Mudança na rota
Jovens estão utilizando mais aplicativos de transporte e desistindo da Carteira Nacional de Habilitação. Comportamento impacta o setor de transporte.
A- A A+Se antes o sonho de qualquer jovem era completar 18 anos para tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), atualmente, a vontade de dirigir fica em segundo plano. Um levantamento feito pelo Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP) mostra que houve uma redução de 10,5% no número de pessoas habilitadas na faixa etária de 18 a 30 anos. Como já vem sendo observado em outros países, essa decisão pode afetar o transporte de cargas.
De acordo com o diretor-presidente do Detran-SP, Neto Mascellani, o perfil do motorista tem sido influenciado por fatores culturais e econômicos. “Hoje, temos uma geração que se preocupa mais com a questão ambiental e a facilidade oferecida pelos aplicativos de transporte. Os jovens têm outras perspectivas. Essa discussão sobre mudanças dos modais é mundial”, afirmou.
Um problema gerado por esse movimento é a dificuldade em encontrar novos motoristas para profissões ligadas ao transporte rodoviário de cargas e passageiros. A redução do interesse dos jovens pela CNH já impacta países como Estados Unidos, Reino Unido, Espanha e Romênia, que estudam programas de incentivo para abastecer especialmente o setor de cargas com novos profissionais.
Outros fatores como salário, excesso de regulamentação, longas jornadas e tempo fora de casa também afastam os jovens da área.
Para o diretor da Associação Brasileira de Medicina do Trabalho, José Montal, as mudanças culturais e comportamentais tiraram do automóvel o apelo que o tornou objeto de desejo por várias gerações. “O conceito que o jovem tem hoje do transporte leva mais em conta a questão da mobilidade, muitas vezes privilegiando outros modais mais saudáveis”, disse.
Já para a diretora-executiva da Federação Nacional das Cooperativas de Trabalho dos Médicos e Psicólogos Peritos de Trânsito, Márcia Menezes, ainda existem fatores como preço do veículo e custos de manutenção. “Muitos optam por aplicativos de uso temporário. O carro é visto pelos mais velhos como símbolo de independência, conquista e poder”, afirmou.
CNH Social
Enquanto outros países buscam formas de incentivo, no Brasil o Serviço Social do Transporte e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Sest/Senat) desenvolvem o projeto Primeira Habilitação para o Transporte, também chamado de CNH Social. Ele foi criado para facilitar o acesso de jovens de baixa renda à carteira na categoria B e ampliar a empregabilidade.
A iniciativa é totalmente financiada pelo Sest/Senat, sem custos para os selecionados. Depois de conquistar a habilitação, o jovem pode ser inserido no projeto Habilitação Profissional para o Transporte, que tem como objetivo lançar novos profissionais no mercado por meio da mudança de categoria da CNH para C, D ou E.
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