecidos exclusivamente com gasolina premium:

Golf TSI e GTI Hyundai ix35
Jettta TSI 2.0 Turbo Camaro
Fusca Captiva
Passat / Passat Variant / Passat CC Camry
Fusion Titanium EcoBoost 2.0 Turbo
/ Fusion Hybrid

Kia: todos os modelos, exceto Picanto Flex, Cerato Flex, Kia Soul Flex e Kia Sportage Flex

Fiat 500 Abarth Honda Civic Si
Fiat Bravo T-Jet Honda CR-V
Fiat Punto T-Jet Honda Accord
Audi: todos os modelos de carros e SUV Peugeot 408 THP
BMW: todos os modelos, exceto os BMW
320i Active Flex e BMW 328i Active Flex

Peugeot 3008
Hyundai i30 1.8 Peugeot RCZ
Hyundai Azera Citroen DS3 / DS4 / DS5
   

 

AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião de Revista Entrevias. É vedada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. Revista Entrevias poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.