Modernidade em prol da segurança

O percentual de tombamentos de veículos aumentou nos últimos anos, e as empresas têm buscado tecnologias para evitar esse tipo de acidente. Em 2020, o total de casos cresceu 20% em relação a 2019, segundo dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT).

No Brasil, a empresa Anjo lançou recentemente o S-Track, uma plataforma eletrônica de assistência ao motorista que emite alguns alertas ao condutor, como de curvas e declives acentuados, viadutos, rotatórias, áreas de acesso restrito e risco ambiental.

Segundo dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) disponibilizados pela empresa, entre os mais de 21 mil acidentes envolvendo veículos de carga que são registrados anualmente nas rodovias federais brasileiras, 14% são tombamentos. Esse é o tipo de ocorrência mais letal, de acordo com o levantamento. A taxa de letalidade é de 5,2 vítimas a cada cem sinistros, enquanto, nos outros tipos de acidentes com veículos de carga, a taxa é de 2,5 mortos a cada cem acidentes.

No caso do S-Track, ele avisa, por exemplo, quando o veículo está a uma velocidade acima da recomendada para fazer a próxima curva com segurança, bem como a distância necessária para frear de forma mais suave. Se a velocidade não for reduzida, um alarme é acionado para chamar a atenção do condutor.

Já nos Estados Unidos, uma empresa está testando um novo tipo de quinta roda para evitar que a cabine tombe com a carreta. O objetivo é evitar o movimento de chicote contra o chão, responsável, principalmente, pelos ferimentos mais graves ou até pelo óbito do motorista.

Recentemente, a empresa realizou um teste no deserto de Mojave, na Califórnia. O vídeo mostra um avião puxando uma carreta de 36 toneladas. Ao atingir uma determinada velocidade, a carreta tomba, e a cabine continua o percurso sem tombar. O sistema, chamado Tractor Anti Rollover System, é projetado para desengatar a quinta roda e evitar que ocorra o tombamento.

Como se prevenir

Mesmo sem tecnologias, é importante adotar algumas práticas para evitar o tombamento do caminhão. A primeira é ter atenção à velocidade máxima permitida na via. A alta velocidade é uma das principais causas de tombamento, sobretudo em curvas e trechos de risco.

Evitar o excesso de carga é outro ponto importante. Numa curva, o risco é aumentado se o veículo estiver pesado. Outro ponto fundamental é o tipo de carga. Quando o caminhão está carregando carga viva, é necessário haver um cuidado especial com os animais. Além do risco de o acidente vitimar os bichos, durante o transporte, cada movimento do animal pode desestabilizar o veículo.

No caso de carga líquida, respeitar o nível máximo do tanque é outro ponto de segurança. Se ela ocupar menos de 80% do compartimento, tende a chacoalhar demais, aumentando as chances de desestabilização do caminhão.

Trafegar em pistas escorregadias, seja por chuva ou outro fator, também exige mais atenção, já que as derrapagens aumentam o risco de tombamento.

Por que acontece

O que, afinal, faz um caminhão tombar? A resposta está na física. A chamada força G é uma unidade de medida que determina a aceleração lateral de um veículo em uma curva. Numa velocidade maior, a gravidade atua, e a força G se desloca. O mesmo acontece quando fazemos uma curva, e o corpo dentro do carro tende a ir para o lado.

A diferença é que, pela natureza do veículo ainda mais pesado, a medida de força que o faz tombar varia. Por exemplo, um veículo de passeio tende a derrapar antes de tombar, enquanto o caminhão carregado tende a tombar antes de derrapar. Isso quer dizer que, dependendo da aceleração lateral gerada em uma curva, o veículo vai tombar inevitavelmente.