Longo caminho para um trânsito seguro
Campanha Maio Amarelo é novamente realizada para conscientizar população sobre importância de prevenir acidentes. Brasil coleciona números negativos.
A- A A+Diante de estatísticas lamentáveis – e desafiadoras, na mesma proporção –, a sexta edição da campanha Maio Amarelo foi lançada no Brasil, no último mês, para chamar a atenção da sociedade para os altos índices de mortos e feridos no trânsito. Diversas ações foram realizadas em todos os Estados, como blitze educativas, apresentações teatrais e palestras, com o objetivo de conscientizar e de estimular condutores, pedestres e passageiros a adotarem comportamentos seguros.
Com o slogan “No trânsito, o sentido é a vida”, a iniciativa, que é mundial, tem um papel importantíssimo no país, que ocupa o quarto lugar no ranking das nações com mais mortes nesse quesito, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Para se ter uma ideia, em 20 anos de Código de Trânsito Brasileiro, mais de 662 mil pessoas perderam a vida em acidentes ocorridos no território nacional. Somente na última década, houve aproximadamente 1,6 bilhão de vítimas feridas. Juntas, elas geraram um custo de quase R$ 3 bilhões ao Sistema Único de Saúde (SUS), conforme mostrado em um levantamento divulgado no fim de maio pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) com base em dados do Ministério da Saúde.
Outro recorte alarmante do estudo revela que, de 2009 a 2018, o número de internações decorrentes de desastres nas ruas e nas estradas do Brasil aumentou 33%. Esses acidentes já são considerados um dos principais problemas de saúde no país, de acordo com o diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) e membro da Câmara Técnica do CFM, Antônio Meira.
“Além de provocarem sobrecarga no serviço com o aumento da ocupação dos leitos hospitalares, [os acidentes] causam um prejuízo irreparável quando ocorre uma morte ou uma pessoa fica incapacitada para suas atividades habituais, como também trazem prejuízo enorme para a saúde pública”, afirma.
Campanha Maio Amarelo foi oficialmente lançada pelo Ministério da Infraestrutura, em Brasília (DF), em 8 de maio
Detalhes do levantamento
Entre as unidades federativas que mais geram custos ao governo federal com atendimentos a vítimas, Minas Gerais – que tem a maior malha rodoviária do Brasil – fica atrás apenas de São Paulo, com um gasto de R$ 29 milhões. No Estado vizinho – o mais populoso do país –, contudo, esse valor quase dobra, chegando a R$ 57 milhões.
“As internações por acidentes de trânsito são mais onerosas do que por outros tipos de doenças, porque, no geral, são pacientes politraumatizados, que precisam de cirurgias complexas, como as ortopédicas e as neurológicas, e têm que ficar em UTIs [Unidades de Terapia Intensiva]”, explica o diretor da Abramet.
O levantamento do CFM mostrou também que 60% das vítimas contabilizadas nos últimos dez anos tinham de 15 a 39 anos. Adultos com mais de 60 anos somaram 8,4% do total, e crianças de até 14 anos, 8,2%. Na questão de gênero, os homens são os que mais se ferem (80%).
Mudança de comportamento
Outro fator que merece atenção e foi evidenciado pelos dados apurados pelo Conselho Federal de Medicina é a possibilidade de se evitarem os acidentes, já que grande parte deles é provocada por imprudência e/ou negligência: desrespeitar a legislação, dirigir sob o efeito de álcool e drogas, exceder a velocidade e não portar equipamentos de segurança, como cinto e capacete, estão entre as causas mais frequentes.
Na avaliação de Antônio Meira, para que as ações de prevenção sejam eficientes, é preciso haver campanhas permanentes de conscientização, fiscalização constante e melhorias na infraestrutura das vias brasileiras. (Com a Agência Brasil)
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