Metal do futuro
Governo federal lança Programa InovaNióbio e pretende fortalecer cadeia produtiva
A- A A+O governo federal, por meio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), instituiu recentemente o Programa InovaNióbio. O mineral, tão cobiçado mundialmente, é fundamental no futuro do transporte rodoviário de cargas em todo o sistema logístico.
O programa tem o objetivo de integrar e fortalecer ações governamentais para o desenvolvimento integral da cadeia produtiva do nióbio por meio de inovações na indústria. O foco está na etapa de uso e aplicação de óxidos, metais, ligas em materiais e produtos de alta tecnologia.
O metal é importante para a produção de baterias, estruturas de edifícios e pontes, turbinas de avião, entre outras aplicações. Na saúde, por exemplo, pode ser usado na fabricação de aparelhos de ressonância magnética e marca-passos. Também já é bastante utilizado em foguetes, sondas espaciais, tubulações de gás e componentes eletrônicos.
Segundo o ministério, “o programa tem o objetivo de estimular o desenvolvimento e a transferência de conhecimento de novas tecnologias e modelos de negócios entre as instituições de pesquisa e os setores público e privado”.
O Serviço Geológico Brasileiro (SGB) explica que o nióbio é um metal branco brilhante de baixa dureza extraído principalmente do mineral columbita. Ele se torna valioso porque é muito resistente à corrosão e a altas temperaturas. Segundo o SGB, com apenas 400 gramas de nióbio é possível deixar 1 tonelada de aço mais leve e com maior resistência.
O metal está em várias partes do mundo, mas 98% das reservas mapeadas estão no Brasil. Hoje, o país é responsável por mais de 90% do volume comercializado no planeta, seguido de Canadá e Austrália.
Segundo artigo do geólogo Pércio de Moraes Branco, publicado no SGB, “as reservas brasileiras são da ordem de 842,46 milhões de toneladas e encontram-se em Minas Gerais (75%), Amazonas (21%) e Goiás (3%). Há reservas pequenas também em Roraima, mas elas estão em região de fronteira ou em áreas de preservação indígenas”. As reservas encontradas em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, precisam de tecnologia específica para conseguir ter aproveitamento econômico, de acordo com o geólogo.
Custo
A exploração do nióbio, no entanto, ainda tem alto custo. A comercialização do produto hoje é feita por apenas duas empresas privadas brasileiras: a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), que detém 80% da produção mundial; e a Mineração Catalão de Goiás.
Muitos pensam que o nióbio é o metal do futuro. E isso se deve ao tamanho das reservas disponíveis para exploração. No entanto, além de ele já ser usado em vários segmentos, está em terceiro lugar na pauta de exportação de mineração do país, perdendo apenas para o minério de ferro e o ouro.
Há quase 60 anos, o conhecimento sobre as potencialidades desse metal era muito pouco. Por isso, o governo federal da época permitiu que ele fosse extraído à vontade. Então, a CBMM começou não só a explorar o nióbio como a estudar e se aprofundar nas utilidades dele.
A história da companhia está diretamente ligada ao desenvolvimento do processamento e a aplicações do nióbio. Em 2020, ela anunciou uma parceria com uma empresa britânica para desenvolver o primeiro carro de luxo que terá o nióbio na composição da estrutura, com a intenção de torná-lo mais leve.
Curiosidades
Segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), existem algumas curiosidades acerca desse metal. O mastro que sustenta a bandeira nacional na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, por exemplo, foi construído com aplicação de nióbio, assim como a Ponte JK, também na capital federal.
Inicialmente, o nióbio era utilizado como filamentos de lâmpadas incandescentes. Rapidamente, eles foram substituídos pelo tungstênio por esse ter maior ponto de fusão.
A maior reserva de nióbio do país fica em Araxá, Minas Gerais. Ele é exportado para mais de 50 países e tem como principal destino as empresas siderúrgicas.
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