Mais higiene, menos bem-estar
Pesquisas mostram o impacto da pandemia do novo coronavírus na vida da população brasileira. Os cuidados com a limpeza aumentaram, mas alguns distúrbios também.
A- A A+Os brasileiros estão adotando novos hábitos de higiene, mas, por outro lado, estão sofrendo com distúrbios alimentares e do sono durante a pandemia do novo coronavírus. Foi o que constataram as duas edições da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), realizadas em abril e em maio pelo Ministério da Saúde em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mais de 4.000 pessoas foram entrevistadas.
A primeira pesquisa mostrou que 82,7% dos indivíduos ouvidos adotaram novos hábitos de higiene logo no início da pandemia no Brasil, sobretudo lavar as mãos frequentemente e higienizar as compras. Tais medidas têm sido mais seguidas pelas mulheres (87,3%) – entre os homens, o percentual é de 77,7%.
De acordo com a Vigitel Covid-19, práticas complementares de higienização também estão sendo adotadas por 66,3% dos entrevistados, como não compartilhar objetos de uso pessoal e trocar de roupas e sapatos ao chegar em casa.
A pesquisa ainda identificou que, entre os entrevistados, 90,9% aderiram ao distanciamento social o máximo possível, seguindo as orientações dos municípios: sair de casa somente quando for necessário, evitar aglomerações e lugares muito cheios, bem como o cumprimento com abraços. A adesão ao distanciamento, conforme mostrado na pesquisa, foi maior nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país (92,7%). Nas regiões Norte e Nordeste, a adesão chegou a 87,5%.
Segundo ciclo
Na segunda Vigitel, mais de 40% das pessoas afirmaram que têm apresentado distúrbios do sono, seja tendo dificuldade para dormir ou dormindo mais do que o habitual. Falta ou aumento do apetite foi relatado por 38,7% dos entrevistados, e mais de 87% precisaram sair de casa ao menos uma vez por semana.
“Essa pesquisa é muito oportuna para o momento que estamos vivendo. Os resultados que obtivemos com ela vão nos ajudar a entender de que forma a população brasileira está enfrentando a pandemia”, afirma a coordenadora-geral de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis do Ministério da Saúde, Luciana Sardinha.
O público da segunda Vigitel Covid-19 também relatou problemas relacionados à saúde mental. Mais de 35% apresentaram falta de interesse em fazer as coisas; 32,6% alegaram que se sentem “para baixo” ou deprimidos; 30,7% sentem-se cansados e com pouca energia; 17,3% descreveram lentidão para se movimentar e/ou falar ou agitação e inquietude; 16,9% relataram dificuldade de concentração, e 15,9% sentem-se mal consigo mesmos.
“Eventos relacionados à saúde mental muitas vezes são colocados de lado numa situação como a que estamos vivendo, mas é fundamental serem monitorados e acompanhados”, diz o diretor do Departamento de Análise em Saúde e Vigilância em Doenças não Transmissíveis, Eduardo Macário.
A pesquisa mostrou ainda que as pessoas que se encontravam em distanciamento social começaram a sair de casa para comprar alimentos, trabalhar, procurar serviços de saúde ou farmácias, por tédio ou cansaço, para ajudar outra pessoa, visitar familiares e amigos, praticar atividades físicas e caminhar com animais de estimação.
A doença
A Covid-19 é uma doença causada pelo vírus SARS-CoV-2. Os pacientes apresentam um quadro clínico que varia de infecções assintomáticas a problemas respiratórios graves, segundo informações do Ministério da Saúde. O novo agente foi descoberto em 31 de dezembro de 2019 após casos registrados na China.
Os principais sintomas da doença variam de um simples resfriado a uma pneumonia severa. Os mais comuns são tosse, febre, coriza, dor de garganta e dificuldade para respirar. A transmissão acontece pelo toque de mãos, por meio de gotículas da saliva, espirro, tosse e catarro, além de contato com objetos ou superfícies contaminadas, como celulares, mesas, maçanetas, brinquedos, teclados de computadores etc.
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