Movidos a GNV
Iveco realiza na Europa novos estudos de substituição do diesel por Gás Natural Veicular em caminhões e atesta autonomia dos veículos com combustível de menor impacto ambiental
Stralis NP, vendido na Europa, é o primeiro caminhão movido a gás natural para o transporte de longa distância
A substituição do diesel pelo Gás Natural Veicular (GNV) em caminhões foi tema de um estudo recente feito pela Iveco em parceria com transportadores de cargas da Europa e especialistas em logística do setor. A pesquisa revelou que o GNV, além de viável para o transporte rodoviário, é a principal alternativa para o continente europeu, onde a pressão por veículos comerciais limpos é cada vez maior.
De acordo com o site de notícias mexicano “Motorpasíon”, resultados da pesquisa da Iveco revelaram que o GNV apresenta grandes vantagens em relação aos modelos elétricos por já possuir boa infraestrutura de distribuição e abastecimento na região, além de preços baixos, o que evita o encarecimento do custo do frete.
O gerente de engenharia da montadora, Alexandre Capelli, afirma que a eletrificação não foi esquecida pela empresa, até mesmo por se tratar de um “caminho sem volta para a mobilidade geral”. Prova disso são as versões de tração elétrica ou híbrida-elétrica (que combina o motor de combustão com motores elétricos) do Daily e do ônibus Urbanway, ofertadas na Europa, para o transporte de cargas ou pessoas no ambiente urbano.
“A Iveco entende que o GNV, pela crescente disponibilidade e pelo potencial de redução de emissões (10% menos CO2, 60% menos óxido de nitrogênio e 95% menos particulados do que o diesel) seja um excelente combustível para a oferta de veículos comerciais cada vez mais limpos e com desempenho, autonomia e preço próximos aos dos melhores veículos a diesel no mercado hoje. Com isso, é possível manter os custos de frete em um patamar competitivo”, explica Capelli.
Histórico e futuro
A experiência da fabricante de caminhões e ônibus com sede em Sete Lagoas, na região Central de Minas Gerais, com a tecnologia GNV já soma quase três décadas e tem como ponto forte justamente a Europa, onde concentra a expertise na utilização de combustíveis alternativos. Até 2016, a frota de veículos movidos a gás natural por lá chegava a 14 mil.
Em solo brasileiro, os testes com GNV começaram a ser feitos em 2011, quando a empresa uniu-se a outras entidades. O modelo semipesado Tector foi utilizado em uma parceria com uma fabricante de refrigerantes, em Belo Horizonte, por mais de um ano, incluindo os períodos da Copa das Confederações, em 2013, e da Copa do Mundo, em 2014.
Já em maio de 2016, o Tector foi alocado no Complexo Industrial de Sorocaba (SP) da CNH Industrial – grupo de bens de capital por trás da marca Iveco (resultante da fusão da Fiat Industrial com a CNH Global) – para transportar partes, peças e matéria-prima do recebimento para o estoque.
Modelo Tector GNV com caçamba de lixo, usado para testes no Brasil
O veículo substituiu, na fábrica, um caminhão movido a diesel de mesmo peso bruto total (17 toneladas) e tinha autonomia para percorrer cerca de 300 km mensais, de acordo com a montadora.
Questionado sobre um prazo para que a circulação de caminhões movidos a gás natural no Brasil seja uma realidade, Capelli diz que é difícil apontar com precisão por se tratar de uma demanda incipiente e altamente dependente de infraestrutura de distribuição do combustível no país.
“É verdade que essa infraestrutura já existe aqui, mas ainda não é suficientemente ‘densa’ nas rotas de transporte rodoviário a ponto de poder tornar o GNV um combustível alternativo para a maioria dos transportadores, independentemente de porte, localização e rota. De qualquer forma, temos recebido cada vez mais consultas comerciais sobre veículos GNV e estamos em tratativa para realizar testes pontuais em clientes num futuro próximo”, antecipa o gerente de engenharia da Iveco.
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