Na contramão da expectativa
Apesar da queda na circulação de pessoas por conta da pandemia, número de vítimas de acidentes de trânsito aumentou no Hospital João XXIII em 2020
A- A A+O isolamento social imposto pela pandemia da Covid-19 não contribuiu para a redução do número de vítimas de acidentes de trânsito atendidas no Hospital João XXIII, em Belo Horizonte. Na verdade, o que se observou foi justamente o contrário. De acordo com a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) – responsável pelo pronto-socorro –, em 2020, foram realizados 8.402 atendimentos dessa natureza na unidade, enquanto no ano anterior eles somaram 8.345. Embora o avanço tenha sido discreto (menos de 1%), ele se opõe ao cenário esperado para o período.
Segundo a Fhemig, esse aumento se justifica, em parte, pelo fato de os hospitais estarem sobrecarregados com os pacientes contaminados pelo novo coronavírus, fazendo com que mais acidentados tenham sido levados para o João XXIII, que é referência nacional em traumatologia. No entanto, o quadro de saúde deles também era mais grave do que o das vítimas de 2019.
“A gravidade dos pacientes que chegaram ao HJXXIII foi maior, o que pode ser explicado pelo aumento da velocidade dos motoristas em ruas e estradas, gerando, consequentemente, maiores impactos nos acidentes e lesões mais sérias”, avalia o cirurgião-geral e gerente assistencial do pronto-socorro, Rodrigo Muzzi.
Recortes
A tendência de piora parece estar se mantendo. Dados mais recentes mostram que o primeiro trimestre de 2021 já se revelou bastante violento, com 1.567 vítimas de acidentes de trânsito atendidas no hospital. Dessas, 1.021 eram motociclistas, correspondente a 65% do total.
Ao longo do ano passado, esses condutores também foram os pacientes mais frequentes no João XXIII: 5.542, quase 16% a mais do que em 2019, quando foram registrados 4.782 atendimentos à categoria. Do total de 2020, 85% dos acidentados eram homens e 76% tinham entre 20 e 40 anos, conforme levantado pela Fhemig.
Para muita gente, esses dados se associam ao aumento da demanda por entregadores de aplicativos, mas, para Muzzi, o fato de o hospital ter se consolidado como uma referência nesse tipo de serviço durante a pandemia é a justificativa mais coerente. “Todo paciente de trauma com maior gravidade que não poderia ser encaminhado às UPAs [Unidades de Pronto-Atendimento] foi trazido para cá”, afirmou o gerente assistencial.
Por outro lado, o balanço da fundação trouxe uma boa notícia: a redução de 13,5% no número de atropelados atendidos no pronto-socorro da capital, passando de 1.488 para 1.283 de um ano para outro. (Com a Agência Minas)
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