Menos açúcar, mais saúde
Indústria se compromete a reduzir produto dos alimentos. Ideal é que consumo seja inferior a seis colheres de chá diariamente; hoje, ultrapassa 18 colheres.
A- A A+O açúcar, ao lado do sal, é um dos alimentos mais consumidos em excesso pela população atualmente. É ele o principal responsável por doenças crônicas, como diabetes, obesidade e hipoglicemia. Também está ligado a distúrbios gastrointestinais e mentais. Diante disso, o Ministério da Saúde firmou, em novembro, um acordo com a indústria de alimentos para reduzir o consumo de 144 mil toneladas de açúcar pela população até 2022. Ou seja, os produtos ofertados no mercado pela indústria devem vir agora com redução significativa do insumo, resultando nesse montante em quatro anos.
Nos biscoitos, por exemplo, representa uma redução de 62% do que está presente hoje. O açúcar também é encontrado em balas, refrigerantes, doces em geral e pães. “Dentro do que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda, vamos buscar sempre que o cidadão tenha informação e, gradativamente, com a redução do nível de açúcar desses alimentos, eles se tornem mais saudáveis”, afirmou o atual ministro da Saúde, Gilberto Occhi.
Os brasileiros, segundo dados do Ministério da Saúde, consomem uma média de 80 gramas de açúcar por dia, o equivalente a 18 colheres de chá. A maior parte, 64%, corresponde ao que é adicionado pela pessoa, aquela colher colocada no café, no suco. Os outros 36% são de alimentos industrializados.
A meta é reduzir para o consumo de 50 gramas por dia por pessoa, o equivalente a 12 colheres de chá. O ideal, no entanto, é que seja menor ainda: 25 gramas ou seis colheres de chá por dia. A conta feita pela OMS é que uma pessoa pode consumir, em níveis saudáveis, até 5% do total das calorias diárias.
Os maus hábitos alimentares aumentam o risco de obesidade em mais de 60% e de diabetes em 54% nos homens e em 28% nas mulheres. O ministro alertou que, mesmo com a assinatura do acordo, a população também tem a parte dela ao promover sua própria saúde. Isso pode ser feito por meio de práticas como fazer atividades físicas, evitar tabagismo e consumo de álcool e se alimentar de mais frutas, verduras e legumes, enfim, ter uma rotina mais saudável.
O acordo feito pelo Ministério da Saúde vai diminuir o açúcar em cinco categorias de alimentos: bebidas, biscoitos, bolos e misturas, achocolatados e produtos lácteos. Até 2022, a meta é diminuir 32,4% do açúcar dos bolos; 46,1% das misturas para bolos; 33,8% das bebidas açucaradas; 53,9% dos produtos lácteos; 10,5% dos achocolatados; e 62,4% dos biscoitos.
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia), Wilson Mello, lembrou que outros acordos, firmados desde 2007, contribuem para a melhoria da saúde da população. A primeira pactuação foi para a redução de gordura trans e, depois, do sal. “Essa é uma demanda do próprio consumidor. Vamos movimentar toda a indústria para que reduza, dentro do maior nível possível, os índices de açúcares nos alimentos. Fizemos isso com o sódio e vamos fazer com os açúcares”, declarou.
Assinaram o acordo o Ministério da Saúde, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que fará o monitoramento, a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcóolicas (Abia), a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães e Bolos Industrializados e a Associação Brasileira de Laticínios.
Efeitos no organismo
O portal Só Nutrição elencou os dez principais efeitos nocivos do açúcar no organismo. O primeiro é que ele não alimenta, apenas drena e consome vitaminas do complexo B e minerais como o cálcio. O açúcar é exigente em sua digestão e no metabolismo. O segundo impacto é que, quando ingerido com outros alimentos, o açúcar fica retido no estômago, aumentando a atividade dos sucos gástricos, elevando a possibilidade de problemas estomacais.
O excesso possibilita o surgimento do diabetes e aumenta a gordura no sangue. Também promove maior fermentação se o consumo ocorre após as refeições. Seus efeitos afetam todos os órgãos, já que o excesso se transforma em gordura, sendo depositada no fígado, no coração e nos rins. Sua atuação no intestino também é maléfica, já que destrói as bactérias boas para o organismo, aumentando a população de parasitas intestinais.
O açúcar ainda altera o equilíbrio hormonal e enfraquece os ossos, deprime o sistema imunológico e inibe a produção de enzimas digestivas, interferindo na digestão de proteínas. O décimo ponto é que alimenta células cancerígenas. Isso acontece porque a elevação da insulina faz com que o IGF (fator de crescimento semelhante à insulina) estimule o aumento das células cancerosas.
Especialistas também apontam para o problema do vício. O açúcar vicia o cérebro. Isso acontece porque ele estimula a produção do hormônio dopamina, responsável pela sensação de prazer e bem-estar. No entanto, ele prejudica a memória e dificulta o aprendizado. O ideal, segundo especialistas, é estimular a produção de dopamina por outros meios, como pela atividade física.
A dica para reduzir é fazer a substituição gradual dos alimentos. O organismo demora até três semanas para se habituar ao novo gosto. É tempo suficiente para renovar as papilas gustativas na língua. Depois, elas se adaptam a novos sabores. Por isso, a indicação é diminuir até zerar completamente. Uma orientação importante é consumir alimentos mais amargos ou azedos, como frutas ácidas e verduras cruas. (Com Agência Brasil)
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